#79

9.8K 653 34
                                    




Jade 

Na outra semana eu já tinha arrumado uma casa. Bem melhor, cara.

A casa que eu tava era da minha mãe, então deixei as coisas dela tudo lá e combinei de fazer faxina de 15 em 15 dias. 

Nessa casa que to agora, tinham 2 quartos, que não tava servindo de nada, já que eu tinha arrumado um todo bonitinho pro Nathan e ele só dorme comigo... Tinha um banheiro espaçoso, uma sala e cozinha americana. Era só um andar, graças a Deus, não aguentava mais subir escada! Quintalzão lá fora com varanda e a parte pra estender roupa. Tava tudo de bom! Coloquei até uma piscina de plástico pro Nathan. Piscina boa, gente, 20mil litros, faço a festa com ele. 

Chamei a Nanda pra cá com o Caio pra gente ficar na piscina, chamei as meninas também... 

Caio tava uma graça com as boias no braço, sorridente que só. 

Ericka: Nathan, pega aquele ólinho ali pra tia. 

Jade: Explorando meu menino, vê se pode. 

Ericka: Ihh, tá muito novo pra isso. - ri. Nathan era muito prestativo, mas era meio bobo às vezes, tudo que mandavam ele fazer, ele ia lá e fazia. Às vezes o Marcelo tem razão, ele não pode ser bobinho assim não, senão os outros se aproveita. 

Preta: Cheguei com meu empadão de frango! - entrou colocando a forma em cima da mesa que estava na varanda. 

Nanda: Aí, veio em boa hora! 

Jade: Nathan, vem comer. 

Nathan: Posso comer aqui dentro? 

Jade: Não, né. Come aqui e depois cê volta. - ele veio sem reclamar, outra coisa positiva dele. Não era pirracento, bem compreensivo. 

Malvadão: Qual foi, Jade, posso falar com tu? - ele tava com uma cara péssima. E acho que até as meninas perceberam. Ele olhou pro Nathan e abaixou a cabeça. Estranhei... 

Jade: Pode sim, vamos lá dentro. - ele assentiu e entrou na minha frente. Enrolei a toalha no meu corpo, já que eu estava só de biquíni. - O que houve? - ele me olhou por um tempo e suspirou. 


Malvadão

As vendas estavam indo de vento e polpa, bagulho tava gostosin... 

Dandin: Tá bom de fortalecer um pagofunk daqueles hein

Malvadão: Bora providenciar, meu bom. 

Tikão: Quero só aquela viagem pra angra...

Malvadão: Pô, nem fala, só queria relaxar e reconquistar minha mina... 

Kikito: Ihhh, papo de corno hein! - ia dar uma resposta, mas...

Joice: Malvadão... - ela entrou igual uma esquizofrênica na boca. Olhavas pros lados, colocava a mão na cabeça, encolhia os braços... Mano, a mulher tava na capa de tão magra.

Malvadão: Qual foi, Joice, mete o pé, rapá. 

Joice: Eu tenho que falar... Eu preciso falar uma coisa... Sobre o Nathan. 

Malvadão: Qual é a do meu filho? - ela deu um risinho. Olhei pra geral e geral já foi circulando.

Joice: Ele não é o teu filho! 

Malvadão: Como é que é? - já me alterei.

Joice: Você é tão otário que nem fez teste pra confirmar, né? 

Malvadão: Joice, eu não tô pra brincadeira não, porra. 

Joice: É sério, porra, faz o teste lá, não é... 

Malvadão: E tu tá nessa agora por que? 

Joice: Eu preciso dele... Preciso de dinheiro... 

Malvadão: Ele não vai sair daqui. 

Joice: Ele não é seu filho! Ele é meu filho e eu faço o que eu quiser com ele. 

Malvadão: Não mais, sua noiada! Tu trouxe o garoto com a documentação toda dele, agora ele tá na minha responsa. Tu quer o garoto pra que? Pra levar em outro e deixar o moleque? Você nem pesa nele, né, sua drogada do caralho? Só pensa em droga!

Joice: Não importa... Eu quero dinheiro. Tu vai me dar dinheiro se eu te deixar ficar com ele? - na moral, meu bom humor? Já tinha ido pra puta que pariu. Puxei a pistola e mirei na reta dela. Ela saiu correndo. Filha da puta!

E agora, porra? E agora? Agora que eu me apeguei ao moleque e aceitei a ideia de ser pai... Eu até gostei de ter uma miniatura minha por ai... Filha do demonio dessa garota, se ela me aparece aqui de volta, eu mato ela, sem dó, papo reto, quero nem saber. 

Buceta... Agora eu tava matutando essa porra na cabeça, já tinha fumado 3 e parece que a onda nem bateu... 

Sai da boca e guiei pra casa da Jade, ela sempre sabe o que fazer... 

...

Jade: Fala, Marcelo. - já tava tensa... expliquei tudo a ela. - Nem pensar que o Nathan vai sair dessa favela! Só por cima do meu cadáver! Essa mulher acha que ele é o que? Moeda de troca? Até quando ela vai ficar deixando o menino de porta em porta? Não mesmo! E pode fazer o teste que for, independente, o Nathan é o NOSSO filho! - ela tinha surtado. Mas gostei de saber que ela estaria nessa comigo. - Não, não mesmo... E ela foi pra onde? Se ela vir atrás dele, eu vou meter a porrada nela e se você tirar, eu vou meter a porrada em você junto... Onde já se viu! - ela andava de um lado pro outro. 

Eu aquilo não digeria dentro de mim. Abaixei a cabeça e suspirei. 

Ela parou de falar e eu senti sua aproximação. Ela abaixou se enfiou no meio das minhas pernas e abaixou. Levantou meu rosto fazendo olhar pra ela. 

Eu não desfiz a cara, não dava, porra... E se ele realmente não for meu filho? 

Jade: Marcelo, pai é quem cuida! Independente de resultado... O Nathan foi a coisa mais especial que nos aconteceu nos últimos meses... Eu não consigo imaginar mais uma vida sem ele, sem a preguiça dele pra acordar, sem as manias que ele pegou de você, ele me chamando de jabulane... - ela já tava chorando. - Ele não vai mais sair daqui. Eu não vou deixar.

Malvadão: E se ele não for meu filho de sangue? 

Jade: Do que importa o sangue? O que importa é o que ele sente... 

Malvadão: Eu vou fazer essa porra de teste, que eu tô encucado com isso... 

Jade: E se o resultado der negativo? Você vai entregar ele nas mãos daquela maluca pra ele levar o esse menino pra não sei quem, talvez uma pessoa que abuse dele, maltrate ele? - neguei. 

Malvadão: Vou fazer o teste porque não vou sustentar mentira, mas o moleque vai ficar ai, é meu filho, né isso? Nosso filho que você falou? - ela assentiu sorrindo e me abraçou. 

Que saudade desse abraço, do cheiro dela... Porra, essa mulher me amarrou, não é possível... 

Ela desfez o abraço toda sem graça. 

Jade: Não vamos falar nada pra ninguém até fazer o teste, e eu acho também que você deveria esperar mais um tempo pra falar isso com o Nathan, ele é compreensivo, mas é uma criança ainda, isso pode prejudicar a mente dele. 

Malvadão: Jaé. 

...

Sai de lá e fui cheirar, porra, quando tô tranquilo, vem esses demonios pra atentar... Só merda!

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now