A peça - Merle

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Assistir Keir saquear no início foi engraçado. Principalmente quando as pessoas percebiam que as coisas haviam desaparecido. Ficamos sentados assistindo o melhor espetáculo da minha vida. O ladrão não parecia aproveitar tanto quanto eu. São poucos os que conseguem desfrutar desses momentos.

Atarah é realmente o que eu achei que seria. Os deuses não mentiram sobre o seu poder, e nem pelo seu ódio aos rebeldes. Cuidar dela será algo relativamente divertido. Aproveitei as apresentações até o terceiro... Meu povo doente. "Vá lá. Lute".

- Por quê? Já disse que não tenho dever algum com eles. Igual eles não têm comigo.

- Está falando comigo? - Disse o ladrão.

- Claro que não. Estou falando com os deuses.

- O que eles querem?

Esperei por uma resposta deles, mas não recebi nada.

- Querem que eu desça. Que eu lute.

- Parece divertido... Quer que eu vá com você?

Ri baixinho por conta do ânimo do Bruxo, não fiquei ali para dar uma resposta, saltei para dentro da arena, no fundo não tinha certeza se daria certo. O motivo de eles me quererem ali ainda era uma incógnita para mim. Mas a última vez que não fiz o que eles mandaram... Me custou muito mais do que teria se eu tivesse os obedecido. Esse é o preço de ser uma peça. "Não nos desafie". Depois daquela vez nunca mais desafiei.

Fiz uma reverência exagerada para os Filhos do Dia. Eles pareciam não estarem nem um pouco satisfeitos com a minha presença. Pareciam estar com medo. Por algum motivo eles podem sentir tal coisa. Os Filhos do Caos sorriram ferozmente para mim. Tirei minhas armas das costas e as girei algumas vezes. Quando percebi quem havia pulado para dentro da arena e corria para perto de mim...

O que esse tolo faz aqui?

Keir sacou minha arma roubada por ele, cuidou bem dela. Lancei um olhar mortal para o garoto, que foi respondido com um sorriso animado. Quando a corneta soou fiz o que faço de melhor. Sinceramente nem sabia mais o que matava. Sentia apenas minhas lâminas momento ou outro ficando mais pesadas e o sangue borrifando em meu rosto. Estava meio tonta. Saltar não me faz bem, mas é uma vantagem incrível que tenho. Uma que pelo jeito foi tirada dos demais Filhos da Noite.

Foram seis. O ladrão nem estava indo tão mal. Os Filhos do Caos entenderam que ele era aliado. Os Filhos do Dia estavam em desvantagem, até Adenna e um garoto invadirem a arena também. O que essa... Essa imbecil tem na cabeça? Pois um cérebro com toda a certeza não tem.

Ela pegou uma arma de um dos corpos e seu colega Bruxo se transformou em um tigre. Seus pelos eram laranja e suas listras completamente pretas, nenhuma marca. Será que ambos já haviam lutado?

O que será que aconteceria se eu arrancasse todo o pelo do tigre? A forma humana do garoto ficaria sem pelos? E se eu tirasse uma camada um pouco mais grossa, com pele. Estaria esfolado? Tantas dúvidas!

Pelo menos ela não foi louca de ir contra mim, e sim conta Keir, mas acho que Adenna se esqueceu que nós não jogamos limpo, jogamos para vencer. Não basta o ladrão ser rápido e habilidoso em seus movimentos, ele tem magia. Não o vi matar ninguém, estava apenas ajudando, aparentemente. Keir a travou. Literalmente fez algo que a deixou incapaz de se mover. Queria ter tido mais tempo para apreciar o olhar de desespero dela, mas dois Filhos do Dia estavam se aproximando.

Enfrentei os dois ao mesmo tempo por poucos segundos, pois outro Filho do Caos chegou e ficou com um. Não tivemos muito diálogo, não tivemos dialogo algum, ele tentou me furar no estômago, mas empurrei sua arma com uma de minhas espadas e a outra eu usei para cortar sua cabeça. Meu braço doeu pela força feita.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now