Capítulo 36

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"Chega pra cá
Me dá um beijo, vê se assim me cala
Deixa pra lá
E dá um jeito de ficar no clima
Chega pra cá
Me dá um beijo, bora ver no que dá"

Chega pra cá -Tiago Iorc


[Vicente]

Há certos momentos na vida de uma pessoa, em que ela simplesmente deseja com todo o coração, não existir. E esse, esse é especificamente o meu momento.

Não sei se é por estar aqui nesse restaurante a beira mar que eu não vinha a muito tempo, usando uma roupa desconfortável para a ocasião, ou por estar no olho do furacão que se tornou a junção das famílias Salazar, Bertotti e amigos que a toda hora chegavam​ aos montes.

Vovó Eleanor e meu tio de consideração, Anthoni, haviam chegado acompanhados da mais nova integrante da família, há poucas horas do aeroporto, e vieram diretamente para cá, para a recepção-surpresa que minha mãe tinha armado. O restaurante fora fechado especificamente para a ocasião, contando com uma decoração bonita e a grande equipe de garçons para servir o batalhão de pessoas presentes.

Eu me sentia um tanto deslocado ao rever alguns parentes com quem não ​falava há séculos. Era uma situação estranha e chata ter que jogar conversa fora quando não se tem nada em comum com os mesmos.

Todavia, o pior era ter que encarar e compartilhar o mesmo espaço que aquele advogadozinho engomado que abraçava Fernanda pelos ombros, enquanto conversava com os pais dela.

Reviro os olhos para a cena.
Nunca gostei desse cara, para mim ele era só um espertinho metido a galanteador barato. E eu nem poderia brigar com Maurício, além de não ser uma atitude do meu feitio, o garoto ainda era sócio de Itan no escritório que montaram juntos depois da faculdade de direito.

Bela merda.

Mas os problemas não paravam por aí. Após gastar algum tempo com pessoas e suas amenidades, me dirigi em direção a homenageada do dia para me apresentar. Só que as coisas não saíram como eu planejava. Eu a conheci, mas ainda estou tentando descobrir o que deu errado durante os poucos minutos em que fomos apresentados um ao outro por vó Eleanor.

...

Seu nome é Arabella.

A garota mal me conhece e por algum motivo oculto parece me odiar. Assim, gratuitamente, sem causa aparente. Ela deve ser louca, isso sim. Deus sabe que eu nunca fiz nada para ela, mas a magrela continuava a fuzilar com seus pequenos olhos azuis estreitos em minha direção.

Como eu já havia mencionado anteriormente: Louca.

-Hum... -Arabella pigarreou forçadamente e bateu com um garfo na taça que matinha em mãos para chamar a atenção de todos.

-Primeiramente, quero agradecer de coração a todos e principalmente a Helena por essa recepção maravilhosa, e por me tratar tão bem, me recebendo na família de braços abertos. De verdade, muito obrigada. -ela iniciou seu discurso.

-Ah, por favor! Me chame de tia Lena. -minha mãe a interrompeu sorridente.

-Tudo bem, tia Lena. -ela respondeu e todos a nossa volta riram. -Eu gostaria de dizer algumas palavras antes de fazer um pronunciamento muito importante.

Arabella respirou fundo antes de prosseguir.

-Bom, me sinto um pouco nervosa com toda essa gente nova e desconhecida me encarando, mas como estou em família, então estou feliz. Não existem palavras suficientes no mundo que possa definir o o sentimento que preenche o meu peito neste momento. É uma mistura de paz, segurança e amor. Acho que a definição correta para o termo é felicidade, mas para mim ainda seria muito pouco para expressar esse sentimento enorme. Não pretendo me estender por muito tempo, só... só quero dizer que agora me sinto realmente completa, inteira e amada, como todo ser humano deveria ser. Eu amo amar vocês. -ela disse antes de se virar de costas para secar as lágrimas que vertiam de seu rosto.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Where stories live. Discover now