Fuja das sombras - Merle

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Assim que saí da casa dos rebeldes não tinha muito mais o que fazer. Se eu voltar para a fortaleza dos assassinos serei no mínimo esfaqueada por não ter o dinheiro e por ter a falta de vergonha na cara de aparecer lá. Ainda estou surpresa por não ter sido morta. Jurava que aquele tolo do líder iria me matar, pelo menos foi o que ele disse que faria. Mais promessas vazias para uma causa perdida. O dia que Adenna derrubar Atarah prometo... O que prometer? Pelo menos eu não faço promessas vazias.

As ruas são tortas nessa parte da cidade, e não é da mesma pedra polida azul escuro do centro, aqui é apenas... Pedra. Ando bem no centro da rua, até parece que alguma carruagem irá me atropelar. É tarde demais para qualquer cidadão de bem estar nas ruas. Em algum momento eu comecei a cantar uma música típica das Terras do Caos. Nem sei como ainda consigo me lembrar dessa música, não coloco o pé no meu território há quase mais de dez anos. E se tudo correr bem não colocarei pelos próximos cinquenta.

Escuto um barulho vindo de um beco, sentia alguém me espionar, mas já esperava que isso acontecesse. Uma sombra voltou para dentro dele. Pude apenas ver a ponta de algo, vermelho, capa ou cabelo? Acho que estou ficando louca. É aceitável dentro das minhas circunstâncias atuais.

"Vá olhar." Disse uma voz, a mesma que eu carrego comigo há anos. Nem me lembro de quando ela surgiu, parece que sempre esteve ali, a deusada morte, aquela que me deu meu nome. Não passa de um sussurro. Ela raramente fala, o deus do caos é o que costuma fofocar mais, o que me guia para onde quer que ele deseje que eu esteja.

- Por quê? O que tem lá?

As pessoas devem achar que eu sou completamente maluca por falar sozinha na madrugada. Esperei um tempo, mas não obtive uma resposta. Revirei os olhos e entrei no beco. Ele era apertado e bem sujo, duas pessoas não passariam aqui lado a lado. Aquela sombra era alguém. E provavelmente era importante, já que os deuses queriam que eu a encontrasse. O sujeito da capa vermelha permaneceu parado no final do beco. Já que aparentemente ele não tem saída.

Parece bem calmo. Quanto mais me aproximo mais me arrependo. Já que eu conheço quem está ali. Respiro fundo e ando com ainda mais confiança. A capa da guarda pessoal do rei. Alastair, está mais alto e mais forte do que da última vez que o vi, mas algumas coisas não mudam. Nosso ódio mútuo um pelo outro.

Paro na sua frente, nenhum de nós encosta nas próprias armas, as quais ele mostra. Não preciso mostrar nada, ele sabe que ando armada até os dentes, mas não estou com nada em mãos. Ele veio em paz, é isso que significa, mas quem sabe eu não tenha vindo. Apago essa idéia na hora. Não posso matar alguém sem que ele possua a chance de se defender, é baixo até para mim. Preciso olhar para cima, não muito, e o guarda para baixo. Não estamos próximos o suficiente para desmoralizarmos com nossas posturas.

O guarda e a assassina. Os dois se encontrando em um beco escuro na calada da noite... Nada suspeito.

- Traidor! - Começo com um sorriso acolhedor no rosto.

- Tirana... - Meu sorriso desaparece quase tão rápido quanto surgiu, sua voz está em um tom neutro de todas as formas, igual sua cara. O nariz dele ainda é levemente torto. Foi um soco bem dado aquele meu. Sorrio para mim mesma. - Sei que entre todas as pessoas do mundo eu sou a que você menos deseja ver, mas...

- Então por que veio atrás de mim? Sente saudade de me ter na sua cama. Sei que sentiria, nada melhor do que... - Dou uma risada amarga.

- Não! A última coisa que quero é ter você novamente na minha vida... Se você não me interromper posso explicar o meu motivo. - Fiz um gesto com a mão para que ele continuasse. - Imagino que saiba que estou trabalhando junto aos rebeldes...

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now