Um novo dia - Atarah

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Acordei no outro dia com o nascer do sol, não sonhei com nada, estava tão cansada que meu cérebro nem conseguiu criar algo. Estou estranhamente disposta hoje. Me sentei na cama e treinei um sorriso convincente. Não tenho mais uma dama, e realmente não quero chamar ninguém para me ajudar. Me troquei sozinha, a primeira vez em muitos anos, não preciso de ajuda, nunca precisei, tenho o auxílio da magia, que deixa tudo muito mais fácil. Mesmo com a noite de sono, não consegui recuperar nem metade do meu poder. Estou com um nada perto do que posso possuir.

Pensei em prender o cabelo, pensei em fazer apenas um rabo alto, mas acabei fazendo um emaranhado de tranças, que resultou em algo bonito. Sempre fui jeitosa com cabelo em geral. Na infância prestava muita atenção enquanto faziam os penteados em minha mãe e em Adenna.

O vestido é cinza claro, quase branco, mas ao invés de conter pó de ouro, esse tem um preto, que brilha e se mistura com um prata. Luto. Preciso expressá-lo, mas já passou, não posso me demonstrar triste. Não estou bem, pensando melhor, estou péssima, mesmo assim, não possuo o luxo de poder me sentir mal. De ficar triste por algo tão... Trivial.

Assim que abro a porta, o mesmo guarda que me acompanhou na noite passada está parado ao lado de fora do meu quarto. Está reto e com a mão descansando no cabo da espada. Sua perna está enfaixada, está mais gorda que a outra, ele é todo musculoso, e é tão alto. Acabo levantando uma sobrancelha e parando ao seu lado.

– O que exatamente está fazendo aqui na porta de meus aposentos?

O guarda precisa olhar para baixo para me ver, não perco meu tempo o encarando... O uniforme cinza escuro da guarda fica bem nele.

– Vossa Alteza, como futura rainha precisa sempre ser escoltada para os lugares que desejar ir. E sempre pelos guardas mais próximos e confiáveis.

– E o que te faz pensar que você é um deles?

– Eu ter crescido aqui, e eu ter feito, mesmo que por pouco tempo, parte da escolta dos seus pais.

– Não preciso dessa baboseira. – Sai andando, mas comentei enquanto ia a caminho da escada, que ficava ao final do corredor. Agora iluminado pela luz do sol, mesmo com o dia nublado e frio, ele ainda ilumina o espaço. – Sorria. O céu, o dia, está tão bonito.

Assim que cheguei à escada ele veio. Revirei os olhos e o esperei, enquanto descíamos ele disse com uma voz que trazia uma certa autoridade irritante.

– Como... Como consegue estar de tão bom humor? Sabe que ninguém a criticará se quiser mostrar o luto. Eles eram seus pais.

Assim que pisei no primeiro andar respirei fundo e fechei os olhos por alguns segundos. Vou tomar o café da manhã com os convidados da festa. Não parei de caminhar para respondê-lo, mas quando as portas do salão foram abertas para mim, então respondi, com um tom mais elevado, para que todos escutassem, estavam em um silêncio absoluto, mesmo antes de eu entrar, ou estavam cochichando baixo demais.

– É possível que eu tenha ficado um pouco sentimental. Acho que fiquei um pouco cansada ou até mesmo um pouco nostálgica, mas já passou. Bom dia a todos!

Assim que me sentei no lugar de meu pai, trouxeram quase que imediatamente um prato com comida, estava com um sorriso doce no rosto, e aproveitando o café até minha tia, mãe de Sorin, chegar gritando e quase caindo no chão, nada digno de uma rainha. Eu apenas a assisti se humilhar, os guardas a pararam antes que pudesse chegar perto de mim. Apoiei meu braço na lateral da cadeira e encostei a minha cabeça na mão. Minha cara de tédio fez alguns nobres sorrirem.

– Solte o meu filho! Ele não tem relação alguma com isso, Atarah! Se não o soltar o Leste...

Chega a ser assustador pensar que Odalis, rainha do Norte, uma mulher nobre e dona de uma classe exemplar é irmã do marido... Dela. Como pode?

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now