Capítulo 43

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[Fernanda]

Eu havia conseguido a proeza de entreter Sofia, Isadora e outras duas mulheres na mesma faixa de idade delas em uma conversa  completamente sem sentido, algo sobre como o Batman venceria o Superman em um confronto e essas coisas que não faço a mínima questão saber ou debater sobre.  Um tanto cautelosa, consegui sair de fininho da rodinha de conversa, decidindo que aquele era um ótimo para escapar de toda aquela gente e tomar um ar do lado de fora da casa. 

Me senti como uma criminosa desses filmes de ação ao me esgueirar pela porta dos fundos e finalmente encontrar o jardim no lado de fora completamente vazio. Era uma área muito verde, havia um belo e extenso gramado a minha frente onde muitas flores em várias tonalidades e formas faziam um espécie de cerca viva ao redor dos muros da propriedade. Um lugar muito bonito que vovó Eliza e sua paixão por natureza iriam adorar.

Caminhei vagarosamente por alguns minutos para espairecer minha cabeça das milhares de coisas que fervilhavam na mesma, enquanto rodeava a lateral da casa de Sofia. Após algum tempo resolvi me sentar na grama próxima a porta de entrada da casa. Embora felizmente estivesse encoberta por alguns arbustos, o que impedia que alguém me visse ali, eu conseguia ter uma boa visão de tudo que se passava desde o portão automático até o caminho de pedra que levava a residência. 

Do lado de dentro eu podia ouvir um grande burburinho e vozes femininas muito alteradas que falavam de um modo como se estivessem brigando com alguém indesejado. E posso dizer que realmente me surpreendi quando a porta da sala se abriu e Vicente simplesmente saiu apressadamente de lá como se fosse um fugitivo. Em seguida com um baque instantâneo, a mesma se fechou há poucos centímetros de seu rosto.

-Bando de malucas. -ele resmungou exasperado ao passar a mão sobre seus cabelos e se dirigir rumo a saída.

-Ei, estranho! -eu chamei fazendo-o olhar em minha direção e um misto de surpresa e curiosidade estamparem seu rosto.

-Fernanda, o que faz aí? -ele perguntou contendo os passos, parando a poucos metros de distância.

-Dando um tempo de toda a agitação lá dentro. Eu tenho é pena da minha pobre cunhada. -eu ri ao apontar para a casa.

-Então nós discordamos em um ponto essa noite. Porque eu não me compadeço da minha prima que acabou de me roubar o celular. Aquela megerazinha ainda por cima me chantageou! -Vicente disse com um falso tom de indignação e se aproximou de onde eu estava para que pudéssemos conversar melhor.

-É mesmo? Essa eu teria pago para ver. -debochei.  -Alguém que tenha conseguido driblar o sargento-todo-poderoso Vicente Salazar, merece o meu respeito. -eu brinquei dando-lhe de brinde um sorriso sarcástico.

Sorriso esse que morreu em meus lábios no mesmo instante, ao perceber a expressão no rosto de Vicente passar de repente de divertida para uma máscara de seriedade em uma fração de segundos.

-Você não vê, não é mesmo? -ele indagou inconformado.

-Não vejo o que, Vicente? -questionei confusa.

-Você que se diz tão esperta e inteligente, ainda não percebeu que eu te amo? Não vê que driblou meu coração há muito tempo atrás? Que foi a única que conseguiu ultrapassar as barreiras que haviam a minha volta e que ninguém nunca tinha sequer conseguido contorna-las? Eu te amo e acho que você também tem sentimentos por mim, Fernanda.

Seu olhar se tornou tão intenso sobre mim que por um momento senti como se minha pele estivesse em chamas, da cabeça a sola dos pés, as células do meu corpo formigando de prazer e contentamento ao ouvir tais palavras. Meu coração batia de maneira enfurecida, ritmicamente tal qual uma escola de samba tocando uma marchinha de carnaval em pleno vapor. Tudo isso acontecendo silenciosamente dentro do meu peito, mas por fora eu era a pintura da paz e calmaria perfeita.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora