Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]

Capítulo 42

"Eu olho para você e fico sem fôlego
Quando você me olha, meu coração acelera
(Meu coração palpita lentamente)
E num silêncio o seu olhar me diz mil palavras
À noite em que eu te suplico para que o sol não saia"

Bailando (Traduzida) -Enrique Iglesias

[Fernanda]

Os dias correram como um passe de mágica perante meus olhos até que finalmente estivéssemos na data de hoje. A tão aguardada véspera de casamento. Tudo está uma loucura por onde quer que eu vá. São sorrisos, muito choro, gritaria e diversas gargalhas por cada cômodo. Só de lembrar o tempo que já se passou, bate um enorme sentimento de nostalgia bem lá no fundinho do coração.

Fico repassando em minha mente cada lugar pelo qual passei juntamente com Bella e as meninas, cada vestido que experimentamos, cada loja e confeitaria, as fotos que tiramos e que ficarão de recordação na memória e em papel. Ainda me recordo de nossas conversas na varanda da minha casa, com minha mãe e vovó contando suas respectivas experiências de casamento para nós quatro. Tudo pelo que passamos juntas, cada momento, cada nova descoberta e a cumplicidade que nos uniu ainda mais nesses últimos dias. Cada ensaio de dança que participamos...

Ah, os ensaios!

Esses foram os momentos mais raros e importantes, tão especiais que eu tinha vontade de engarrafar e guardar em um potinho de ouro para sempre, levando comigo para onde que que fosse. Todas as minhas pessoas favoritas na vida reunidas juntas em um mesmo local, conversando e divertindo-se como eu nunca havia visto era uma cena maravilhosa de se ver. Eu nunca havia me sentindo tão feliz quanto nos últimos dias.

E independente de quaisquer diferenças que existissem entre mim e Vicente, ou entre qualquer outra pessoa ali presente, isso não impediu, muito menos atrapalhou em nada a atmosfera harmoniosa que se instalou por ali. Na verdade, nós estávamos em uma espécie de tratado de paz. Digo, eu e Vicente. Ele parecia muito diferente ultimamente do homem que conheci em suas atitudes e no modo de falar, tanto para comigo quanto para as outras pessoas a sua volta. Ele parecia mais... suave. Talvez até mesmo mais amável com os outros seres humanos que não fosse ele mesmo. E sendo franca comigo mesma, eu gostava e muito disso.

Entretanto o meu foco era o casamento de Miguel e Arabella. Eu não tinha tempo para outras distrações no momento, muito menos uma distração que envolvesse meu ex namorado e teoricamente meu chefe. Havia muita coisa ainda a se fazer.

Foco, Fernanda. Foco na missão, garota! -era o que eu dizia a mim mesma toda vez que deixava minha mente vagar para longe por mais de vinte minutos e ia parar a quilômetros de distância.

-Fernanda Bertotti Salazar! -o grito estridente de Sofia me fez dar um pulo de susto, interrompendo o fluxo dos meus pensamentos.

Isso me fez perceber que provavelmente eu estava com a maior cara de idiota nos últimos dez ou quinze minutos, divagando sobre algo sem importância e bancando a uma tiazona saudosista super velha.

-Eu estava te procurando, mulher! Onde estava? -ela questiona vindo em minha direção.

Solto um suspiro de tédio mentalmente, enquanto Sofia bate seus saltos contra o piso provocando um barulho altamente desnecessário e chato somente para causar efeito e dramaticidade em seu caminhar.

-Primeira coisa, não me chame assim. Nunca mais, entendeu? -eu digo quando ela para a minha frente.

-Ai me poupe, Fernanda. Até parece que...

-Cala boca, Sofia. Antes que eu afogue essa sua linda cabeleira escura e esses olhinhos de bruxa na privada do banheiro. -eu a corto.

Ela revira os olhos entediada e analisa suas unha pintadas de carmim, fingindo ignorar minha última frase de aviso.

-Já acabou? Porque a gente pode ficar aqui a noite toda discutindo quem vai tricotar o babador de quem, pois esse assunto já está mais velho que a rainha da Inglaterra.

-Também acho. O que você quer?

-Eu acabo de sair da cozinha e percebo que não posso deixar Arabella sem supervisão de um adulto um minuto sequer!

-Por que? O que ela estava fazendo? Cortando os pulsos por ter que te aturar? -eu ri em deboche.

- Rá rá, que engraçado, Fernanda. Super engraçado. Deveria tentar ser humorista, quem sabe? -Sofia cuspiu a última frase com o semblante fechado.

-Desculpa, é que é muito engraçado ver você fora de si. Logo você, a rainha das provocações. -gargalhei.

-Eu estou falando de um assunto bem sério e você fica aí fazendo piadinha. Como eu estava falando antes de ser interrompida. Acabei de dar um flagrante em Arabella agora pouco. Você acreditada que ela estava comendo um sorvete mega gorduroso? Isso horas antes de entrar em seu vestido noiva!

-Mas que absurdo, meu Deus! -fingi estar horrorizada cobrindo a boca com as mãos e arregalei os olhos.

-E é mesmo. -ela concordou acenando freneticamente a cabeça antes de se voltar para mim e perceber que eu estava me segurando para não rir. -Você é uma idiota.

-E você também. Só que um pouquinho mais que eu. -me deixei rir livremente dessa vez. -Deixe a garota em paz por um minuto, pela amor de Deus, Sofia. -eu a aconselhei.

-Que ninguém reclame se amanhã ela não conseguir entrar no vestido. Vai ser bem feito e vou rir muito. Você vai ver. -ela fez um beicinho se sentindo contrariada.

-Isso, isso mesmo. E eu vou te ajudar a rir ainda, está bem? -eu a puxei para um abraço de lado arrastando-a para longe dos olhos da minha pobre cunhada.

Porque convenhamos, né? A mulher já estava uma pilha nervos as vésperas do dia mais importante de sua vida, cercada por um monte de mulheres malucas e falantes que não a deixam um minuto sequer e para piorar, tinha Sofia que fiscalizava cada passo ou coisa que a coitada comia. Arabella merecia pelo menos alguns momentos de paz antes de surtar completamente de vez. Então o melhor a se fazer no momento era tirar Sofia do radar.

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Beijos borrocados de batom 😘😘