Dezesseis dias - Merle

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Não sabia que existiam tantos xingamentos até hoje. Atarah virá atrás de mim, depois do que os deuses disseram é o mínimo, ela e Sorin têm uma relação estranha, quase mais esquisita do que a minha com Keir e Faolan. E a relação entre Faolan e Sorin é ainda mais estranha do que a de todos nós.

– Eu vou dar uma volta para esfriar a cabeça, peguem um quarto para nós três, pois não temos dinheiro suficiente para ir até Melione novamente se pegarmos um quarto para cada.

– Keres... – Começou Keir.

Mas eu já saltava para longe deles, subi em um telhado e de lá fiquei observando a cidade, pensando. O que adianta eu ter Atarah se não tenho um exército para lutar por ela? Que tolo. Isso me lembra Adenna, a única coisa que eu tenho é esperança. Só restou isso. E um sonho de voltar a dormir nas camas confortáveis do castelo.

Não fiquei muitas horas zanzando pela cidade, já que nada de interessante acontece em lugares como esse. Assim que entrei no quarto Faolan afiava a espada e Keir escrevia algo.

– Não sabia que sabia escrever.

– Claro que sei, mas você não pode ler o que eu estou escrevendo agora.

– Por quê?

Quem respondeu foi o Elfo sem tirar os olhos da lâmina.

– Disse que sempre que ia para uma batalha deixava uma carta escrita para cada pessoa que amo, e as entregava para alguém de confiança, para caso eu morresse. É isso que ele está fazendo.

– Você fazer esse tipo de coisa, Keir, é um indicio de que acha que não sairemos vivos da batalha. E pensar negativo nesses momentos, em geral, atrai o azar.

– Falou a garota positiva. – Murmurou Faolan.

– O que disse?

– Que já está na hora das crianças dormirem. Acho que amanhã iremos voltar para casa, e lá uma guerra nos aguardará, mas estou achando os números injustos...

– Adenna tem um exercito treinado e os rebeldes, mas nós temos Amadrya, uma deusa e seus apoiadores.

– Ainda acho que a gente perde. – falou Keir enquanto fechava sua carta e colocava em um envelope. – Atarah não quer ir para o Norte, está com uma vida aqui...

– Um motivo para ela voltar e vencer.

– Se ela vencer volta a ser rainha do Norte. Sei que Atarah colocará na balança, mas já percebeu que ela jamais toca em Adenna? Nunca. Ela não a mataria.

– Por isso eu vou matá-la, Faolan.

Ninguém disse mais nada, no outro dia estávamos todos na porta de Atarah novamente, desta vez que atendeu foi uma garotinha, não tive nem tempo de falar para Keir não mexer com ela.

– Keres, que nossa filha seja parecida com ela, olha que menina linda.

– Nossa filha?

– Astrid!

– Ah.

Assim que jovem foi chamar a Virginia e seu marido não retornou mais, para a tristeza de Keir. Atarah estava pálida com enormes olheiras, era como se mal tivesse dormido durante a noite. O homem que a tocava a cada segundo estava ali, crente que ela iria nos mandar embora, mas seu rosto dizia outra coisa... E sua boca também.

– Eu vou matar Alastair. Ele é meu. E essa é minha única oferta.

– Estou de acordo. – Respondi sorrindo.

– Ótimo.

O marido dela a olhava pasmo, ela se desvencilhou dele e subiu as escadas, mas logo desceu com uma mala, o que quer que estivesse levando era grande.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora