O traidor - Adenna

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Sabe quando tudo começa a dar errado? Então...

Meus planos não andam dando muito certo, estou no poder a algumas semanas, já tinha que ter resultados, mas eles não estão chegando, e Sorin ultimamente não vem sendo muito útil, já que eu contei onde estavam todos os vinhos do palácio. Preciso de ajuda, e só conheço uma pessoa que possa me fornecê-la.

– Adenna. Adenna. – Blyana chamava, mas eu estava com pressa. – Atarah...

– Chega desse nome nesse castelo! Pelos deuses! Saí. Vá atrás de Balderik, estou ocupada, não viu?

– Por favor...

– Eu não tenho tempo.

Virei e segui para as masmorras. Blyana não tentou me seguir. Não queria ninguém comigo nesse momento, falar com meu pai não seria algo nem um pouco confortável, mas faria tudo de novo. Sei que é tolo pensar assim, entre tanto, nunca me senti tão livre e autônoma como me sinto agora.

Assim que entrei e avistei sua cela, que era a única ocupada do andar, me arrependi. Enquanto me aproximava meu tutor já falava.

– Sua traidora nojenta, mimada e egocêntrica...

Cruzei os braços e revirei os olhos.

– Já terminou?

– Quando eu sair. E eu vou sair. Juro pela minha vida que enfiarei sua cabeça numa estaca, e quando ela já estiver podre vou jogá-la no fogo até virar pó...

– Entra na fila. Vim aqui porque todo o plano deu errado, mesmo comigo repreendendo os nobres nada deles abrirem mão das riquezas, e assim que mandei matar o primeiro todos os outros me atacaram novamente, está faltando tudo para a população, já que eles estão se recusando a vender.

– Garota tola. – Ele começou a rir baixinho. – Nunca daria certo, mas nunca pensamos em pedir nada aos nobres, inicialmente mataríamos a todos com o dinheiro dos cofres reais e os substituiríamos por pessoas de minha confiança. Diminuiríamos um pouco o valor das coisas e iríamos reformar o Oeste da cidade. Apenas isso, e estaríamos no poder, agradaríamos a todos. E eu conseguiria o que queria.

– Um traidor, não apenas dos pais de Atarah, mas do seu próprio grupo... Tudo isso para voltar ao topo.

– E olha. Você me traiu, fiquei surpreso, nunca foi alguém que dei muita importância...

– Por que queria me colocar no poder, fale a verdade se não eu derreto seu braço.

– Keres estava certa naquele dia, você é um rosto bonito, era fácil de manipular e todos gostavam. Te colocaria no poder, pois você iria abaixar a cabeça assim que visse tudo que poderia ganhar.

– Eu acreditava em um mundo melhor, mas pelo visto isso será impossível enquanto pessoas como você viverem, como Atarah, mas essa já está morta, mas guarde as minhas palavras Cathan, nunca subestime uma sonhadora, já sujei minhas mãos de sangue mesmo.

Esfreguei minhas mãos. E as apontei para meu tutor.

– O que pensa que está fazendo, Adenna?

– Acho que estou tentando fazer as coisas acontecerem, pois estou com medo. E esperar está sendo uma tortura.

Incinerar o homem que me criou até virar cinzas nunca fez parte dos meus planos, mas aconteceu, na verdade, muitas coisas que não eram parte dos meus planos andam acontecendo.

Caí de joelhos e chorei, sei que isso não vai resolver absolutamente nada, mesmo assim. O que eu vou fazer? Quando escutei passos atrás de mim tentei me recompor, limpei as lágrimas e me levantei do chão. Alastair olhou para as cinzas e então para mim, umas três vezes, não sei o que esperava dele, mas sem dúvida não eram aquelas palavras.

– Você não cansa de bancar a garota tola, Adenna?

– A cada dia que passa acredito mais que sou ela. Olhei o que eu fiz... Se isso não foi à atitude de uma garota tola, eu não sei o que foi.

– Diria que foi uma atitude de uma menina sem equilíbrio emocional, na verdade.

– Vá embora, Alastair.

– Adoraria, mas acho que você é quem deveria ir embora...

– Por quê?

– O castelo está sendo invadido, e você ter desaparecido não ajudou em nada.

– Eu vou lutar.

– Não, você não vai. Fuja.

– Sorin ficará, e por isso ficarei também. Ou vai me dizer que vai deixar ele fugir comigo?

Alastair engoliu em seco, mas sabia que não deixaria o rei ir, já que ele é sem dúvida um dos Bruxos mais poderosos desse castelo. Só que senti que o guarda não temia por eu não partir.

Assim que saí das masmorras e corri em direção ao meu quarto entendi o motivo. Keres, Faolan, Keir, amadrya e... Atarah. Todos juntos. Acompanhados de um grupo gigantesco de pessoas. Pessoas do povo, a quais perdi quando os nobres se recusaram a vender suas mercadorias e a pagar os impostos.

Ela deveria estar morta...

Será que era isso que Blyana tentara me avisar?

Alastair mentiu para mim, ou aquela desgraçada realmente voltou dos mortos. Não tinha tempo de brigar com Alastair, não me restavam mais muitas pessoas nesse castelo. Ficamos mais alguns segundos olhando da janela até eu dar minha ordem.

– Quero estar na sala do trono. E você vai comigo. Quero que mantenha Sorin o mais longe de Atarah possível. Ele não pode vê-la.

– Algum motivo?

– Nenhum que seja da sua conta. Traidor. Agora vamos.

– Eu posso explicar...

– Não quero suas desculpas. Quero que a enfrente.

Não tinha tempo de trocar de roupa, apenas de pegar uma arma, mas com este vestido não serviria para nada. Chegamos à sala do trono antes deles invadirem o castelo, mas era questão de tempo. Desta vez quando matar Atarah ela vai morrer.

Assim que as portas foram derrubadas meu coração parou, primeiro por Sorin ter entrado na sala do trono por uma porta lateral, não a principal, antes que eu pudesse o expulsar, Atarah e sua corte entraram.

Ela estava com os cabelos loiros claro presos em uma trança comprida, mas deve ter cortado o cabelo, pois era maior. A rainha caída usava calças. Keres também, ambas com um conjunto de tecido. A da assassina era igual à de sempre, totalmente preta. Já a de Atarah era um casaco azul claro como o céu ao amanhecer com bordado em fios dourados, sua calça era branca, lisa de qualquer coisa, e usava botas igualmente brancas. Estava deslumbrante, e diferente do resto da corte não carregava arma alguma. Como se precisasse.

Os homens vestiam trajes pretos com detalhes em couro, nenhum deles parecia estar cansado, mas estavam com os rostos manchados de sangue... O Elfo estava diferente, seus cabelos com de lua foram cortados. Assim que eu me levantei Atarah começou a falar, mas não era para mim. Era com Alastair, todos estavam agindo como se eu não existisse.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now