Sem destino - Atarah

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A primeira coisa que fiz após fugir foi procurar o meu comerciante favorito, o mesmo que me vendera aquelas jóias, não recuperei nem metade do dinheiro que elas valiam, mas mesmo assim era muito dinheiro, segui pela estrada por pouco tempo, enquanto estivesse próxima de Melione era ainda muito facilmente reconhecida.

Viajei dias sem parar, para nada, não podia. Inicialmente pensei em ir para as Terras Férteis, mas acabei mudando de ideia. É muito longe, e teria que cruzar o Leste inteiro. E lá eu já não sou conhecida... Meu nome é famoso, mas meu rosto não, mesmo assim. Está na hora de mudar um pouco o visual.

Durante os dias de viajem comecei a diminuir as doses de veneno, e quando estava próxima da divisa do meu território parei em um salão, cortei meu cabelo, ainda era comprido, mas não tão enorme quanto era antes, e fiz uma franja, me arrependi na mesma hora, mas graça aos deuses não fiz uma curta, em questão de meses estaria ótimo novamente. Comprei um vestido bem mais simples, só que não feio. E foi difícil.

Se me perguntassem meu nome era Virginia, Virginia Isleen. Filha de um fazendeiro do Norte. E, é... Não acho que me perguntariam mais que isso. Já que o Leste é conhecido pela falta de... Como dizer? Ser mulher e nascer no Leste é realmente uma junção terrível.

Decidi tomar um rumo, Ailith, é uma cidade isolada, há montanhas entorno dela, nada de muito incrível acontece lá. E o principal, meus tios detestam aquela área, em sua maioria por ser pobre e por ser claramente a pior cidade do território, mas eles não moverão um dedo para mudar isso. Isso quer dizer, jamais terei o desprazer de encontrar com eles.

Acabei trocando de cavalo umas quatro vezes, precisava de um que não estivesse cansado, mas a partir do momento em que eu chegar nessa maldita cidade, me recuso pelo resto da minha vida a andar de cavalo. Nunca havia feito uma viajem tão rápida e tão dolorosa como essa.

Ainda estou tentando digerir a traição de Alastair, ele me motiva a voltar para o Norte, matá-lo... E Adenna. Não acredito que tentou me matar, amigas não machucam umas as outras. A partir de agora é defesa pessoal, ou retaliação. Acho que é justo.

Agora voltei a andar com minha magia completamente camuflada, aparento ser tão fraca quanto o príncipe das Terras Capitais. Minha chegada em Ailith foi a baixo de neve, como era possível nevar no Leste? Desde que eu nasci nunca havia visto neve, esse é um privilégio apenas do Leste e da Capital. Acho que neva no Sul, mas Brylee não disse nada sobre isso.

Como havia chegado ao meu destino fui atrás de uma espelunca para passar a noite, minha capa estava encharcada do gelo derretido, e lá fora estava tão frio. Assim que entrei um mormaço me atingiu, e aquilo foi maravilhoso.

Quando me aproximei do balcão da recepção a mulher me olhou dos pés a cabeça, mas não me deixei intimidar. Percebi que a pequena casa de madeira estava lotada por mulheres, todas em torno de uma senhora de idade e ao lado dela havia um jovem, seus cabelos eram de um marrom bem escuro e seus olhos azuis. Parecia estar detestando tudo aquilo, dei um meio sorriso com isso.

– Se está aqui para tentar a sorte com o garoto, saiba que todas elas estão tentando também.

– Quem é ele?

Ela pareceu surpresa com a minha pergunta, como se fosse algo impossível de eu não saber.

– Ele é Lyan Hollis, apenas o garoto mais famoso e cobiçado da cidade. – A mulher tinha um tom de desprezo na voz. – Mas ele não escolhe nada, aquela ali. – Ela apontou para a senhora. – É a mãe dele, é ela quem vai decidir.

Ótimo. Deixei a recepção e fui direto para lá, sou uma rainha. E começar uma nova vida com um marido me parece bom. Continuei com minha magia oculta, tentei deixá-la na média das outras. Aparentemente não gostaram da minha interrupção, mas acabei chamando a atenção do jovem.

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now