A assassina - Merle

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   – Preciso de algo, ficar me embebedando não me dará dinheiro, Cain.

O bar estava como sempre, cheio de ladrões e assassinos, mas ninguém ousa se sentar perto de mim, sabem quem eu sou, sabem o que faço, e melhor que isso. Sabem que sou a melhor. Melione não é lá o melhor lugar para pessoas como nós, dois assassinatos aqui e todos já saberão seu nome. Mas devo muito aos bardos, me ajudaram bastante. Estava em Alida, passei um mês naquele deserto desgraçado. Uma terra esquecida pelos deuses e pelos reis, mas vamos ser sinceros, eles merecem.

Cain ignora tudo o que digo, não é de hoje, sei que escuta, por algum motivo finge que não escuta nada. Ele deixa mais uma caneca de cerveja morna para mim. Sua taverna está lotada, estão comemorando algo numa das mesas. Eu como a melhor assassina de Melione devo admitir que estou um pouco desinformada, um mês e duas semanas faz diferença, e ninguém entrou em contato com meu mestre, que não é algo que acontece com frequência, e não é algo que eu goste. Odeio ter que dormir junto daqueles iniciantes inexperiente, sou a droga da melhor destas terras. E principalmente quando estou devendo até a minha alma ao meu mestre.

Me viro, estou sentada naqueles bancos mais altos, adoro não encostar meus pés no chão. Pelo o que parece são rebeldes, pessoas tolas e com um sério problema de falta de utilidade para a sociedade. Sou um rato para muitos, mas mesmo assim sou melhor que eles, essas pessoas são uma doença. Que diferença faz tirar a rainha se pretende colocar outra? A influência que eles têm na minha vida é a mesma que as batidas das asas de uma Fada.

Podem achar que Adenna será diferente, mas no fim o poder irá subir a sua cabeça, e ela será a mesma coisa que Atarah, quem sabe pior. Me perdi em meus pensamentos e nem vi um jovem se aproximar, cabelos marrons, olhos vermelhos bem escuro, moreno e não muito forte, mas chegou de uma forma furtiva, ladrão. Tadinho, não tenho uma misera moeda, já que eu bebo aqui de graça, e porque tive que pagar algumas dívidas, mais o imposto para o meu mestre e os atrasos, e meu dinheiro acabou. De novo. E mesmo assim, ainda devo a ele e a metade de Melione, armas são caras e roupas também. E como sou absurdamente chata com essas coisas, sempre sai caro. E esse tipo de coisa raramente consigo dividir, já que se eu morrer o vendedor perde tanto a roupa ou a arma quanto a chance de receber o seu dinheiro, mas é por isso que temos contatos, amigos e uma boa reputação em relação a pagamento de dívidas.

– Carmim, é nova?

Não resisti e o olhei com desinteresse, meu cabelo está uma merda por conta do sol da cidade do deserto. Percebi que ele engoliu em seco, acho que percebeu com quem fala.

– Acho que a única pessoa nova aqui é você. Se estiver pensando em me roubar, nem perca seu tempo, eu não tenho nada, e te mataria antes que você conseguisse se quer encostar mim.

– Filha do Caos. Pensei que a guerra de vocês...

– É apenas mais uma perda de tempo, aquelas terras já foram esquecidas pelos deuses há muito tempo, mas que todos se matem. Eu não me importo... – Uma oportunidade, ele pode saber o que os rebeldes planejam e se eu posso conseguir algo com isso. – Sabe o que aqueles tolos planejam?

Parei de encará-lo e voltei o olhar para a mesa barulhenta, o ladrão fez a mesma pose que eu, encostando as costas no balcão de madeira gasta e os braços na borda farpinha. A luz da taverna é amarelada, o lugar fica na área mais pobre e perigosa da cidade. O local não é grande, mas é bem aconchegante quando não tem pessoas quase saindo pelas janelas.

– Aqueles “tolos” mudarão o mundo.

– Tanto faz. Sabe de algo ou não? Moreninho.

– Keir, sou Keir. Sei que Adenna está no castelo, e que eles planejam algo pelas costas da princesa de prata.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now