#57

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Jade

Já tava indo pra quinta cliente de hoje e nem deu o horário do almoço ainda, graças a Deus o movimento tava ótimo.

Na hora do almoço, fui almoçar com a preta lá na tia Vera, e para minha infelicidade o Marcelo tava lá, queria nem ficar, mas Preta falou que nada ver eu deixar de ir nos lugares por causa dele.

O desgraçado não tirava os olhos de mim, tava até me irritando já. Mas terror nenhum, comi, paguei e meti o pé ignorando forte a presença dele.

...

A semana passou voando e nesse final de semana eu prometi ir no tardezinha com as  meninas.

Ericka falou que passaria aqui 14h, e eu já tinha tomado banho, me maquiado, só faltava a roupa que eu não fazia ideia de qual vestir, AAAAAAA.

Sentei no chão e fiquei minutos olhando pro guarda roupa. Gente, eu não tenho mais roupa não, que isso...

Por fim, decidi vesti um body preto de manga longa todo aberto atrás, um short jeans destroyed larguinho e calcei minha melissa mar wedge marrom.

Dei um jeito no cabelo, me perfumei. Coloquei dinheiro, id e chiclete no bolso.

Tirei aquela fotinha pra afrontar e postei nas redes.

Ericka já tava buzinando lá na frente, trate logo de me adiantar.

Lore: Até que enfim, Jesus!

Jade: Ihh, garota, me erra! – ela riu.

Ericka estacionou na principal da quadra.

Ao entrar elas foram direto falar com os meninos, menos eu, eu fui pegar bebida.

Pedi logo um capeta, que já era pra ficar esperta.

Estava tocando uns pagodinhos de leve. Fui até a Nanda pra falar com ela, que tava sentada igual uma obesa. Minha amiga tá enorme, igual Maria redonda por causa do Caio, hahahah.

Nanda: Até que enfim essa menina saiu da toca!

Jade: Ihhh, vocês são muito chata, tá doido! – fiz bico.

Nanda: O que você tá bebendo, amiga? – perguntou toda curiosa.

Dandin: Nada que você vá beber. – cortou a onda dela.

Nanda: Ihh, gente, um gole não faz mal não.

Dandin: Sossega, Fernanda, senão eu te levo pra casa. – ela logo emburrou. Ri negando olhando os dois.

...

Logo me dispersei no meio do povo e já tava me arriscando no samba.

Naleska não perdeu a oportunidade de me irritar, mas ela não vai me desvirtuar hoje não. Por mim, ela e o Marcelo entrar um no outro que não tô nem ai... Babaca! Ai que ódio dá cara dele, vontade de dar um socão.

Maiquinho: E ai, patroa, me dá essa honra? – me despertou dos meus pensamentos.

Jade: Opa, claro! – sorri. Segurei a mão dele, ele me rodou e começamos a dançar. Maiquinho tinha 18 anos, tão novo, mas já no tráfico, é triste...

O menino dança muito, fiquei no chinelo pra ele.

Jade: Ah, Maiquinho, quero dançar mais com você não, que você me esculacha! – ele riu.

Maiquinho: Que isso, nada a ver, pô. Pega o ritmo comigo, ó. – parou na minha frente e fui acompanhando ele. – Agora vamo aumentar, ó... – até que eu tava pegando direitinho.

Mas um troço passou esbarrando e eu quase cai no chão, sorte que Maiquinho me segurou.

Maiquinho: Ô caralho! – assustou. Fechei a cara e olhei em volta. Mas não vi ninguém. Nem notei que ainda estava segurando o braço de Maiquinho, só me toquei quando percebi o Malvadão se aproximando.

Malvadão: Qual foi, Maiquinho, tá querendo morrer?

Maiquinho: Que isso, patrão, é sem maldade aqui.

Jade: Ihh, Marcelo, vai te catar. Eu hein, tô só dançando com o menino, mas mesmo que não tivesse, a gente não tem mais nada não, pô. Supera! – ele tava pior que tampa de chaleira.

Malvadão: Jade, tu não brinca comigo não... – nem deixei ele terminar e sai andando. Eu hein, vê se eu vim aqui escutar gracinha desse palhaço.

Pedi uma caipirinha, tava num calor do corolho, já tinha até arregaçado as mangas do body.

Malvadão: Até quando tu vai continuar nessa? – revirei os olhos violentamente.

Jade: Marcelo, quando você vai se mancar que eu não quero mais? – olhava pros lados estressada.

Malvadão: Ah, não? Então diz isso olhando nos meus olhos, pô. – olhei pra ele na maior raiva. Eu amava esse desgraçado, mas ele não ia me dobrar não.

Jade: Eu fazia tudo por você, cara. Tu não deu nem um pouco de valor. – joguei logo na cara. – Se eu fosse essas rampeiras da rua, tu daria, né? Tu é um vacilão! Merece ficar com elas mesmo... – fiz cara de nojo. Ele ficou caladinho.

Malvadão: Vamos sair daqui, vamos se resolver, pô.

Jade: NÃO, MARCELO, EU NÃO QUERO ME RESOLVER! – gritei logo fazendo todo mundo olhar. Sabia que ele odiava isso. – Eu tô com raiva da tua cara, se você soubesse o nível da raiva, tu sumiria da minha reta! – disse de dentes serrados. Me virei pra sair, geral já tava olhando e Naleska com aquela cara de sonsa dela, inclusive.  – Tu é tão lixosa que nem comigo fora do caminho tu consegue prender ele. Ao invés de fazer macumba, tenta fazer pelo menos metade do trabalho lindo que eu fiz. – empurrei ela e sai da muvuca.

Por isso que eu não queria sair, cara. Eu sabia que isso ia acontecer, Marcelo é um cu de insistência.

Tirei o salto no meio do caminho e fui de pé no chão pra casa.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now