A queda - Adenna

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Quando a cabeça de Atarah rolou no chão, então meu mundo caiu. Acabou. Eu sou a rainha do Norte. O mundo fazia silêncio, em luto. Como podem ter pena de alguém como ela? Sorin chegou por trás de mim colocando a mão em meu ombro e aproximando a boca de minha orelha.

– Agora Adenna. Não se esqueça que você está só.

– Eu tenho você.

– Você matou uma rainha, minha única família, de forma fria e cruel. Pública. Então, não. Você está realmente só agora, pois ninguém gosta de pessoas assim.

Enquanto ele se afastava falei.

– Mas vocês gostavam de Atarah.

– Minha prima era esperta, tinha carisma e no fundo, bem lá no fundo era uma boa pessoa, era uma pessoa incrível. Era um lobo, apenas isso, você... – Ele riu de forma cruel. – Você não é nem metade do que ela era. Aceite que seu império está com os dias contados Adenna. Aproveite assassina.

Fiquei lá, sozinha. Sorin desceu e jogou seu sangue sobre o corpo da prima, ele é o rei, ninguém iria lhe impedir, era a família dele, mas ele fez bem em não tentar me impedir.

Sou a rainha, mas, e agora? O que irei fazer? Matar Atarah não resolveu problema algum, que sabe possa até ter piorado tudo. Eu venci. Os deuses não deveriam fazer algo por mim? Quem sabe um prêmio?

Durante dois dias só conseguia pensar  que Atarah estava certa, ela era a rainha, eu só queria derrubá-la para provar que era capaz... O que eu fiz! As noites eram inquietas, nunca conseguia dormir mais de quatro horas. O mestre dos assassinos me entregou a coroa da rainha, mas me recuso a usá-la.

Perguntei por Keres, Keir e Faolan, mas não recebi nenhuma notícia, era como se eles nunca tivessem existido. Nas reuniões do conselho eu era totalmente ignorada, para algumas não era nem se quer chamada. Sorin estava tendo que resolver tudo sozinho, não que se quer cogitasse passar mais de vinte minutos no mesmo ambiente que eu.

O rei nem se quer olhava mais para mim, dormíamos em quartos separados e não fazíamos nada juntos, ele tinha mais poder que eu, sempre teria. Era homem. Agora entendia porque Atarah não tinha se casado. Tirando que no início tinha sido por outros motivos.

Meses se passaram e o Norte continuava estagnado. Pelo menos paramos de afundar. Graças a Sorin. O que quer que ele estivesse fazendo estava dando certo. Mudou o conselho inteiro e andava de um lado para o outro sempre com uma pilha de papéis. Já que tudo o que eu acreditava era uma mentira, achei melhor parar de me intrometer, estaria mais atrapalhando do que ajudando.

Blyana e Balderik finalmente assumiram que eram um casal e se mudaram para Aloisia, disseram que a corte não era mais um lugar para eles. Todos me abandonaram.

Desde a morte de Atarah o Norte voltou a ter sol e a ser bem mais quente, mas mesmo com um lindo céu ainda não conseguia me animar, e fazer novos amigos estava bem complicado, já que eu era uma assassina, ladra e manipuladora.

Um mês se passou, dois, quatro, oito, um ano. Nada melhorou. Agora Sorin vivia viajando, ia a diversas cidades, enviava diversas cartas e vinhos, presentes, soube que mandou uma enorme quantia para alguém nas Terras de Luz. A última vez que me contou para onde ia foi para sua ida para Aergia. Ele voltou mudado de lá, mais decidido. Com ideias estranhas, com um plano para o futuro do Norte.

– Adenna. Acabou. Já estão escolhidos todos os membros do parlamento. Os dias da monarquia já passaram. Precisamos de um mundo novo. Com pessoas diferentes.

– Seu conselho tem seres de todas as raças! Isso é loucura, Sorin!

– Isso é uma mudança. O mundo precisa de mudanças. O Norte não precisa de reis, Adenna. Ele precisa de paz, de aceitação. De progresso.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now