#55

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Jade

Alguns dias depois...

Esse pessoal acha que é assim, decidiu seguir em frente, pronto, acabou sofrimento. Mas não gente, tem todo um processo. Quando tu gosta da pessoa, requer tempo para superá-la.

Eu tava tentando do meu jeito, pô. Mas ainda não tava no clima de festejar, sabe? Queria ficar na minha. E também eu sabia que se eu saísse, eu iria trombar com o Marcelo por ai, coisa que eu não queria...

Ericka e Lorena estavam enchendo o meu saco nesse momento para eu ir no Vou Pro Sereno lá na quadra da principal. Eu amo, gente, mas não dá pra mim nesse momento.

Ericka: Ihh, tá velha, quer fazer nada. Parece que a vida era pro macho, agora que acabou não quer mais viver?

Lore: Tu pode parando de graça, cara, agora que é teu momento de viver, pô, e fica nessa.

Jade: Gente, tem como vocês respeitarem o meu momento?

Lore: Cara, vai fazer um mês, Jade. Um mês que tu tá na merda, sai dessa. A gente entende que você tá sofrendo, mas tu mesmo não disse que resolveu seguir em frente? Cadê tu seguindo?

Jade: Eu tô indo devagar, cara.

Ericka: Tá nada, tá ai, toda xoxada, eu hein. – me emburrei logo. Chatice, me deixa cara, tsc, cada um tem seu tempo...

Jade: Ihhh, vou não, na próxima, eu vou.

Ericka: Jaé, paz. Na próxima, quero nem saber, te arrasto pelos cabelos, garota. – revirei os olhos. – Eu tô falando sério, amiga, sai dessa, tu é nova, bonita... Malvadão não é isso tudo não.

Lore: Tem coisa melhor pra você nesse mundão, basta você fazer uma forcinha... – assenti. Elas me abraçaram e saíram.

Fui pra cozinha, coloquei um miojo de tomate no fogo e fui bater um suco de maracujá.

Jaqueline: Ué, não foi com as amigas não? – disse entrando na cozinha. Fiz careta. Ela riu negando. – Jade, Jade...

Jade: Mais sermão não, por favor.

Jaqueline: Nem falei nada.

Jade: Mas ia falar. – ela mandou língua.

Jaqueline: Tá fazendo o que ai?

Jade: Miojão. – ri.

Jaqueline: Comida de preguiçoso...

...

Mamãe e eu ficamos a noite toda assistindo la casa de papel, até terminanos a série. Eram 4 e pouca da manhã quando resolvemos dormir. Ainda bem que amanhã era a minha folga...

Jaqueline: Vou te ajudar a ajeitar aqui. – bocejo.

Jade: Precisa não, mãe, pode ir. Eu ajeito rapidinho aqui. – ela assentiu sonolenta e foi para o quarto dela.

Coloquei os copos e as vasilhas na cozinha, amanhã lavo isso. Ajeitei o sofá e desliguei as coisas. Quando estava indo pro quarto começaram a bater na porta.

Bater real, frenética. Achei logo que era invasão, coração foi na mão. Fui na cozinha, peguei uma frigideira e coloquei a mão pra trás, abri a porta toda cabreira.

Quando eu vi quem era, até xoxei, revirei os olhos violentamente.

Malvadão: Ia se defender com isso? – olhou pra minha mão e riu.

Jade: É o que é dessa vez, caralho?

Malvadão: Ô rapá, fala direito comigo que eu sou teu marido!

Jade: Meu, porra nenhuma. Tsc. Fala logo, Marcelo. Tô morta de cansada. – disse sem paciência.

Malvadão: Pô, nega... Tô com muita saudade... – se aproximou e eu senti o cheiro de whisky. Dei um passo pra trás me afastando, mas ele segurou na minha cintura e colou nossos corpos. Virei o rosto na hora pra ele não me beijar.

Jade: Me solta, cara! Ihhh, chatice! – tentava empurrar ele, mas ele é bem mais forte. Ele encaixou o rosto no meu pescoço e deu aquela fungada.

Malvadão: Deixa eu só sentir seu cheiro... – roçou o rosto naquela região me fazendo arrepiar com sua barba. Até fraquejei nesse momento. Fechei os olhos com força a luta interna tava igual, mas eu não ia ceder. A minha raiva e mágoa por ele não deixariam... – Deixa eu dormir contigo... Uma despedida. – chupou meu pescoço. Mordi meus lábios com força. Mas respirei fundo e empurrei ele com força.

Jade: Não. Acabou, Marcelo, eu não quero mais! – ele negou rindo.

Malvadão: Quer sim, cara, teu corpo não nega.

Jade: Você pode sair da casa da minha mãe por favor? – ele nem tchum, sentou no sofá, tirou o tênis e deitou.

Malvadão: Pega um bagulho pra eu me cobrir ai, na moral. Lá em casa tá maior zona.

Jade: Problema é seu, o que eu tenho a ver com isso?

Malvadão: Problema é nosso. A casa é nossa, na verdade tá no seu nome, é sua.

Jade: Tá com quem agora? Ah ta.

Malvadão: Tá comigo porque você quer... – ele me encarou. – Volta pra casa, neguinha... – até ignorei. Vontade era de fazer um escarcéu com ele, mas ia acordar a minha mãe. Tranquei a porta e subi.

Ia deixar ele dormir no seco, com frio... Mas meu coração de otária me incentivou a levar um travesseiro e um edredom pra ele.

Joguei em cima dele e subi. Tranquei a porta do quarto, só de segurança, conheço a sem-vergonhisse dele.

Me joguei na cama, mas demorei a pegar no sono.

...

No outro dia acordei com mamãe me chamando. Abri a porta ainda sonolenta.

Jaqueline: Malvadão foi embora daqui agora. – comentou.

Jade: Um otário que ele é, isso sim. Onde já se viu invadir a casa dos outros assim?

Jaqueline: Tá correndo atrás do prejuízo.

Jade: Tarde demais pra ele.

Jaqueline: Será? – me olhou curiosa.

Jade: Ihh, mãe, tô nem te entendendo...  – estalei a boca e fiz bico.

Queria dormir mais, mas até perdi o sono. Levantei já ajeitando meu quarto.

Troquei de roupa e fui fazer minhas higienes.

Desci pra comer que a barriga tava pedindo arrego aqui. Fiz um mistão com tomate, queijo e presunto, um copão de Toddy, porque é mil vezes melhor que Neskau sim.

Minha mãe tava toda focada num programa de televisão que ensinava tricotar ao vivo.

Jade: Tá velha, em filha! – mexi com ela e subi. Ela resmungou me xingando, até ri.

Coloquei um biquíni fininho, ia ativar a melanina lá na varanda hoje, porque vontade de ir pra praia passou longe aqui.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now