Uma nova rainha - Adenna

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Não demorou mais de dois dias para descobrimos que Atarah simplesmente sumiu, ninguém sabe para onde foi, ou com quem foi, apenas... Sumiu, desapareceu. E isso é ótimo, agora estamos fazendo planos para a queda da rainha. Ela não estar aqui é uma vantagem avassaladora.

Só que ainda tem a corte dela, ainda tem pessoas que estão cuidando de tudo, seres quase tão difíceis de se derrotar quanto a própria rainha. Hoje terei minha primeira aula, Balderik está decidido a me ajudar e Blyana também, ambos estão sofrendo. Mas não me sinto confortável em tocar nesse assunto. Essa será a primeira vez desde que fugimos que meu melhor amigo irá falar comigo.

Ele não olhava mais na minha cara, mas o entendo, Balderik foi torturado por ser meu amigo, e eu não fiz nada, não conseguia, mas não preciso dizer isso. O Bruxo ainda teria a razão, tudo o que aconteceu com ele foi culpa minha. Se tivesse ido com um cavalo, se não o tivesse envolvido nada disso teria acontecido.

Às vezes escuto a antiga dama de Atarah acordar aos berros, e sempre Balderik corre para socorrê-la, meu amigo não pode ser tocado, ele entra em desespero. Apenas Blyana pode. Isso me deixa um pouco triste, e ainda me sinto absurdamente mal por isso. Por eu ser a culpada.

A própria Blyana me pediu para lhe dar espaço, pois ele está arrasado, mas todos estamos. De nossos próprios jeitos, e em lugares que talvez ninguém veja. Mesmo assim, entendi. Balderik queria distância de mim. E eu dei isso a ele.

Ambos não saíram de casa até agora, o Bruxo estava tratando todas as cicatrizes para que ficassem menores, já a dama não, e as delas também são terríveis. Piores que as dele. Segundo ela são as marcas de uma sobrevivente, mas as do rosto e as dos braços... Quem quer que tenha feito isso com Blyana irá pagar, e me certificarei disso.

Mesmo com eles tentando me ensinar senti que não estava dando certo, primeiro por ele ser um Bruxo de Transfiguração e ela uma de Adivinhação. Segundo, pois Balderik evita ao máximo falar e olhar para mim, e isso atrabalha bastante quando está tentando ensinar algo a alguém. E terceiro. Sou uma Bruxa de abjuração, e eu só conheço outro Bruxo nessa área... Alastair.

Mas ele se recusa a entrar em contato, está ficando maluco naquele castelo, está desesperado tentando descobrir onde Atarah está, e se está viva. Tomara que não esteja.

Estou aprendendo a não perder o controle, ninguém quer que a casa pegue fogo, muito menos eu. Achava que Cathan iria me ajudar, pensava que minha magia ganharia um pouco mais de sua atenção, mas não.

Ele tem problemas maiores... Uma peça, não só do divino, mas de meu tutor. Keres disse isso. Peça, estou tão cansada disso, mas preciso dele, mas Cathan não terá mais controle sobre mim por muito mais tempo. Estou começando a perceber que ninguém dá um real valor a mim, sou um mero rosto bonito, mas isso vai mudar, e muito em breve.

Estou dormindo menos, sinto como que cada maldita chama me sussurrasse algo, como se quisessem que eu as ouvisse, minha magia luta para sair, é com isso que Atarah lida todos os dias? Pois se for não sei como consegue. Ela tem força própria e se me desconcentro, simplesmente a magia escapa.

Após a manhã toda tentando conjurar uma maldita chama ter sido um fracasso total, decidi que provavelmente treinando sozinha eu consiga algo, preciso me concentrar pelo que entendi e mandar a magia me obedecer, mas vamos dizer que ela é absurdamente desobediente.

Acabei indo para o mesmo lugar onde havia encontrado Sorin antes, era calmo e bonito. Tive algumas horas frustrantes de absolutamente nada. Até o primo de Atarah aparecer com aquele seu ar de superioridade.

– Estava esperando me encontrar aqui novamente?

– Claro que não, o lugar é bonito.

Estava sentada no chão e o príncipe relutantemente sentou em minha frente, ficamos nos encarando por alguns segundos.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora