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1 ANO DEPOIS

Jane pariu um menino. O pai da criança é um bofe fortíssimo, fornecedor aqui do morro, tal de Rodrigo Marverick. Ele nem contestou quando ela contou que estava grávida, ele era sozinho, não tinha filhos, amou a ideia de ser pai.

Preta e Lore estão grávidas, as duas de menina, até que enfim, só veio menino até agora.

Eu estava nervosa, porque estava suspeitando de estar grávida. Gente, três coisas que morro de medo: morrer, parir e barata. Fui direto no médico fazer ultra e exame de gravidez. Ericka veio comigo, estava morta de medo.

Ericka: Relaxa, amiga, Malvadão vai amar.

Jade: Eu sei, mas o negócio sou eu... Como eu vou colocar uma mini pessoa pra fora de mim?

Ericka: Entrou, vai ter que sair - riu. Acabei rindo também.

...

Como a Nanda tinha suspeitado, estou grávida. Ela que falou pra eu vir, mas não pode vir comigo porque Caio tinha consulta no pediatra, então Ericka veio comigo.

O médico falou que estou com 10 semanas, fiquei uns cinco minutos fazendo as contas pra ver quantos meses dá isso.

Ao chegar no morro, fomos fazer um lanche, pedi uma coxinha e um quibe, estava muito nervosa. E fomos lá pra casa.

Jade: Ai amiga, tô tão nervosa... Será que vou ser boa mãe? Será que vou dar conta de criar um bebê e suprir todas as necessidades dele? - já tava chorando. - Eu sei que minha mãe teve boas intenções, mas eu tenho tanto medo de fazer falta na vida desse bebê como a minha mãe fez na minha... - eu tava morrendo de medo da maternidade de falhar.

Ericka: Amiga, calma - ela me aconchegou no colo dela. - Você vai ser uma ótima mãe. Todas nós temos esse medo, mas ninguém é perfeito, a gente faz o que pode, e o que pode, pode parecer pouco, mas acaba sendo o essencial. - assenti. - Vamos fazer uma caixa surpresa pra contar pro Malvadão? - levantei. Assenti secando as lágrimas.

...

Fizemos uma caixa com algumas fitas e uns papéis colorido que eu tinha em casa. Fui na farmácia rapidinho e comprei uma chupeta pra colocar na caixa. Ericka foi pra casa e eu fui tomar um banho.

Liguei pro Marcelo e pedi pra ele buscar o Nathan. Fiz um lanchinho pro meu filho, ele chega morto de fome em casa.

Nathan chegou, me beijou e foi correndo pro banheiro pra tomar um banho, todo suado, igual um porquinho.

Malvadão: Tava aonde mais cedo? - se jogou no sofá.

Jade: Então... Eu tenho que falar uma coisa com você...

Malvadão: Hum? - o forninho apitou.

Jade: Pera ai! - fui tirar o pão que queijo do forno. Coloquei na mesa, suquinho de laranja natural. Nathan desceu com a toalha.

Nathan: Mãe, estende pra mim? - Nathan tava um homem! Coisa mais linda! Ai, será como que ele vai reagir? Tem isso também. Ai, meu Deus, me ajuda!

Estendi a toalha do Nathan e fui no quarto pegar a caixa. Marcelo estava igual um velho cochilando no sofá.

Jade: Marcelo... - chamei ele dispertando ele. Eles despreguiçou e olhou pra caixa.

Nathan: Presente?

Malvadão: Que isso, ai, doida? - respirei fundo.

Jade: Abram... - coloquei na mesinha de centro. Puts, tava muito nervosa.

Eles abriram e Marcelo pegou os papéis e a ultrassonografia.

Malvadão: Quê? Que que significa isso aqui?

Nathan: Essa chupeta é de quem? - Marcelo fez uma cara tão engraçada que eu até ri. Fiquei encarando eles e eles se olhando e me olhando, tipo aquele meme da Nazaré.

Nathan: Ahhh, você vai ter um neném!

Malvadão: Você tá grávida?

Jade: Marcelo, pelo amor de Deus, deixa de ser lerdo!

Nathan: Eu já sabia.

Jade: Sabia?

Nathan: Sim, eu vi no sonho, é uma menina... - veio e me abraçou e beijou minha barriga. - Oi, irmãzinha.

Jade: Amor, mas eu não sei o sexo ainda.

Nathan: Quando você vai descobrir?

Jade: Vai demorar um tempinho. - sorri olhando pra ele. Olhei pra Marcelo e ele tava encarando a ultrassonografia com os olhos brilhando. - Não vai falar nada? - ele me olhou.

Malvadão: Porra... Eu te amo! - me puxou e me encheu de beijos. - Eu sou o homem mais feliz do mundo por ter vocês! - puxou o Nathan e ficamos os três no sofá, eles me paparicando e eu amando aquele momento.

...

Malvadão soltou tantos fogos que parecia reveillon, fez maratona de pagode e os caralhos.

Minha mãe voltou na outra semana, ela disse que queria acompanhar minha gravidez de perto. Nanda já me encheu de presente, tava boba junto comigo.

Os meninos fizeram um bolão pra vê quem acertaria o sexo do bebê.

Mudamos pra uma casa maior, com mais um quarto, e com piscina porque Nathan parece um peixinho que adora água.

...

A vida parece uma ironia. Eu fui criada pelo meu pai e pela surucucu da Soraia, em uma realidade totalmente diferente da qual eu me encontro hoje. Eu jamais pisaria numa favela se não fosse Lore me trazer. E eu até agradeço, pois essa favela foi o meu refúgio, meu lar, foi onde encontrei minha família.

FIM!

Coração sem vergonha.حيث تعيش القصص. اكتشف الآن