Capítulo 54

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"Então me deixe redefinir você
E você pode ver a maré se mover
Assim como fazem as lágrimas nos olhos
E quando você estiver se sentindo só
Oh, baby, eu estarei bem aqui
Entre o oceano e o silêncio
Então respire com tranquilidade, minha querida Você pode achar o brilho do sol na chuva"

A Different Way (Traduzida) -Lauv


[Vicente]

Quando finalmente o som enlouquecido dos aparelhos cessaram e a equipe médica que havia prestado os primeiros socorros e medicado Fernanda após a parada cardíaca que tivera, havia se retirado do quarto da UTI, é que pude respirar com mais tranquilidade.

-Que susto você me deu hein, Bertotti? -comentei distraído enquanto passava o polegar por sua bela maçã do rosto em um gesto de carinho e profunda admiração.

Fernanda era tão linda e perfeita que chegava a doer até os ossos.

-Não sei o que faria se algo te acontecesse, mas acho que não seria nada bom. Então, tente não fazer isso novamente, ok? Já não sou mais tão jovenzinho e não sei se esse velho e calejado coração aguenta outro susto como esse. -eu brinquei.

Por um momento segurei as lágrimas que insistiam em encher-me os olhos e suspirei sentindo a exaustão pesar sobre meu corpo. Não que eu estivesse reclamando, longe disso. Mas as noites mal dormidas e os lanches meia boca que  fiz durante todo o tempo que tenho acompanhado Fernanda desde que saíra do centro cirúrgico, agora cobravam o seu preço. Eu estava quebrado, tanto fisicamente quanto psicologicamente falando.

-Vou deixa-la descansar em paz um pouco, mas em breve estarei de volta, me escutou? -dando um beijo em sua testa me levantei e segui rumo a saída.

-Vicente. Como você está?

Fui surpreendido com a pergunta assim que ultrapassei as portas duplas que delimitavam o ambiente da UTI.

-Eu? Como assim? Eu estou... bem. -respondi me sentindo deslocado.

-Eu quero saber como está se sentindo em relação a tudo isso, a essa situação.

-Bem... Eu, eu estou lidando de modo profissional, é claro. -disse-lhe tentando transpassar uma firmeza  que não me era real, porém o leve tremor em minha voz quase me delatou.

-Vicente, sei que não somos melhores amigos do mundo ou muito chegados um ao outro. Entretanto, quero que saiba que estou aqui para você e que sempre pode contar comigo.

Ela deu um passo a frente e mais uma​ vez me surpreendeu com outra atitude muita estranha entre nós, devido o tipo de relação que vínhamos tendo até hoje. Ela me abraçou. Um abraço de verdade, apertado, com seus braços finos e delicados ao redor do meu tronco e o topo de sua cabeça descansando em meu ombro direito. Então, finalmente eu me deixei desarmar por um instante e abandonando minhas armaduras e máscara de confiança, a envolvi entre meus braços e permiti que algumas lágrimas silenciosas escapassem.

-E-eu amo você. -sussurrei baixinho em seu ouvido, temendo quebrar o momento. 

-Eu sei. -ela afirmou convicta. -Eu também te amo.

-Me perdoe por nunca ter dito isso antes. -pedi angustiado. -E-eu juro q...

-Ei, está tudo bem, ok? -ela se afastou alguns centímetros para me mirar nos olhamos. -Nós nos amamos e isso basta. Não importa os erros do passado, o que importa é o agora, é estarmos aqui para apoiar um ao outro. Afinal de contas, é para isso que servem os irmãos, não é mesmo? -disse com seu característico sorriso de lado.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora