"Mas, ainda assim você continua vivo,
o que significa que você vai sobreviver
Embora hoje em dia você pode chorar
porque você está enfraquecido
E tudo parece tão sombrio e sem esperança
A luz que você está procurando
Ela começa a se infiltrar, essa é a única coisa impedindo."Beautiful Pain (traduzida)- Sia feat. Eminem
[Fernanda]
-Doença, doença vá embora. Coração, coração se regenere agora. Doença, doença vá embora. Coração, coração se regenere agora. Doença, doença vá embora. Coração, coração... -eu murmurava como um mantra as palavras que deveriam servir como consolo ao meu coração enquanto derramava algumas lágrimas sobre o rosto tranquilo, porém frágil de vovó.
Ela havia me ensinado assim como também a meus irmãos, a repetir essas frases quando erámos pequenos e um de nós ficava doente só que na versão "Doença, doença vá embora. Fernanda, Fernanda fique boa agora" com o nome de cada neto. Isso servia tanto para levantar o astral do doente quanto para animar os irmãos entristecidos.
Observei seu peito subir e descer em um ritmo lento e os bips das máquinas ao seu redor embalar o sono profundo em que se encontrava. Vovó tinha que sair dessa. Ela tinha que melhorar e ficar boa logo para poder voltar para casa.
Mas ao mesmo tempo em que meu coração desejava intensamente que tudo ficasse bem, a realidade era outra. Ainda conseguia me lembrar das exatas palavras que Cristina, a médica do caso e de vovó, disse ao sair do centro cirúrgico.
-As artérias coronárias de Elizabeth estavam obstruídas e foi necessário fazer uma cirurgia de revascularização do miocárdio. Você sabe como esse tipo de cirurgia é realizado, eu utilizei enxertos de veia safena para melhorar o fluxo sanguíneo na área afetada. A ponte de safena foi feita com o objetivo de evitar um futuro infarto e melhorar a qualidade de vida da sua avó, Fernanda. -eu engoli em seco quando Cristina fez uma pausa na explicação.
-Contudo, é meu dever ressaltar algo do qual você já tem conhecimento. Eliza está em uma idade avançada e seu histórico de saúde mostra que ela já teve mais infartos do que deveria. Você tem ciência de que isso não é bom, é preocupante. Essa cirurgia pode amenizar as chances de que um novo infarto venha acontecer novamente, porém não há garantias concretas quanto a isso. Se ela passar por outro caso como esse que sobrecarregue seu coração... -ela titubeou antes de prosseguir com o veredito que eu sabia que viria a seguir.
-Elizabeth pode não resistir. A saúde dela está muito frágil no momento. Assim que tiver uma melhora significativa ela poderá ir para casa com uma série de recomendações médicas e cuidados necessários que deverá tomar.
-Eu espero que essas sejam lágrimas de alegria no seu rosto, Nandinha. -sua voz rouca e sorridente me despertou do transe.
Forcei um sorriso no rosto voltando meus olhos para vovó Eliza e a fitei sentindo meu coração se apertar sob o peito.
-É claro que é, vó. -eu respondi enxugando os vestígios de lágrimas do canto dos olhos com o indicador e o polegar.
-Nah... Você é uma péssima mentirosa, querida. -ela disse rindo.
-Boa tarde, garotas. -Cristina irrompeu pela porta do quarto hospitalar nos saudando com sorriso polido que costumava usar com os pacientes de maior risco e eu não gostei nada daquilo.
-Vim fazer mais alguns exames na senhora e se tudo estiver dentro do indicado, ganhará alta ainda hoje, dona Elizabeth.
-Ah por favor, só Eliza. -vovó resmungou brincalhona. -Deus te ouça, menina. Quero sair daqui o quanto antes. -ela deu um tapinha em meu ombro.
*
-Eu já disse que não quero ficar aqui. -vovó ralhou mal humorada cruzando os braços sobre o peito.
-Para de drama, dona Eliza. -eu disse fitando-a com um olhar sério que não a convenceu nenhum pouco.
-Eliza, minha querida. Não é como se você tivesse muita opção. -meu pai disse e se aproximou da cama segurando o riso. -Vá se acostumando sogrinha, porque você não vai sair daqui tão cedo.
-Pois eu vou... Eu vou pular a janela! -ela ameaçou.
-A janela dá para o quintal, vó, não tem nem um metro de altura. -eu ri sentindo meu humor melhorar significativamente.
-Tô nem aí. Não podem me arrastar para cá contra minha vontade e me tratarem como uma inválida. -ela protestou. -Isso é sequestro! -disse bufando ao ser contrariada.
-Durma, mamãe. Vamos deixa-la descansar agora. -minha mãe disse passando seus braços ao redor dos meus ombros me envolvendo em um abraço tipo meia lua.
Saímos do quarto de hóspedes sob os protestos de vovó e fechamos a porta para lhe dar mais privacidade e sossego. Depois de receber alta do hospital trouxemos vovó para nossa casa para que assim pudéssemos tomar todos os devidos cuidados necessários e ao mesmo tempo ficar de olho nela.
Vovó estava com a saúde muito debilitada e era fato de que a qualquer mudança em seu quadro clínico poderia... Poderia ser fatal. Sendo bem lógica e franca comigo mesma e com meus pais, com quem eu abri o jogo e expus a realidade assim que retornei do hospital, vovó poderia partir a qualquer momento. Ela poderia nos deixar em um piscar de olhos, uma simples mudança, uma fração de segundos e nada mais poderia ser feito a favor do órgão já sofrido pelo tempo.
Era difícil de acreditar e conceber a ideia de que aquele enorme e velho coração que abrigava uma alma ainda rejuvenescida e alegre, cheia de amor e compaixão poderia parar de bater a qualquer segundo. Mas era a verdade e todos nós tínhamos que nos adaptar e preparar para... Nos despedirmos.
Então com um pesar muito grande e uma sensação de que algo estava me sufocando, como se dedos invisíveis apertassem minha garganta, eu disse as palavras que tanto temia dizer:
-Temos que chamar Miguel e Kaile, essa pode ser última chance deles vê-la com vida.
Meus pais concordaram com um aceno de cabeça e o semblante entristecido.
Eles sabiam que estava na hora.
✿✿✿
Hi, people! Saudações terráqueos, tudo bem por aí? Então tá bem. Não esqueça de deixar sua estrelinha e seu comentário, tá bem? Então é isso. Que a força esteja com você ;)
Beijos borrocados de batom 😘😘
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Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]
ChickLit[livro 2] Série Os Bertottis, o primeiro chama-se Concorrentes. Fernanda é uma jovem bonita, alegre e uma brilhante médica. Ela adora o seu trabalho no hospital, porém odeia Vicente, seu chefe, que insiste em pegar no seu pé desde que começou a trab...