75°- capítulo.

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- Por que temos que fazer isso de novo? - resmunguei, cruzando os braços. - Já tiramos em casa.

- Pare de reclamar e sorria para foto. Ela não vai desistir disso, você sabe.

Mary estava certa. Minha mãe não ia desistir disso tão fácil. O mínimo que vou conseguir se continuar a me negar a fazer isso, é chamar mais atenção.

E disso já basta o que estamos recebendo por agora.

- Tá... - descruzei os braços e encarei minha mãe. - Seja rápida, por favor.

Mamãe encolheu os ombros.

Suspiro, ajeito o chapéu que é estranhamente chamado de capelo, em minha cabeça e forço um sorriso para minha mãe, ao lado de Mary e a frente do palco improvisado que montaram no meio do ginásio. Tenho que admitir que o pessoal do Grêmio estudantil mais que se esforçaram para ajeitar tudo, em apenas quatro dias depois do baile.

Não me resta nenhuma dúvida do quanto trabalhoso tudo isso foi, e agradeço por ter desistido de me candidatar para ser membro da equipe. Eu provavelmente ia ficar uma pilha de nervos.

- Pronto.

O sorriso da minha mãe era brilhante, e era provável que ela estivesse muito orgulhosa hoje, o que fazia a tensão em meus ombros diminuírem um pouco. Ver ela sorrir desse jeito me faz sentir um pouco melhor e menos nervosa.

Mas só um pouco mesmo.

Tinha muitas pessoas aqui, algumas conhecidas, outras nem tanto, porém hoje tudo estava de um jeito mais organizado. As cadeiras decoradas e enfileiradas ocupavam menos espaço, e era menos tumultuoso. Mas para ser honesta, gostaria que tudo estivesse totalmente ao contrário, porque assim talvez eu me tornaria mais insignificante aqui.

Emma e Ally estavam com suas famílias há poucos metros de nós, também tirando fotos e conversando rapidamente antes da cerimônia, que estava prestes a começar. Não há muito tempo atrás, combinamos de irmos todas para casa de Emma depois da formatura, para relembrar os velhos tempos.

- Tá legal. Nós temos que ir para os nossos lugares agora. Nos vemos depois, tia.

Mary agarrou minha mão e me puxou para a primeira fila de cadeiras, onde a maioria dos alunos já estavam sentados, vestidos igualmente como Mary e eu. Não sei eles, mas para mim é mais que bizarro usar essa beca. A sensação não é exatamente como eu pensava.

Acho que só está sendo tão estranho assim porque estou me sentindo extremamente nervosa, principalmente porque daqui a pouco vou ter que subir naquele palco, com todos me olhando. Não pensei tanto nesse detalhe toda vez que desejava que esse dia chegasse logo.

- Vou para o meu lugar, tá legal? Tenta não pensar demais e nem tropeçar no caminho até o palco.

- Que conselho útil, Mary. Desse jeito você me surpreende. - sorri, falsamente.

- Só estou dizendo...- Mary encolheu os ombros e beijou minha bochecha em seguida. - Vou lá.

- Boa sorte.

Mary me respondeu com um gesto de marinheiro e um sorrisinho.

- Para nós duas. - murmurei, e sentei na cadeira em que estava escrito meu nome.

Fiquei há mais ou menos sete cadeiras afastada de Mary. Cruzei minhas pernas mas não deu dois segundos para que eu achasse aquela posição estranha, então descruzei as mesmas e me ajeitei, tentando achar uma posição menos desconfortável e estranha.

É claro que eu não consegui, porque não existe posição confortável quando eu não consigo me sentir dessa forma. Por que eu sempre tenho que transformar algo simples em um grande problema? É estressante.

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