64°- capítulo.

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- Obrigada pela preferência, tenha um bom dia. - eu disse, depois de entregar um café expresso para um senhor, de cabelos grisalhos e sorriso amigável.

Aquela frase ficou marcada na minha cabeça, e não podia contar nos dedos quantas vezes falei-a, durante todo esse mês. Chegou uma hora que ela saía automaticamente, como se eu fosse um robô programado para dizer-la.

E eu não estava reclamando. Depois de muito tempo, eu me sentia bem fazendo algo, me sentia capaz e aquilo era ótimo para mim. Era exatamente aquilo que eu procurava, algo que me fizesse sentir útil e me ocupasse.

Mas junto com aquilo, vinha o cansaço, já que o Coffee Break ficava aberto na maioria das vezes até às onze da noite e iria no máximo até meia noite, porque segundo o Steve, é raro ter estabelecimentos bons, abertos até essa hora e isso trazia mais lucro. Mas mesmo que eu mesma tenha pedido para trabalhar mais, não podia negar o quanto cansada estava.

Meus turnos eram dês do meio dia, até mais ou menos, dez horas, e às vezes eu ficava, para ajudar o Adam e o Steve. Claro que eu me disponibilizava a isso, mas os dias em que isso acontecia, eram aqueles que eu estava sobrecarregada, onde meus pensamentos corriam e a bola no meu estômago parecia ter vida própria. Então trabalhar era o modo que eu achei de ficar ocupada, sem contar que eu recebia hora extra.

Minha mãe, Mary e até meu pai não gostavam disso obviamente, mas não ouvia muito o que eles diziam. Eu sabia que aquilo estava me ajudando, da forma que eles não consegueriam entender, e isso era aceitável para mim.

Minha vida antes era definida em escola e casa, e a única coisa que mudou agora era que a escola, foi substituída pelo trabalho, e isso, mesmo com o cansaço diário, era bem-vindo.

- Bella, você não vai acreditar! - Adam praticamente gritou ao meu lado, o que me ocasionou um sobressalto.

- Adam! Pelo amor de Deus, eu estou no seu lado. - sussurrei, olhando-o com um olhar repreensível. O luz da tela do seu celular brilhava em seu rosto, enquanto ela me olhava de volta.

- Porque eu estou ansioso e entusiasmado para te contar? - ele balançou os ombros e franziu a testa ligeiramente, como se fosse óbvio. - Tá, só ouve. O Steve vai me levar para jantar hoje a noite com a família dele e.... Eu estou desconfiado que ele... sabe, me peça em casamento. - ele mordeu o lábio inferior, ansiosamente.

- Meu deus, isso é sério? - perguntei surpresa, porém animada por ele e ele assentiu inquieto. - Por que acha isso? Ele fez algo para você desconfiar? - perguntei enquanto enchia um copo marrom de café descafeinado, para uma mulher que nos observava em curiosidade.

- Ele tem estado misterioso nesse último mês, tem andado meio distante e ocupado e eu até fiquei inseguro no começo que pudesse ser algo que eu fiz ou.. sabe, que ele pudesse estar cansado da nossa relação mas dias atrás eu o ouvi falando no celular com sua mãe sobre estar com receio que eu não possa aceitar e achar muito cedo, o que eu fiquei bem confuso mas agora, eu estou começando a entender, só não tenho certeza ainda. - ele contou, quase inquietamente pela ansiedade e assenti, em compreensão. - Você acha que eu estou me iludindo?

- Adam... Eu não sei... - murmurei pensando e entreguei o café para a mulher que sorriu agradecidamente enquanto me entregava o dinheiro. - Obrigada. - agradeci e olhei para Adam assim que a mulher saiu.

Ele parou de contar o dinheiro do caixa, para prestar atenção em mim e no que eu iria dizer-lo. Normalmente ele fazia aquilo depois do meio dia, quando o turno trocava. Eu normalmente substituía a Courtney, que ainda era mal humorada, mas não era maldosa, apenas muito anti-social. Muito mais que eu.

Enquanto olhava para ele e tinha sua atenção de volta, tão focada e ansiosa em mim como se minha opinião fosse realmente muito importante para ele, eu percebi o quanto próximos ficamos e que isso foi tão natural quanto minha amizade com as meninas.

Simply Happens [H.S] Where stories live. Discover now