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Fiz a porra do exame e deu paternidade negada. Nesse dia eu queria matar um, queria matar a Joice... Mas quando vi Nathan subindo o morro com a Jade, vindo da escola, fiquei mais tranquilo. Independente, Nathan é o meu filho e pode vir o capeta falar que não que eu vou matar na bala. Me apeguei a esse moleque de uma forma... pô é meu filho sim, vai tomar no cu. Mas ainda bem que a anta da Joice quando trouxe ele, trouxe os documentos junto, já mandei o papo pro meu advogado pra ver essa parada de por o moleque no meu nome e os caralho a quatro.

Nathan: Pai! - me gritou. Acenei pra ele. 

Malvadão: E ai, moleque. - ele veio correndo até a mim. 

Jade: Nathan, cuidado pra não cair! - gritou vendo ele correr. 

Malvadão: Bora dar um rolé, nós dois? 

Nathan: Vamos!! - falou empolgado. Ajudei ele a subir na moto. 

Jade: Aonde vocês vão? 

Nathan: Vou dar um rolé, Jabulane, relaxa. 

Jade: Marcelo, ele acabou de chegar da escola, nem comeu e você tem atividade de casa pra fazer. 

Nathan: Poxa, mãezinha, depois eu faço. - se fez na cara dura o moleque. 

Jade: Tá vendo, é sonso igual a você! - falou olhando pra mim. 

Malvadão: Eu? - me fiz também. - Sei de nada não... 

Jade: Quero você em casa antes das 20h! - falou pro Nathan que assentiu. - E dá alguma coisa pra ele comer! - apontou pra mim.

Malvadão: Mais alguma coisa? - debochei. Ela me lançou um olhar mortal. Dei uma risadinha e guiei com a moto. Nathan até buzinou pra ela e deu tchauzinho. 





Jade


Aproveitei que Nathan tava com o pai e passei no salão da Jane pra conversar com ela sobre a minha volta, que nossa parceria tava de pé. Tô só esperando os equipamentos novos chegarem. Só que dessa vez, meu consultório será no andar de cima do salão dela.

Menina, tá tudo um luxo, bem melhor que antes... parece até salão de zona sul.

...

Cheguei em casa umas 19h e pouca. Tomei um banho e fui esquentar comida pra janta.

A campainha tocou e era Matilda. 

Jade: Ué, veio visitar os pobres? 

Matilda: Deixa de graça menina, que de 15 em 15 eu venho aqui. - falou entrando. 

Jade: Mas hoje não é o seu dia aqui... 

Matilda: Eu sei, vim conversar com você. 

Jade: Ihhh, lá vem bomba! - fomos em direção ao sofá. 

Matilda: Menina, eu ando sonhando muito com você e nesses sonhos você chora muito, mas sempre termina feliz. Nos sonhos você tem um bebê, mas ao mesmo tempo não tem... - fiz cara de "am?" - Eu também não tô sabendo decifrar muito bem isso... No último sonho, você tentava se comunicar com as pessoas, mas elas não te viam... Parecia que você era um fantasma, sei lá a sua alma... 

Jade: Credo, Matilda, tá amarrado! 

Matilda: Tá sim, minha filha! To te falando pra quebrar logo, dizem que sonho ruim contado não se realiza. 

Jade: Tomara!

Matilda: Sim, mas eu também quero te dizer que eu vi nos meus búzios que você passará por uma longa turbulência... 

Jade: Quando isso, gente? 

Matilda: Não sei, menina, não trabalho com datas. Só quero lhe dizer uma coisa: se Deus permite um mal acontecer, é para evitar um mal maior ou por um bem maior. Então fica tranquila, que eu acendi uma vela pra Xangô para que se alguma injustiça te acontecer, ele venha com seu machado da justiça. - me arrepiei todinha, viado. Matilda sempre foi macumbeira. Eu acredito em Deus, mas também acredito que toda ajuda do bem é bem vinda, então sempre aceitei alguns patuás de proteção que Matilda dava, coisinhas da missa que meu pai me dava, já que ele era católico. 

Jade: Ai, me deu até medo agora... 

Matilda: Não tenha medo, sua mãe Oxum e seu pai Ogum são por você! E sei que você não é muito adepta a essas coisas, mas acende uma velinha pro seu anjo de guarda. - assenti. - Mas mudando de assunto... Como você tá? E o menino, Nathan? Uma graça ele, né? Benza a Deus! 

Acabou que ela engatou no outro assunto e eu até esqueci a tal revelação dela. 

...

Matilda tava indo e Nathan chegando. Ele cumprimentou ela, ela fez o sinal da cruz na cabeça dele e beijou. 

Jade: Direto pro banho! - ele foi correndo pro banheiro. 

Matilda: É muito linda a relação de vocês. 

Jade: É até estranho, né? Mas sei lá... Me apeguei tanto a esse menino. Nunca achei que poderia sentir algo maternal por alguém que não viesse de mim, agora... Se ele da um "ai", eu sofro juntinho. 

Matilda: Pra você ver... E você, Marcelinho? 

Malvadão: Ih, qual foi, velha? Me chama assim na rua não, pô... - olhou pros lados – Vai que alguém vê.

Matilda: E eu devo algo pra alguém aqui? Devo não... - Marcelo riu. - Ó, eu vou indo, que amanhã é dia de branco.

Matilda foi.

Marcelo me falou algo sobre colocar Nathan numa escolinha de futebol... pelo visto ele foi encher o saco do pai também, porque o meu ele já enche... O negócio é achar horário, porque o horário que ele pode, ó tem crianças maiores, vai que machucam ele, morro de medo... Enfim, só falamos de assunto do Nathan, quando ele tentou falar gracinha eu cortei e entrei, eu hein, não bato palma pra maluco dançar não, não mesmo.

Coração sem vergonha.Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum