Vida e morte - Adenna

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Eu ajudei no assassinato dos reis do Norte, mas não apenas dos reis, mas dos pais da minha antiga melhor amiga. Nunca havia visto o real poder de Atarah. Ela sempre disse algo para mim, que até hoje eu não compreendia. Repeti para mim mesma enquanto olhava pela janela de minha casa, admirava o castelo branco que agora já estava novamente aceso, e muito distante.

– O que isso lhe custará? O que sempre nos custou?

A mãe de Atarah sempre dizia isso, e a filha sempre repetia, e no fim. O que isso ainda nos custará? Até agora foi a vida dos pais da princesa, mas, quantas mais vidas serão o valor? Quanto mais teremos que nos destruir para isso? Por um reinado.

Respirei fundo e saí da janela, escutava os murmurinhos no corredor. Nossa casa é claramente comunitária, mais de trinta Bruxos moram aqui, cada um tem um quarto, por mais incrível que pareça, é assustador o tamanho desse local. Completamente feita de madeira, uma única chama e sobrariam apenas cinzas, sempre torci para que ninguém nunca derrubasse uma vela, senão teríamos um enorme problema.

Tirei o vestido de gala e coloquei uma saia e uma blusa curta, sempre preto grafite. Sempre o oposto de Atarah. Ela é o branco, essa cor a pertence, assim como o preto a mim. Desci do segundo andar da nossa aconchegante mansão, seria mais se não tivesse sempre pessoas se apertando nos corredores. Escutava a voz de meu pai, ele fala tão alto, não é à toa que se tornou o líder da causa, a nossa causa.

Parei na porta para ouvir o que o velho tinha a dizer, todos estão absurdamente felizes com a morte dos reis, menos eu, independente do que eles representavam, do que eram para nós, conhecia ambos e gostava deles, eram pessoas boas e justas... Bem... Mais ou menos, mas não mereciam o fim que tiveram.

Todos ficaram em silêncio quando Cathan se levantou da cadeira, ele fez um gesto com a mão que fazia com que todos que estavam mais próximos dele sentassem. Acho que vamos para a parte dois do plano, um que nunca deveria ter entrado em prática. Encostei-me na quina, cerca de oitenta pessoas se apertavam na sala, é um dia importante, mas a casa está sempre assim, já até me habituei com o barulho. Com o calor e a total falta de privacidade.

– Atarah será a rainha do Norte, mas não por muito tempo. Certo. Tivemos um imprevisto, sim, não sabíamos de tal poder da princesa, mas nós temos força de vontade, temos motivos. O que ela tem? Atarah cairá. Estará fora do jogo antes que perceba e então...

Como força de vontade e propósito vence tamanho poder, e um exército treinado? Como força de vontade vence os deuses?

Vi-me na necessidade de interromper, mas me arrependi logo em seguida, todos viraram para mim. Eu serei a rainha, o que eu falo realmente tem valor, tudo é um ato político, e isso exige um cuidado do qual não tenho preparo, as palavras simplesmente saem, e depois tenho que lidar com as consequências delas.

– É tolo achar que ela vai desistir. A vida de Atarah é o poder, o seu reinado. Os deuses deram esse lugar a ela, e eu o roubarei... Ela morrerá para tentar recuperá-lo. Atarah é a rainha de ouro.

Meu tom foi ficando cada vez mais baixo, pois percebi que a cada palavra eu demonstrava que estava com medo, fraqueza, mas quem não estaria com medo numa situação dessas? Eu cresci com ela, e mesmo assim não fazia idéia do seu poder, sei de uma coisa, Atarah é tudo menos indefesa e burra.

– Mas você é a de prata. A questão é quem estará melhor preparado no final. Nós tivemos o elemento surpresa. Ela deve estar com medo e de luto. Irá querer demonstrar o poder, ira nos dar de bandeja todos os motivos para perder mais apoio. O medo faz com que entremos na defensiva, que façamos coisas para demonstrar poder. – Disse meu tutor.

– Temos apenas mais um informante, e ele está se aproximando da princesa, acha que será útil. – Disse um jovem rapaz.

– Quem?

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora