Capítulo 39

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[Fernanda]

Ignorando as centenas de pensamentos e opiniões que fervilhavam dentro de mim, resolvi me focar no propósito inicial para o qual eu tinha vindo até aqui.

-Niquizinho do meu coração, você sabe que eu te amo, não é? -fiz cara de cachorrinho e piscando meus olhos, bati os cílios teatralmente.

-Seja lá o que for, nem vem. -ele ergueu as mãos exasperado.

-Ah, não seja um desmancha prazeres, Nic. Você ainda nem sabe o que vou falar. -rebati colocando as mãos na cintura de modo desafiador.

-Mas sei que irá me pedir alguma coisa. -ele afirmou convicto.

Fiz um beicinho para parecer chateada com a insinuação, mas não obtive nenhum sucesso. Ele parecia irredutível em sua posição.

-Tá bom. Eu vou fazer um pedido mesmo. Mas está mais para um favor, do que uma coisa em específico, bem o contrário do que você havia afirmado anteriormente. -eu disse querendo ter a razão.

-Que grande diferença, não é mesmo? -ele disse sarcástico. -Deveria ser professora ao invés de médica, Fernanda. Porque você tem o dom de lidar com as palavras.

-Obrigada, obrigada. -fiz uma mesura ao rir.

-Vamos, diga logo de uma vez, pois alguém aqui tem que trabalhar. Sem ofensa, meninas. -ele piscou para elas.

Hum... parece que meu primo está mais soltinho ultimamente, não é mesmo? Então acho que posso tirar proveito disso.

-Eu preciso de Sofia. -fui direto ao ponto. -Arabella necessita de ajuda para os ajustes finais do casamento e eu estou meio que liderando a organização de tudo sozinha. Então, estou usando a minha preciosa folguinha para reunir reforços nessa tarefa. Eu vim buscar Sofia antes de passar em casa e apanhar Isadora também. Vamos pegar Arabella e Miguel dentro de algumas horas no aeroporto.

-Fernanda, minha querida e amada priminha, você não pode simplesmente vir aqui e achar que pode roubar minha funcionária assim na cara dura. -ele cruzou os braços sobre o peito.

-Nem pelo casamento do seu grande amigo e primo Miguel? -eu forcei a barra.

-Ah, ok! Você venceu dessa vez, mas não se acostume. -ele cedeu por fim, um pouco mal humorado. -Letícia, vai te atrapalhar em algo a saída de Sofia? -ele perguntou.

-Não, de jeito nenhum. Eu dou conta do recado. -ela piscou para mim.

-Então sumam logo daqui vocês duas, antes que eu me arrependa.

-Obrigada, priminho. -eu agradeci dando um forte beijo em seu rosto, manchando sua bochecha com meu batom coral.

Na verdade o batom era de Isadora, mas eu o havia pego de sua bolsa e esquecido de devolve-lo desde a semana passada.

-Vem, Sofia. Agora! -eu a chamei seguindo o caminho para a saída.

Eu a esperei do lado de fora, e através das portas de vidro, a vi se despedir de Letícia e se aproximar de Nic dizendo alguma coisa em voz baixa, antes de se virar e caminhar em minha direção.

***

-Acorda, cambada! -eu gritei ao pé da escada, enquanto Sofia jogava sua bolsa no sofá da sala.

Como eu sabia que meus pais haviam saído e estariam até mais tarde na rua, e como vovó já não morava mais conosco desde sua recuperação, eu tinha plena liberdade para gritar o quanto quisesse. Assim que concluí o pensamento, Isadora apareceu no alto da escada trajando shorts​ jeans, uma bata de estampa de rosquinhas rosas, um coque frouxo no alto da cabeça e descalça.

Subordinados -Os Bertottis #2 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora