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No outro dia, cedinho fui deixar Nathan na casa da Jade. 

Ela veio atender com a cara toda amassada de sono, até ri. 

Malvadão: Vim muito cedo?

Jade: Não... É que a Lore traz ele mais tarde... Mas tá tudo bem. 

Malvadão: Pô, não tem nada pra comer aí não? Maior fome – falei entrando. Ela me olhou no deboche e revirou os olhos. 

Jade: Não sei se você se mancou, mas eu acabei de acordar... 

Malvadão: Tem problema não, eu espero você fazer. - me joguei no sofá. 

Eu tava era com saudade de irritar minha mulher, isso sim... 

Ela bufou e foi pra cozinha. Fui atrás.

Ela colocou sucrilhos com leite p Nathan e deu um cachinho de uva pra ele. 

Colocou café no fogo e foi pegando umas coisas na geladeira. 

Ela pegou uma torrada e foi comendo enquanto vigiava o café. 

Malvadão: Aí... - coloquei um bolinho de dinheiro na mesa. 

Jade: Pra quê isso? - ergueu a sobrancelha. 

Malvadão: Pra te ajudar, pô... Tô ligado que você tá parada e tal...

Jade: Marcelo, eu não quero ajuda tua não, muito obrigada. - me cortou. 

Malvadão: Larga de ser orgulhosa, pô, tu não tá olhando meu moleque? Então... - ela empinou o nariz e voltou a mexer no café. 

Ô mulher difícil...

...

Sai da casa da Jade e parti pra boca. Tava encucadão com umas paradas e quando encuco não tem jeito... Não dá erro. 

Malvadão: Qual foi, Tikão. E a grana com os cana lá, tudo certo? 

Tikão: Tá sim, patrão. 

Malvadão: Hum... - cocei a barba que já tava na hora de fazer. 

Tikão: Qual foi da neurose? 

Malvadão: Tá tudo parado demais... Tô até estranhando. 

Mariella: Bom dia, rapaziada! - entrou já montada no fuzil. 

Tikão: Qual foi... - fizeram toque. 

Mariella: Onde eu vou ficar hoje? 

Malvadão: Quero tu na ronda comigo hoje. 

Mariella: Jaé.

...


Alguns dias depois... 

Jade


Marcelo parece que não se toca, ele não sai aqui de casa mais, fala que é por causa do filho dele, mas sei bem qual é a dele... Aiaiai, acha que me passa... Mas eu também não posso negar que às vezes eu até gosto, mas eu n vou amolecer pra ele, não mesmo!

Nathan quase que mora aqui, tem dias que ele não quer nem ir embora. Tadinho, ele é muito carente e minha atenção é total pra ele, não tenho nada pra fazer, então babo ele o dia todo. Faço cada doideira pra ele... Só inventa esse menino. 

Mas na semana passada eu tive uma conversa com o Malvadão, sem condições desse menino ficar sem estudar... Matriculei ele numa escolinha aqui perto mesmo, conversei com a diretora e ela disse que veria uma prova de nivelamento pra ele não ficar muito atrasado. 

Peguei dinheiro com Marcelo pra comprar as coisinhas dele... nesse dia foi uma farra pra ele, fomos no shopping pra comprar o material dele, ele aproveitou pra ir nos brinquedos, comer um monte de porcaria e ainda assistimos Aquaman.

Graças a Deus ele tá se adaptando muito bem a escola, só elogios da diretora, disse que ele tá indo muito bem... Ele me disse que já fez amiguinhos, que tá gostando muito. Ainda bem, fiquei com medo dele não se adptar...

Cheguei em casa, tinha acabado de deixar o Nathan na escola. Ele estuda de 7h30min as 16h.

Dei uma ajeitada na casa, tomei um banho e fui pra casa da Nanda. Ver meu gorducho. 

...

Ao chegar lá, encontrei com a Ericka. 

Jade: Tá treinando, amiga? - falei vendo ela segurar o Caio no colo. 

Ericka: Ai, eu tô. Mas tô com um medo de não levar o jeito. 

Nanda: Que nada, menina... Eu achei também que não ia, mas sei lá... Depois de um tempo é até no automático. 

A Preta chegou depois e acabou que fizemos almoço e ficamos lá a tarde toda, sai de lá na hora de buscar o Nathan.

De noite, quando a Lore chegou do trabalho, ficamos de tomar uma e fazer uns tira gosto... 

Conversa vai, conversa vem... Nem vi a hora passa... Nathan dormiu no meu colo. E eu já tava até bocejando. 

Lore: Tá dormindo sentada, cunha? - não perde a mania de me chamar de cunha...

Jade: Ai mana, tô velha já - ri. - Vou guiar pra casa já. 

Malvadão: Te dou um bonde, que eu também vou picar mula. - assenti. 

Marcelo pegou Nathan no colo e eu me despedi do pessoal. 

Entrei no carro e ele me deu o Nathan de volta. Deu a volta e entrou também. 

Jade: Quer deixar ele lá em casa já? As coisas dele já estão lá também...

Marcelo: Que isso, vai adotar meu filho? 

Jade: Af, eu gosto dele. 

Marcelo: Vai ter que adotar o pai também... - revirei os olhos. 

Jade: Me poupe, Marcelo, uma hora dessa. 

Ele parou na frente da minha casa e me ajudou com o Nathan, pedi pra colocar ele na minha cama. 

Tirei o chinelo dele, ajeitei ele e cobri. Marcelo ficou me olhando, nem entendi... Eu hein. 

Descemos e guiei pra porta. 

Malvadão: Me expulsando? 

Jade: Ihhh, Marcelo, não se faz... Amanhã eu acordo cedo pra levar seu filho pra escola. - já tava sem paciência pra ele. 

Ele veio com aquela cara de sonso dele e parou na minha frente. 

Malvadão: Pô, valeu pelo o que tá fazendo pelo meu moleque. 

Jade: Que nada, eu faço porque eu simpatizei muito com ele. - ele assentiu. 

Do nada ele me puxa pra um abraço, chega fiquei nervosa, babaca. Mas tava era com saudade desse abraço. Desgraçado! 

Malvadão: Eu tô com tanta saudade de você que eu nem consigo te explicar. 

Jade: Marcelo... Por favor... Não complica as coisas. - já tava até com a voz manhosa. Ele assentiu, beijou o topo da minha cabeça e me soltou. Meio que fiquei decepcionada, não queria que ele soltasse. 

Ele se foi... Ô desgraça de homem! 

Tranquei a casa e fui tomar um banho pra ir dormir.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now