O Norte - Atarah

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   O Norte, como poderia começar a descrevê-lo? Possuíam um povo forte, confiante e trabalhador. Um povo rebelde, repleto de vida e honra. Os Bruxos dessas terras tinham orgulho de serem quem eram, afinal, sua luta incessante tinha feito dele livre da escravidão das mãos da família real do Sul, os Everleigh. Mesmo o Norte sendo o território mais distante da capital dos Elfos, Aislinn, isso não os impediu de terem sido colonizados por aquelas criaturas de orelhas pontudas e de ego imortal. Só que o Norte se libertou, lutou e venceu. Claro, houve um apoio das Terras de Luz e das Terras Capitais, algo que jamais seria esquecido, aquele apoio, a dívida.

   Em pouco tempo, por conta de gestões majestosas da família Kalliste, o Norte se tornou uma potência, rica tanto em ouro, quanto em cultura e história. Um belo império sólido, com um povo feliz e sem grandes conflitos... Claro, os tempos mudam, os ventos levam e trazem eras novas... E, no dia mais frio que o Norte já presenciou, há vinte anos, nascia na capital, a bela cidade de Melione, a garota escolhida para manter esse reinado próspero dos Kalliste, a única e legítima princesa de Ouro do Norte, Atarah Kalliste.

   A rainha consorte do Norte, Odalis Kalliste, havia tido muitas gravidezes, nenhuma havia resistido até o final. Tanto ela quanto seu marido, Aldrich Kalliste, ficaram genuinamente felizes com o nascimento de Atarah, mesmo ela tendo sido uma garota. Geralmente meninas só eram bem vistas quando nasciam quando o casal já tinha dois ou três filhos homens. Como ocorria nas Terras Capitais, na ilustre família Audrina Lieve.

   O povo comemorou o nascimento da princesa, seu aniversário se tornou feriado nacional, durante toda a sua primeira semana de vida, festas repletas de dança e comida ocorreram na capital. Dizem que era como um sonho bom. Diziam que aquela princesa tinha sido escolhida pelos deuses. Que era protegida por uma benção de Nuwa, a Deusa da Proteção. A princesa nunca entendeu muito disso, afinal, ela não era religiosa, não gostava do clero, sentia que eles estavam o tempo todo tentando usurpar o poder do rei, não sentia verdade em nada dito por eles... Não acreditava no que não via, então, consecutivamente, não acreditava tanto assim que os deuses existiam. Os considerava mais um meio para um fim, enquanto eles fossem úteis para ela, Atarah seria fiel a eles.

   Após a notícia ter saído do país, todas as terras vizinhas enviaram presentes luxuosos para a mais jovem princesa. As Terras de Luz, que faziam divisa ao Oeste com o Norte, enviaram lindas tiaras adornadas com cristais. Não muito tempo antes do nascimento de Atarah, as Terras de Luz também tinham sido presenteados com mais uma criança, uma menina, que recebeu o nome da mãe do rei mais importante da história de seu país, a mãe de Davian Dantara, aquele que ajudou arduamente as Terras Capitais a recuperar seu território das garras pútridas dos Elfos, que deu início aos planos que fariam o Norte conquistar sua independência. A princesa Amélia Dantara II, que ao invés de ter nascido na capital, Odile, nasceu a caminho de lá. A rainha havia se afastado da corte, por conta do estresse do ambiente, e estava vivendo no palácio de verão, em Aergia. Diziam os boatos que a princesa chegou a nascer na capital, mas aquilo era apenas um boato. Alguns diziam que era a maldição do nome, já que Amélia tinha diversas restrições na capital...

   Muitos consideravam que a menina tinha sorte, já que possuía quatro irmãos mais velhos, todos eles sendo homens já crescidos, casados e muito bem colocados na sociedade. Ela teria uma vida tranquila, com muita atenção de seu pai, já que o rei já pretendia abrir mão do trono para o seu filho mais velho. Uma vida pacífica, repleta de amor e certezas a aguardaria.

   As Terras Capitas, o núcleo, o coração de Avyanna para os Bruxos. Um território protegido por florestas e desertos, com cadeias de montanhas mortais, com uma coroa forte e um povo esperto. Eles enviaram diversos presentes e cartas, entre elas, um acordo de noivado. Isso não deixou os reis no Norte muito contentes, já que não pretendiam pensar em um casamento para sua filha tão cedo, queriam saber como ela seria, quais seriam seus sonhos, suas metas, seu estilo. Caso ela não tivesse vocação para reinar, seria melhor um casamento com um lorde do próprio Norte, alguém que já conhecesse o território, os nobres dele. Caso Atarah tivesse dotes para reinar... Quem sabe uma aliança estrangeira com um terceiro ou quarto príncipe fosse bom, mas eles iriam preferir casá-la com um nortenho, alguém nacionalista, eles desejavam fortalecer a imagem do Norte para o povo. A rainha já era estrangeira, não havia necessidade de a princesa se casar com um. Não enquanto a rainha Odalis não tivesse um herdeiro homem.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora