Rainha Atarah - Atarah

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Assim que terminei a carta para meu amigo mais antigo, e completamente misterioso, percebi que praticamente estava contando apenas o quanto eu odiava certo homem. Quando reli a carta me senti mal. Preciso falar com o... O... Qual é mesmo o nome dele? Não importa. Preciso me desculpar por ter sido uma completa desnecessária com ele. Admito que peguei pesado.

Ainda faltam algumas horas para a coroação. Assim que abri a porta do escritório percebi que haviam dois guardas, assim que passei por eles retornei parando na frente deles. Preciso encontrar aquele insuportável.

– Qual é o nome do guarda que não larga do meu pé? O de cabelos pretos, levemente bronzeado, olhos prateados...

– Alastair? – Disse o da direita.

Apontei o dedo para o rosto do guarda sorrindo.

– Ele mesmo! Agora me mostrem onde esse guarda está. Precisamos ter uma conversa.

Nunca havia andado tanto pelo castelo na minha vida, não fazia idéia de o quão longe os funcionários dormiam. Quando finalmente paramos em frente a uma porta de pinho já muito gasta pelo tempo. Olhei para ambos.

– Esse é o quarto dele, e como ninguém o viu andando pelo castelo. Ou ele está aí ou saiu do castelo. – Disse um deles.

– Obrigada pela ajuda. Agora podem ir.

Tentei soar o menos grossa possível, mas acho que é um pouco difícil quando se está expulsando as pessoas. Quando fui bater na porta parei centímetros antes. Será que eu devo mesmo me desculpar? Será que devo abrir mão do meu orgulho, mesmo por um momento, será que vai me matar? Eu vou bater. É só bater. No segundo toque ele abriu a bendita porta.

Não sei quem estava mais surpreso, eu ou ele. Alastair, pela minha presença completamente inconveniente, ou eu, pelo seu corpo perfeitamente desenhado. Tentei não deixar meu olhar vacilar para baixo, mas acabou acontecendo rapidamente, para minha sorte ou para o meu azar, ele usava uma toalha. Seus cabelos pretos estavam encharcados e o ar estava úmido e quente dentro de seu quarto. O qual eu não conseguia ver, pois seu corpo enorme atrapalhava e tirava completamente o meu foco do resto. Acabei perdendo as palavras e então ele perguntou.

– Vossa Alteza. O que faz aqui? Pensei que tivesse me dispensado.

– Eu sei... – Mais uma vez meu olhar vacilou, e dessa vez Alastair se encolheu um pouco. Deve ter percebido... Pelos deuses. O que eu estou fazendo aqui?! – Vim aqui me desculpar. Eu errei. Quero recomeçar as coisas. Do jeito certo.

– Isso é ótimo, princesa, mas...

– E agora me desculpo por estar te deixando dessa forma tão... Indefesa e desconcertante. Vou deixar você só.

E com isso sai andando, não sei por quanto tempo ele ainda ficou parado na porta me observando, mas até eu senti o rubor surgir em meu rosto. Caminhei direto para o meu quarto, já que me desculpar levou muito mais tempo que o esperado. Já que tivemos que procurá-lo. Meu vestido será o que minha mãe havia mandado ser feito há meses. Um vestido de casamento.

Como sempre uso branco, cinza claro e prata com pó de ouro, vamos dizer que provavelmente ninguém irá perceber. Duas moças, alguns bons anos mais velhas que eu, arrumaram-me. Amarraram meu cabelo em um rabo alto e me colocaram naquele vestido apertado, nada de tintas no rosto, nada de maquiagem, apenas brilho. Odeio pó branco, faz meu nariz coçar, e me faz espirrar como nunca, igual pó de sujeira.

E eu já sou branca o suficiente. Meu pai falava que deveria usar outras cores de roupas, umas que me destacassem mais, mas eu sou o branco. Essa cor me pertence. Moda, de certa forma, é de uma importância enorme na minha guerra sigilosa com Adenna.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Où les histoires vivent. Découvrez maintenant