#67

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Malvadão

Tava numa atividade do caralho, e agora mais essa do salão da Jane.

Separei um grupo maneiro pra averiguar essa parada, contratei até um moleque que é nerd pra rastear umas ligações. Pô, essas paradas não podem sair do meu controle não, tá maluco.

Malvadão: Ai ó, vou pro bar tomar uma. Tikão, passa o olho.

Tikão: Jaé, chefia!

Tirei a camisa e joguei no ombro, desci as ladeiras no sol quente. Tá doido, maior calor, sol tava dando moca.

Sentei no boteco do Carlinhos e pedi a mais gelada pra filha dele. Uma gostosa! Sempre deu mole, mas a meninas ainda fede a leite, 16 anos...

Dei um gole e desceu me aliviando.

Joguei o celular na mesa e fiquei observando a rua.

Daqui a pouco, veio a Jade com o Nathan de bicicleta. Ela tentava equilibrar ele e ele afobado toda vida.

Jade: Nathan, vai cair, tem que ser devagar.

Nathan: Solta, tia, eu sei, eu aprendi.

Jade: Você quase caiu ali, meu filho.

Nathan: Deixa eu mostrar. – ela soltou e ele andou empurrando o pé no chão, equilibrou, deu três pedalas e caiu. Jade correu atrás dele.

Jade: Meu Deus! Machucou? – perguntou toda preocupada.

Nathan: Nem doeu, tia. Vou de novo.

Jade: Meu Deus, Nathan, masoquismo... – ela negou. Sentou num banco de costas pra cá e ficou olhando o Nathan enquanto ele caia e levantava.

Às vezes fico pensando se tivéssemos um filho, quão boa mãe ela seria. Sempre cuidou muito bem de mim, imagine do filho...

Malvadão: Carlinhos, vou sentar ali na pracinha, depois leva outra lá.

Carlinhos: Pode deixar, meu cria.

Atravessei a rua com a garrafa na mão e o copo na outra. Coloquei em cima da mesa que ela estava, ela até espantou e revirou os olhos quando me viu.

Sorri com a reação dela. Porra, eu amo essa mulher, não tem como.

Queria ela surtando por causa de mim, mas ela tá controlando muito bem, ou realmente tá me superando.

Malvadão: Como tu tá, neguinha?

Jade: Eu estou ótima. – fez cara de metida. – E você?

Malvadão: Tô indo, né...

Jade: Hum. – murmurou. – Nathan, pra rua não! – gritou olhando pro Nathan que já ia atravessar de bicicleta.

Malvadão: Ele é todo levado, né? – falei sorrindo olhando pro meu filho e depois pra ela.

Jade: Todo agitado igual a você. – sorriu. – Mas ele é um amor de menino.

Malvadão: Eu também sou um amor... – dei um gole na minha cerva.

Jade: Se é, eu não sei. – fez cara de nojo.

Malvadão: Eu tô com saudade até dessa cara de nojenta sua, garota.

Jade: Hum. Eu vi como você tava com saudade.

Malvadão: Você não imagina o quanto.

Jade: Ai, vamos mudar de assunto? Até porque não pega bem esse tipo de conversa pra uma mulher compromissada. – fechei logo a cara.

Malvadão: Como é que é? Compromissada com quem, Jade? Tu tá maluca, porra? – ela nem me olhou, continuou calada olhando pra frente. – Tu tá me testando, não é possível... Acabou, jaé? – ela me olhou com cara de "acabou o que?" – Acabou esse pagodeiro metido a playboy subir meu morro, pode avisar, manda sumir.

Jade: Tem problema não, eu desço o morro pra ver ele. Eu até prefiro, o ap dele é mais calmo... Sabe? – o sangue subiu.

Malvadão: Ô tua filha da puta! – segurei o queixo dela fazendo ela me encarar. – Acabou a paciência, se eu te vir com outro, eu vou te meter a porrada.

Jade: Me solta! – disse entre os dentes e virou o rosto soltando da minha mão. – Tu não me ameaça não hein! Eu não tenho mais nada com você e isso tá bem claro na sua mente, tanto que já tá de caso por ai, agora tu me deixa com meu caso também.

Malvadão: Caso? – me balancei. – Tu é a minha mulher, caralho! Tu quer que eu saia como corno?

Jade: Não, Marcelo, eu não faria com você o que você fez comigo. Jamais. Eu realmente amava você. – disse séria.

Malvadão: Amava? – encarei ela.

Jade: É, eu engolia sapo por você... Passei por cada coisa que seu ego de macho se fere só de imaginar. Não se faz, tu tá no erro. Tu tá muito no erro e ainda quer sair como certo. Só que não vai rolar, acabou o terror psicológico. Tô começando a me acostumar em perder pessoas importantes na minha vida.

Caralho, filha da puta, jogou baixo.

Tô me sentindo um lixo por ter feito isso com ela, e pior não tô vendo vontade nenhuma nela em voltar pra mim.

Eu achei que se ela me visse com outra, ela ia vir pedir pra voltar, mas eu tô afastando ela cada vez mais de mim.

Malvadão: Recado tá dado, não quero o pau no cu no meu morro. – falei só pra não assumir que tudo que ela falou está certo.

Ela suspirou e desviou o olhar pro Nathan que vinha até a gente.

Nathan: Pai, quero refri.

Malvadão: E ai, moleque. – fiz toque com ele. – Cansou? – ele assentiu. – E a Jade, tá te tratando bem?

Nathan: Sim, ela me deu uma comida maior gostosa, cê tinha que ter provado.

Malvadão: Ihh, ela é truqueira na cozinha, prende os outros pela boca. – fiz sinal pra filha do Carlinho trazer um refri

Nathan: Amanhã quero almoçar lá de novo.

Malvadão: Que isso, assim ela vai achar que tu é morto de fome.

Nathan: Vai não né, tia? – olhou pra ela que nos observava com aqueles olhos castanhos.

Jade: Claro que não, pode ir lá sempre que quiser.

Nathan: Oba! – a menina trouxe o refri do Nathan.

Malvadão: Quer alguma coisa? – perguntei pra Jade.

Jade: Não, obrigada.

Malvadão: Traz um guaraná pra ela. – Jade revirou os olhos e a menina assentiu.

Jade: Mania de querer controlar as coisas...

Malvadão: No momento eu tô só querendo mesmo, você não me tira do 0 a 1. – ela nem me respondeu.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now