7°- capítulo

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Como é segunda, estamos na aula de educação física agora. O professor é um cara legal. Ele é alto pra caramba, tipo muito alto mesmo. Se eu dissesse que ele tem dois metros, eu não estaria exagerando.

E super legal. Quando viu Mary e eu veio correndo até nós, desejando boas vindas de um jeito animado e conversando um pouco com a gente. Sobre o que gostamos de fazer, sobre o que fazíamos na antiga escola, essas coisas.

Ele ficou um pouco surpreso, pouco não, muito surpreso quando eu disse que gostava de jogar futebol e basquete. Se sou boa não sei, mas eu gosto. E já fiz gols e cestas de dar inveja a alguns meninos. Não é como se eu gostasse de fazer isso na frente das pessoas. Eu me sinto patética e na maioria das vezes sempre acontece algo que faz eu passar vergonha. Na minha antiga escola isso era quase habitual.

Depois disso Mary e eu sentamos na arquibancada junto com Emma. Todas as meninas estão aqui. Um pouco em cada lugar da arquibancada. O grupinho da Stacy está mais a esquerda de nós, uns três degraus à cima. Ela, Megan e Jully. Depois as outras meninas estão com seus grupinhos, que vão de uma à quatro meninas.

Tem uma garota aqui que não fala com ninguém, não anda com ninguém, é completamente sozinha.

Me identifico com ela e isso me aperta o coração. A maioria das minhas amizades foram feitas pela Mary. Ela quem cria intimidade com as pessoas, ela quem as pessoas se indentificam e querem ser amigas. Eu apenas tinha amigas porque Mary as arrumou para mim. Bem, mais ou menos. As únicas amizades que ela fez que deu certo para mim também, foi com a Érica e a Paloma. As outras eu apenas conhecia mas isso não podia se chamar de amizade, não para mim.

Sinto por essa garota, ela provavelmente se sente mal e solitária. Solidão é um sentimento realmente horrível. A cada segundo que olho para ela, mais eu me identifico. Dá para ver perfeitamente que ela é uma nerd, simplesmente por estar lendo agora, justamente agora.

Não a julgo, eu estaria fazendo isso se não tivesse esquecido meu livro de orgulho e preconceito em casa. Suas características também a entregam; Usa óculos, parece intimidada, usa roupas discretas, e parece desconfortável aqui. Exatamente como eu. Não gosto de ficar no mesmo lugar que muitas pessoas, me sinto pressionada.

Por algum motivo, me sinto na obrigação de ir falar com ela.

Não é como se eu fosse boa nisso; fazer amizades, mas quero tentar. Seria uma grande conquista. Eu me identifico com ela e talvez ela possa se identificar comigo também. Eu realmente devo tentar, preciso engolir a insegurança e ir até ela. O que pode acontecer não é?

Na quadra, todos os meninos jogam, enquanto as meninas só conversam sobre provavelmente algum deles na arquibancada. Ally está bem no primeiro degrau, sozinha, apenas com um livro sobre as pernas, parecia concentrada mas via que ela dava algumas olhadas para a quadra.

Inspirei fundo e me levantei do lado de Mary que conversava com a Emma. Tentei tomar confiança a cada passo que dava até ela. Me sentei ao seu lado e a encarei cautelosamente. Ela imediatamente me notou, seus olhos negros brilharam em curiosidade e provavelmente em confusão. Ela tem pequenas sardas nas bochechas, que a torna adorável e gostaria de saber por quê com as minhas eu não consigo sentir o mesmo.

- Oi. - digo dando-lhe um sorriso amigável. Eu sinto que tenho que tentar ser confiante, por mim e por ela.

Vamos lá, eu consigo.

- Oi. - ela responde com a voz confusa e baixa.

- Hm... O que está fazendo? - pergunto casualmente, encarando seu livro de matemática. Eu sei que ela está lendo ou estudando, mas eu realmente não sei muito bem como começar uma conversa.

Simply Happens [H.S] Where stories live. Discover now