Amadrya - Atarah

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Keres não era o que eu imaginava, pensava em alguém mais ameaçador, mais alto. A noite foi péssima de várias formas. Desde que Alastair começou a trazer suas amantes para o castelo, e me apresentá-las, pois procura uma esposa, até as reuniões exaustivas. Sorin ainda nem chegou a Brielle, não sei mais quanto tempo aguento sozinha aqui.

Faz quatro dias que meu guarda dorme com uma garota diferente a cada dia. Agora entendo o porquê sai durante a noite todos os dias, deve ter uma amante a cada quarteirão. Ainda não sei o motivo de isso me incomodar tanto. Somos no máximo conhecidos, mas nossas conversas são intrigantes e... E desde o dia no antigo escritório de meu pai senti algo, segurança, e isso de alguma forma plantou algo em mim. Algo que não sei o que é, mas é algo que me assusta.

Assim que o dia amanheceu acordei com uma sensação de que havia algo de errado, só não sabia o que era, alguma coisa mágica se aproximava, os ventos mudaram de direção, os pássaros estão fugindo e sinto uma magia antiga, um sussurro de vidas passadas... Acho que estou ficando maluca.

O café da manhã com a assassina e o seu... Seu amigo? Ainda não entendi a relação deles, mas é claramente visível que o jovem sente algo pela Keres, e que ela claramente ignora tal coisa. Um amor incompreendido, adoro histórias dramáticas, mas sinto que ainda não é a hora de começar a fazer perguntas sobre essa relação delicada.

Após já termos todos comido, Alastair decidiu dar as caras em minha corte. Hoje pela primeira vez deixaria o conselho agir por si só, mas deixei bem claro que se não gostasse do que fizessem durante o período de minha viajem a Aloisia iria matar a todos, mas antes os deixaria apodrecendo junto de Blyana nas masmorras por um tempo. Fui vê-la outro dia, estava presa a parede pendurada pelos braços. Lá em baixo é tão úmido e fede tanto. A jovem olhou para mim com tanto ódio, como se a culpa de ela ser uma traidora fosse minha.

– Existe uma lutadora dentro de mim, Atarah. E eu nunca fui do tipo de que deita e aceita a morte vir. E não ache que estou contando com um resgate.

– Tomará que não esteja mesmo, pois acho que ele jamais virá.

Me aproximei da grade de pedra de Dhara velha. Inicialmente estava vindo aqui dizer que mandei executar seus pais, mas ela não está merecendo tal informação.

– Também existe uma lutadora dentro de mim, Blyana, e acredite. Você não vai desejar enfrentá-la.

Com isso a deixei sozinha novamente, esses últimos dias estão sendo bons para ela, já que estou deixando a sua pele cicatrizar um pouco, quem sabe ela tenha sorte e pegue uma infcção e morra? Seria um final menos doloroso para ela, já que não imagino que Blyana vá ter um final feliz. Morrer sozinha numa cela delirando e suando nem é tão ruim quando a outra opção é passas os próximos anos ali, presa e sozinha, sem absolutamente nada para fazer e sendo machucada para dar informações que pode ser que nem me sejam mais úteis.

Mesmo assim, acredito que dois dias não será tempo o suficiente para o meu conselho afundar o Norte. Mesmo que eles se esforcem muito. Mesmo assim, acredito que esses homens não desejem ter as cabeças afundadas no próprio sangue. Vão fazer um bom trabalho.

O guarda parou ao meu lado e fez uma cara de desgosto para a Filha do Caos, ela deu um lindo sorriso felino, gostei de saber que Alastair não gosta dela. Acho que chegou a hora da minha retaliação.

– Alastair, essa é Keres, a mais nova membra de minha corte, e minha amiga de maior confiança.

– Você a conheceu ontem.

– Que bom que confio nela, ela é a minha melhor amiga agora. Já que eu não tenho nenhuma desde Adenna.

– Alteza, você não confia em ninguém.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora