Capítulo 57

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"Se você quiser amor, você vai ter que passar pela dor
Se você quiser amor, você vai ter que aprender a mudar
Se você quiser confiança, você vai ter que dar um jeito
Se quiser amor, se quiser amor"

 If You Want Love (Traduzida) -NF


[1 mês e meio depois]

[Fernanda]

-Está na hora, querida. -vovó Elizabeth me despertou no horário de sempre como de costume.

Suas pequenas mãos delicadas e marcadas pelo tempo, passearam por entre os fios ralos e quebradiços do meu cabelo quando me virei para o lado oposto ignorando-a.

Toda santa manhã era a mesma coisa, a mesma luta. Agora minha vida era assim.

-Você precisa se levantar, meu amor. Senão irá se atrasar para sua sessão de fisioterapia da manhã.

-Eu não quero ir.

-Bom, há um grande abismo entre querer e poder, minha filha.

-Ah é, obrigada por me lembrar das minhas limitações ou incapacidade de fazer algo que preste, logo no começo do dia. Me encanta acordar ouvindo algo do gênero. -rebati de maneira rude.

Eu sabia que estava sendo dura com vovó, também sabia que não era justo trata-la dessa forma, logo ela que era uma mulher tão boa e doce com as pessoas a sua volta. Mas, era involuntário que eu não acabasse descontando minha raiva e frustração em cima de alguém e infelizmente, quem sempre estava por perto é que acabava levando a pior. 

Me arrependi imediatamente de ter falado daquela maneira com ela, porém antes que eu pudesse expressar meu arrependimento, vovó Eliza se adiantou primeiro.

-Minha filha querida, você é minha neta e eu a amo muito. Sei que está passando por um período difícil, mas isso não lhe dá o direito de agir grosseiramente comigo ou com quem quer seja. Não irei admitir que se dirija a mim dessa maneira novamente.

Dizendo isso, vovó caminhou em direção a porta do quarto para ir embora, entretanto parou com a mão sobre a maçaneta e me olhou de um jeito que eu preferiria que não o tivesse feito. A mágoa estampada em seus olhos cristalinos me fez querer esconder debaixo dos lençóis e nunca mais sair de lá. As palavras pareciam estar grudadas em minha garganta, todavia não conseguiam sair. Eu só queria dizer me desculpe, me perdoe, por favor. Eu te amo e não quero machuca-la, mas ao que parece no final das contas, é só isso que sei fazer, ferir pessoas. 

Cansada de prolongar o inevitável, me levantei da cama e segui para o banheiro com o intuito de tomar banho antes de ir para o hospital. Abri o chuveiro na potência máxima, quase fervente, e deixei a água levar embora ralo abaixo parte da tensão que emanava do meu corpo.

Contudo, quando fui despejar o sabonete líquido sobre a esponja, meu braço em um acesso de espasmo involuntário, lançou o líquido por todo o vidro blindex do box, desperdiçando assim, boa parte do conteúdo. Minha mão tremulou um instante antes que eu perdesse o equilíbrio do objeto e acabasse deixando-o cair no chão. Frustrada e com raiva, deslizei as costas pela parede até me sentar no piso molhado e deixei que as lágrimas rolassem por meu rosto enquanto a água do chuveiro caía sobre minha cabeça como um dilúvio, semelhante ao meu estado emocional naquele momento.

Não era a primeira vez que isso acontecia... E talvez não fosse a última também.

***

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now