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No outro dia, eu cheguei na escola atrasada e só assisti aula no segundo horário.

Entrei na sala e a mochila da Lore estava guardado o meu lugar.

Nanda: Achei até que não viria hoje.

Jade: Perdi o horário.

Lore: Tô vendo... Temos um seminário para apresentar na próxima semana.
Nanda: E o trabalho de Biologia também.
Jade: Temos que fazer também os negócios da feira literária.
Lore: Muito trabalho pra pouco eu. – se jogou pra trás apoiando as costas no encosto da cadeira.
Jade: E como vamos fazer? Qualquer lugar, menos lá em casa.
Nanda: Se suportarem as nojentas das minhas primas...

Lore: Vamos fazer lá em casa então. Marcelo nem fica em casa durante o dia.

Jade: Fazer o que né... – Lore riu.
Nanda: Eu acho ótimo.

Jade: Ó o fogo no cuzis dela.

Lore: Nem é interesseira.

Ficamos de fofoca até o professor do segundo tempo entrar.

...

Cheguei em casa, joguei a mochila no sofá e fui pra cozinha. Como sempre, o cheiro da comida de Matilda tomava todo o ambiente.

Jade: Hummm... – dobrei a blusa da escola deixando minha barirga de fora. Abri a geladeira e peguei a garrafa de água.
Matilda: Dona Soraia já viu esse piercing, menina? – neguei rindo. – Você também não facilita... Esconde isso.
Soraia: Esconder o que? – perguntou entrando na cozinha.

Jade: Meu piercing, que nem é tão novo assim. – disse debochada. Eu sabia que ela ia falar, mas olha, tô pouco me fodendo.

Soraia: Você vai tirar isso mas é agora!

Jade: Coi-ta-da, acha que manda em mim... – dei um gole na minha água. Ela veio pra cima de mim e eu instintivamente joguei a água do copo nela. Arregalei os olhos surpresa com minha reação, e quando eu olhei pra cara dela molhada a vontade de rir me invadiu.

Soraia: Sua nigrinha! Parece uma desleixada que nem a sua mãe! – nesse momento meu semblante fechou. Eu odiava que falassem da minha mãe. – Deve ser por isso que ela te abandonou, sabia do monstrinho que ia se tornar.

Jade: Olha só, não fala da minha mãe não, sua piranha anciã! – apontei o dedo na cara dela. Ela me olhou debochada feliz com minha reação.
George: O que tá acontecendo aqui?

Jade: Essa imunda que você decidiu se casar está me afrontando. Papai, eu vou dar na cara dela, hien!
Soraia: Olha só como essa menina está falando, Gege. Isso é culpa das amizades que ela está andando!
Jade: "Olhan isson, Gegen" – fiz careta remedando ela. – Ah, minha filha, francamente!
George: Parem! Soraia, já falei pra não tocar no nome da Jaqueline.

Soraia: Não sei porque você defende essa qualquer.

Jade: Qualquer aqui é você, sua escrota! – papai agarrou no braço dela e arrastou ela pra fora da cozinha. Respirei fundo e fechei os olhos.

Papai havia me dito que mamãe tinha ido embora depois que eu nasci, mas nunca me disse o porquê. Já Soraia sempre disse que ela me rejeitou. Enfim, não gostava de pensar nisso. Eu me sentia mal em saber que minha mãe não me quis.

Matilda: Não liga pra dona Soraia, ela morre de ciúmes da sua mãe.

Jade: Você conheceu a minha mãe? – ela assentiu. – E como ela era? Ela realmente não gostava de mim?
Matilda: Não sei, menina. Sua mãe era uma mulher que presava a liberdade, mas nem por isso ela te rejeitou na gravidez. Depois dos seus 3 meses ela sumiu e deixou apenas uma carta pro seu pai, e ele queimou a carta de raiva. – funguei. Matilda veio em minha direção e me abraçou. – Não fica assim não, você é uma pessoa maravilhosa. – disse enquanto passava a mão nas minhas costas. Assenti e me recompus.

Subi pra tomar um banho e trocar de roupa pra almoçar.

...

Passei a tarde atualizando a minha série.

De noite eu fiz alguns exercícios da escola e depois fiquei conversando com as meninas pelo whatsapp.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now