O mundo que sobrou - Atarah

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A morte foi uma tela preta durante alguns segundos, então abri os olhos, estava em uma varanda de um castelo de cristal, que dava a vista de uma enorme queda d'água, era como se estivesse no fim do mundo, assim que me levantei percebi que não usava mais o meu vestido, esse era azul, lindo, e a cor ficou ótima em vim, as mangas eram baixas e bufantes com detalhes em prata... Prata, não gosto desse metal e nem dessa cor, mas não sei o porquê.

- Finalmente. - Uma mulher, metade de seu corpo era formado de ossos expostos. - Achei que ficaria mais nas terras, para afundar tudo. Uma pena ter se juntado a nós antes.

- Nunca foi meu foco... Eu acho. - Disse me levantando. - Onde estou?

- Não sei se saberia te dizer ao certo, mas este é o castelo do fim do mundo. O engraçado que ele não está em lugar algum. Vamos?

Eu segui a moça para dentro, era tudo branco, azul, cinza e dourado. Tudo de mármore. Deuses. Vários deles se reuniam em torno de um círculo no chão bem no meio do enorme salão. Quando me aproximei olhei pelo buraco, tudo me parecia tão familiar, mas ao mesmo tempo não conhecia nada. Onde era aquilo?

- Pessoal. - Disse a deusa. - Lhes apresento a nova integrante. A deusa do gelo.

- Era para ser do caos também. - Disse um outro, seu corpo era apenas fumaça preta coberta por um tecido fino.

- Mas ela optou por tirar a graça do jogo todo. - Disse outra dos cabelos laranjados.

- O que?

- Deixem a jovem em paz. Ela ainda não entende nada do que está acontecendo. - Um deus feito de faixas chegou colocando as mãos em meus ombros. - Fique calma, com o tempo você vai se acostumar.

- Posso fazer a pergunta? - Disse uma mulher morena. Ninguém deu muita atenção. - Qual é o seu nome?

Que pergunta besta, todos sabem seus nomes, e pelo jeito todos me conhecem aqui, só que... Qual é o meu nome? Quem sou eu?

- Tadinha, Lenia. - Disse a deusa de ossos.

- Você, você é a deusa do conhecimento.

- De fato.

- Então você sabe a resposta.

- Sim, mas você não sabe. E isso é porque você não precisa de um nome aqui, sua vida acabou. Nomes para seres como nós são insignificantes.

- O que estão vendo? Quem são essas pessoas?

- O jogo. - Disse o homem de faixas. - Quando você morreu ele acabou. O que é uma pena, as apostas estavam boas, mas daqui alguns anos vamos apostar de novo.

Passei dias sentada ali, não sinto fome, nem frio, nada. Morta. Não consigo escutar o que dizem. É como um espelho, feito de água, só que ao invés de me refletir está refletindo as terras. Passei sabe se lá quantas noites observando uma garota, ela é bonita, e tem os cabelos bem escuros, sempre está de preto. Será que está de luto?

- Quem é ela?

Sempre tem alguém me vigiando, ficam surpresos por eu ainda me entreter com essas vidas entediantes. Já eu, fico surpresa por eles as acharem entediantes, todos parecem estar tão tristes e sozinhos.

- Por quê? Gostou dela?

- Sim.

- Ela se chama Adenna. Está morta por culpa dela... Foi ela quem mandou matar você, mas você também nem tentou lutar, jogou tudo para cima e deixou todos os problemas nas mãos desses incompetentes. - Respondeu a morte.

- Eu era ruim?

- Você era humana. Gostava de você por isso.

- Você controla para onde as vidas vão, certo?

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now