Ariella - Merle

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A viajem até Ariella com Keir provavelmente me livrou do inicio de tudo, pois todos os meus pecados devem ter sido perdoados, ele não calou a boca durante quatro dias. Estava ficando maluca e os cavalos também. Assim que chegamos, os vendi. O ladrão já estava roubando. É impressionante o quanto ele não consegue ficar quieto perto de mim, mas consegue ser totalmente furtivo com todos os outros.

Enquanto o mercador comprava os animais, ele segurou meu braço antes de eu seguir para dentro dos muros da cidade, me virei novamente, o homem evitou contato visual enquanto falava.

- Ele não tem o dinheiro da dívida, mas... Mas por favor, poupe o nosso protetor.

- O Elfo vive se tiver metade do valor, senão, recomendo que se costumem com pessoas mortas pelas ruas, pois eu mesma trarei as pragas para cá... Se juntem, reúnam o dinheiro. Eu não ligo como, mas se eu o encontrar e não for paga, vou matá-lo. Não vou ir atrás de vocês, vou trás dele. Se me encontrarem antes, e tiverem o dinheiro, será tudo passado. E nunca mais encoste em mim, pois irei cortar a sua garganta.

Anos atrás houve um sério problema de Vampiros em Ariella. E eu estava indo apresentar a cidade a uma amiga, fomos surpreendidas com a praga. Vampiros não bebem o sangue de Filhos da Noite, dizem que é amargo. E Lobisomens não gostam de Vampiros, mas nunca tive interesse em saber o motivo. Ywa dizia que eles fediam a carne pútrida.

Caminhei para os portões da cidade, Keir surgiu por trás de mim, já fazendo perguntas e então começou a andar ao meu lado, combinei de me encontrar com uma Fada no próximo dia, num bar mais afastado do centro da cidade.

Ariella estava como sempre, chão batido, vários comércios, muitas pessoas, mas nenhuma se permitia chegar perto de mim. Abriam espaço, mas o barulho terrível da cidade nunca parava. O cheiro de Ariella é de pão recém tirado da forma. Gosto desta cidade, ela é importante o suficiente para os reis terem cuidado. Não tem metade das riquezas de Melione, mas os nobres não deixaram a cidade afundar, mas agora aparentemente estão. Atarah provavelmente não teve tempo de tirar os olhos da capital ainda. E acredito que ela não se importe com Ariella. Por que se importaria?

A cidade não possui guardas, desde o incidente com a praga, acho que é a única falha realmente preocupante aqui, a criminalidade é imensa, e um único Elfo não pode cuidar de tudo sozinho, mas ele faz bem o trabalho. Ou já fez, algum dia.

- Tem um Elfo vivendo aqui? E ele te deve? Pode me contar? Por favor!

- Não há nada para contar.

- Claro que tem! Vai. Ficarei quieto até o por do sol. E ainda falta muitas horas para isso.

Uma oferta realmente intrigante.

- Certo. - Ele se aproximou mais de mim e seus olhos estavam vidrados em meus lábios. - Conheci Faolan durante a praga vampira de uns anos atrás. Fomos amantes, e fiz um preço mais barato para limpar a cidade, só que nunca fui paga. Terminamos tudo quando... - Não iria citar Ywa, não era da conta de ninguém. - Voltei para Melione e disse que se ele não tivesse o dinheiro até meu retorno, eu o mataria, mas para isso preciso encontrá-lo.

- Você... Você dormiu com um Elfo! É diferente? Assim... Eu nunca sequer vi um.

- Olha! Pode ser que você veja um, e que me ajude a matá-lo. Vamos. Ande mais rápido, preciso descobrir onde aquele desgraçado está.

Devemos ter caminhado a cidade inteira, não encontrava Faolan em lugar algum, pelo menos Keir cumpriu com a promessa, nenhuma palavra saiu até o entardecer. Sentei-me em um banco no centro da cidade quando escutei algo no meu ombro direito "O templo, pequena tormenta". Respirei fundo, e agradeci baixinho. Corri para o local e saltei diversas vezes deixando o ladrão para trás, mas não saindo do seu campo de visão.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now