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Malvadão

Pra chegar aonde eu tô, não foi fácil. O diabo amassou o pão e eu tive que fazer amizade com a fome.

Deferente de muitos, eu não recebi isso aqui do meu pai, eu tive que batalhar. Minha mãe era uma viciada e morreu cedo. Tive que me virar com Lorena. Moleque novo, sem estudo, desesperado, vai parar aonde? No tráfico. Conquistei isso tudo na disciplina, mas sempre com o pé atrás. Nessa vida geral quer te passar pra trás. Mas não posso negar que não fiz amigos de verdade. Tenho meus crias e meus parças que fecham 10/10 comigo.

Meu leque de mulheres é bem grande, tenho todas a hora que eu quero. Mas assumir? Se assumi 2, foram muitas. E uma eu matei. Vacilou, rodou. Filha da puta me cagoetou pros pompeu.

A outra é a Naleska. Tipo, eu não sou casado com ela, mas ela é tipo a fixa. Mas to ligado que por mais que ela seja mercenária, ela gosta de mim. Mas sem dar mole pra mulher, senão vira bagunça.

Só que a Jade, sei lá, ela é diferente... E eu queria ela, por meu arsenal de amantes. Mas ela eu queria só pra mim. Ela seria o meu parquinho, onde só eu iria brincar.

Quando eu vi ela com o Filé, eu fiquei puto. Botei logo pra casa, queria arrebentar ela na porrada, mas no fundo eu não consegui, seus olhos me hipnotizavam de uma forma... Mó parada!

No outro dia eu acordei primeiro que ela. Sentei na cama e encarei ela, passei a mão no rosto bufando. Acho que exagerei ontem com a mina...

Levantei, fui pro banheiro, tomei um banho. Voltei pro quarto enrolado na toalha, vesti uma cueca e uma bermuda. Passei desodorante e perfume.  Desci com a tolha no ombro. Mal cheguei na sala e a Lorena já veio pra cima.

Lore: O que tu fez com ela? – perguntou nervosa.
Malvadão: Ih, surta não, maluca! – empurrei ela e fui até a área entender a toalha. Voltei pra cozinha, tomei um copão de água.

Lore: Marcelo, por favor, eu quase não faço amigas fora desse morro. A Jade e a Nanda foram as únicas até hoje! Não faça com que a Jade se afaste de mim!
Malvadão: Eu não fiz nada, caralho. Que saco!
Lore: Então qual é a sua com ela? – soltei um risinho sínico. – Marcelo, por favor...
Malvadão: Tá, tá... Para de encher o saco.
Jade: Bom dia. – disse toda sem graça. Ela estava com uma blusa minha, um coque no cabelo.
Lore: Bom dia, meu amor. Tá com fome? – ela assentiu.

Fiquei encarando a Jade pra vê se ela me olhava, mas ela não olhou na minha casa. Fiquei puto com aquilo. Sai de casa batendo porta.

Fui até a boca da 19, e só tava o Dudu e o Tikão lá.

Tikão: Qual foi, irmão. – fizemos toque.

Dudu: Veio me render?

Malvadão: Tá fodido, chama outro pra segurar essa pica.

Kikito: Coé, doidão. E a mina lá? – perguntou entrando na boca.
Malvadão: Pior que mulher, hein filho da puta.

Kikito: Ihh, conta logo, xiliquento. – os moleques riram. Mandei dedo pra ele. Ele puxou a cadeira e sentou.

Malvadão: Não tem nem o que falar, pô. O brinquedo é meu e é isso, quero vagabundo de graça não.

Dudu: Quando a Naleska descobrir...
Malvadão: Mermão, se eu tivesse medo de mulher, eu não colocava o pau na boca de uma.
Tikão: Eu quero ver sangue e aposto na nanica. – se referiu a Jade. Ri.
Malvadão: Me dá essa porra aqui. – peguei o baseado da mão do Dudu e botei um balão pra subir.

Acabei ficando a tarde toda lá com os caras.

Coração sem vergonha.Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz