A última jogada - Atarah

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Invadir o castelo foi absurdamente simples, temos um leão gigante com asas. Quem seria páreo? Passar da entrada foi divertido, destruímos completamente o pátio, mas isso faz parte. Não é uma guerra, isso é um fim, não seria uma batalha justa, tínhamos o elemento surpresa, e muito, mas muito mais pessoas. E um presente dos deuses. E eu, uma deusa. Invencíveis, poderíamos ser invencíveis. Estou surpresa com o tanto de pessoas que convencemos a se juntarem a nós. Meu apoio popular nunca esteve tão bom.

Estourei as portas com uma rajada de vento, elas caíram e fizeram um estrondo terrível, poder, sou uma deusa. Se quiser, se ousar, serei invencível, indestrutível, mas eu não quero isso. Quero o fim do jogo... Keres irá me odiar.

Vi o garoto que eu e a assassina esfolamos vivo, parece bem, o menino é esperto, mas o que fez é de extremo risco. Bruxos de transfiguração se transformam em animais que viram. Ele viu Amadrya. Tentar se tornar um oponente digno é questionável.

Não ficamos para ver, precisávamos entrar, tenho um antigo amante para matar. Assim que cruzamos as portas da sala do trono vi Sorin, bem, e vivo. Ótimo. Só que no momento ele não é meu foco, nem Adenna.

– Você tentou me matar! Você ajudou a me matar. Eu te amava Alastair. E morrerá pelo que fez. Por me trair, e por me magoar. Iria fazê-lo rei... Como pude ser tão burra!

Tentei atacá-lo, mas ele e Adenna estavam tentando derreter minha enorme pedra de gelo, dois contra um. Eu iria esmagar Alastair, queria ouvi-lo gritar de dor, de ser a culpada de cada osso do seu corpo quebrar. Ser o seu fim. Enquanto eu disparava mais magia contra eles, o trio saiu, Keres falou algo sobre lá fora estar virando o início de tudo.

Sorin foi atrás. E quando fez isso Adenna simplesmente abandonou o guarda para perseguir meu primo. Perfeito. Os guardas que restavam na sala foram atrás da rainha. O abandonaram totalmente.

– Atarah, você não sabe o que é o amor, pode fingir que me amava, pode fingir que sabe. Mas nunca amou ninguém de verdade, você só ama a si mesma e a sua coroa, nunca se colocaria na frente de alguém. – Isso estava me irritando, estava suando, nunca havia disparado tanta magia, mas estava a uma semana mergulhando em meu poço infinito. – Nunca moveria um dedo se isso colocasse sua vida em risco.

Isso não era totalmente verdade, mas não era isso que Atarah coração de gelo diria.

– Mas isso é óbvio. Antes vocês do que eu. Acho que isso é o mais sensato, já que eu sou a rainha.

– Você não é mais a rainha.

Sua magia estava próxima do esgotamento já que o brilho do outro lado estava diminuindo e a pedra de gelo estava avançando. Quando finalmente sua magia acabou tirei a pedra do caminho e fiz uma espada de gelo. Com o vento o empurrei contra a parede, devo ter quebrado alguns de seus ossos.

Então perfurei com a espada seu peito, e com magia fiz espinhos brotarem por toda a parte da lâmina de gelo. Os espinhos viraram galhos afiados que rasgaram seu corpo, alguns pedaços saiam para fora enquanto ele gritava de dor. Então disse minhas ultimas palavras.

– Pense o que quiser de mim, ainda sou Atarah Kalliste, a legítima herdeira do trono do Norte. E nem você e nem os deuses poderão mudar isso. Que sua alma nunca encontre a paz, Alastair.

Soltei a espada, minha força era a única coisa que o mantinha de pé, agora é hora de acabar com este castelo. Não sei se seria capaz de colocá-lo no chão, mas tenho um plano mais interessante. Saí para a entrada, o pátio estava uma zona digna de guerra, o dia já estava escurecendo.

Enquanto eu caminhava alguns tentavam me atacar, mas era em vão. A rainha que voltou dos mortos, gosto mais desse título. Assim que cheguei mais ou menos ao centro chegou à hora de testar meu poder. Nunca sufoquei alguém, mas tudo tem uma primeira vez, não é mesmo?

Olhei para todos que estavam desde os muros do castelo até mim, e os sufoquei, todos de uma vez. Sabia que isso iria usar muita magia, muita concentração. Quando os corpos pararam de se debater e finalmente caíram mortos no chão, construí um muro de aproximadamente três metros de altura e quatro dedos de grossura, gelo puro. Não dava para voltar.

Os guardas foram os primeiros a retornarem para o castelo, então Keres e Keir entraram. Faolan. Antes que perdesse meu tempo o procurando o Elfo, ele apareceu ao meu lado. Assim que o Faolan apontou para o próprio  nariz tentando avisar sobre o meu.

– Está sangrando. – Disse ele. – Vai destruir seu castelo inteiro. Por quê?

– O Norte não precisa de reis, Faolan. Ele precisa de paz. Eu preciso de paz.

Assim que comecei a andar o Feérico pegou meu pulso. Então me virei.

– O que quer que esteja planejando. Não vale apena. Você é jovem, Atarah. Tem muito a viver ainda. Você tem que ficar. Tem que lutar, por nós.

– Estou aqui, não estou?

– Atarah...

– Foi bom conhecê-lo Faolan. Viva por mim... E cuide bem do meu primo.

Ele tentou me parar, mas congelei seus pés em grandes blocos de gelo, pesados de mais até para ele, mais cedo ou mais tarde Faolan se libertaria, e eu tinha certeza que seria rápido.

Enquanto caminhava para o castelo o escutei chamar meu nome diversas vezes. Com ódio, com medo, com pena, mas no final desistiu, sabia que não voltaria. Daquela vez, meu nome não dito novamente carregava a desistência, sua palavra não dita dizia que havia desistido de mim.

Em quanto caminhava limpava o sangramento do meu nariz, o castelo por dentro estava um caos completo, vi Adenna correndo com seu enorme vestido, nada prático para uma batalha.

Assim que virei em um corredor que havia diversos corpos de soldados. Percebi que um deles estava com um arco. O peguei, e as flechas também. Estávamos caminhando para a parte mais afastada do castelo, onde a bagunça ainda não havia chegado.

O detalhe que Adenna se esqueceu é que esses corredores são enormes e os quartos não possuem saída. Enquanto ela corria coloquei uma flecha sobre o arco e atirei, acertei seu ombro, não queria machucá-la de verdade enquanto caminhava para ela, que ainda tentou correr, mas a fiz tropeçar em uma pedra de ar.

– Você me machucou. – Disse Adenna do chão.

Jura?

Fiz uma promessa, amigas não machucam suas amigas, só que ela tentou me envenenar. Então...

– Você me machucou primeiro.

A empurrei com o pé para que deitasse, então coloquei meu pé em seu pescoço, cortando seu ar. Ela nem tentava lutar, mas teria que fazer algum esforço para conseguir escapar, mas... Ela não fez nada. Foi deprimente a velocidade que Adenna se rendeu a mim.

– Eu mataria você, Adenna. Hoje em dia. Só que acho que quem deve fazer isso é Sorin. Dei uma missão miserável para ele. Que aparentemente deu muito certo. Meu primo nunca a amou, nunca sentiu um único pingo de amor por você. Estou surpresa por ter conseguido se casar com o meu primo. Não quero nem saber que barganha idiota deve ter feito para conseguir isso. Acho que se eu a matar irei tirar uma satisfação que não me pertence. Quem merece matar você, por ter te aturado por tanto tempo é meu primo. E ele fará... Acabou Adenna. Fim de jogo.

Tirei meu pé de sua garganta, ela ficou alguns segundos recuperando o ar, fiquei ali ao seu lado esperando, não tinha força para levantar, que deixou toda a sua fala patética.

– Eu sou Adenna, a rainha do Norte. E você não vai conseguir me derrubar.

– Claro que não. Por que perderia meu tempo? Você vai fazer isso sozinha.

Não a ataquei mais, ela se encostou a parede e colocou a mão no corte, foi um pouco maior do que eu gostaria que tivesse sido. Terão que costurar.

Me sentei ao seu lado e ambas não fizemos nada. Até o Bruxo de transfiguração e Blyana aparecerem. O garoto estava péssimo, e sua barriga pingava sangue. A última vez que eu o havia visto estava enfrentando o meu gatinho.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora