O veneno do amor - Merle

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Atarah desistiu muito rápido, ela tem estômago fraco. Assim que saiu da sala, vomitou as próprias entranhas, e chorou. Pelos deuses, como chorou. Entendo que o que fizermos não foi à melhor atitude do mundo, mesmo assim. Eu realmente estava curiosa para saber como ficaria sua forma animal. Todos podem me considerar um monstro por isso, mas em momento algum me fiz boa, sou péssima, sei disso. E não pretendo mudar.

Faz parte do meu caráter, certo? Ser uma assassina sádica e desalmada. Tenho que manter minha imagem. Pelo menos sou engraçada, mesmo que, na maioria das vezes, não entendam minhas piadas. Criaturas como eu, pelo menos tem uma vantagem. Quem anda comigo anda, pois sabe o que sou, e não sente medo disso. As pessoas não se decepcionam com algo ruim, algo quebrado, mas sim com algo que eles receberam inteiro e acabaram quebrando. Eu sou o caos, na maioria das vezes sou eu quem quebro as pessoas. Uma pena.

Keir não trocou mais de seis palavras comigo por oito dias. Amanhã Sorin, primo de Atarah, estará de volta, fez uma viajem bem mais curta do que todos esperávamos. Atarah anda passando muito tempo em seu ateliê terminando aquele maldito quadro, todos nós estamos nele. Ela nos fez ficar um dia inteiro sentados posando, para que ela pudesse captar o máximo de detalhes possíveis. Foi um saco, mas eu estou maravilhosa até na pintura.

Já eu, ando passando muito tempo nas masmorras. Principalmente para assistir Alastair. O aconselhei ficar ao lado de Atarah, mas aparentemente ele não aprende, meus conselhos são as mais puras obras do divino, se eu falei, faça. Ou arque com as consequências desastrosas que virão. Todas as noites o guarda passa cuidando dos feridos da vez, desde Adenna até os do Bruxo de transfiguração.

Só que nesse dia o infeliz saiu antes, e parecia nervoso. Esperei alguns minutos antes de entrar... Adenna, o Bruxo e Blyana haviam sumido. Nossa que enorme coincidência! Não seria eu a dar a notícia para Atarah, acho que quem quer que vá informá-la deve estar ciente que morrerá... Ela ficará tão irritada.

Alastair saiu do castelo branco e foi a um bar, um bem diferente do que imaginei que ele frequentasse. Lá havia tudo que é tipo de gente estranha e muitas, mas muitas cortesãs. Algumas que eu o vi levando para o castelo para provocar a rainha. Uma atitude bem infantil. Ri de pena. É incapaz de conquistar uma mulher para acompanhá-lo para conhecer, e causar ciúmes, em Atarah.

O guarda é enorme, e por isso, mesmo de costas sabia exatamente que era ele. Estava assistindo uma “apresentação” feita por uma jovem, não havia palco, tinham juntado várias mesas para a garota dançar... Ela estava tão bêbada. Parei ao seu lado e não disse uma palavra, até ele perceber que era eu. Sem tirar os olhos da menina comecei.

– Tem noção da merda que fez?

– Preciso de atitudes, Keres, não de opiniões.

– Precisa é dar no pé. E criar um pouco de juízo nessa sua cabeça oca. Por que fez isso? Por que está arriscando tudo, o que. Detalhe. Já disse que é o melhor caminho. Atarah era sua chance de ouro, ela é o ouro, mas abriu mão, ou pelo menos está abrindo... Por Adenna? O que ela tem a te oferecer?

– Não fiz isso por Adenna, não mais. Fiz pela Atarah. – Arquei uma sobrancelha e olhei para o Bruxo. – Porque eu descobri que posso amá-la... Que ainda a amo, mesmo depois de tudo o que ela fez.

Vou espancá-lo. Por que, em sã consciência, ele imaginaria que libertar Adenna ajudaria em algo... Provavelmente ajuda no tempo que levará para ele ser executado por traição. Se Atarah souber o matará amanhã mesmo.

– Quero entender o seu lado, mas ele é burro. Tenho certeza disso. Mesmo assim. Explique-me. Como libertar Adenna ajuda Atarah?

– Vamos sair daqui.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now