57°- capítulo.

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Os seguintes dias passaram-se com rapidez anormal, e quando dei por mim, já estávamos no final de fevereiro. A neve estava calmamente derretendo e o frio diminuindo.

Caí na minha rotina diária de dormir, acordar, ler, e ajudar nos afazeres de casa. Eu não tinha muito o que fazer sem a escola. Ela independente de ser instável e torturante, me distraía e me tirava um pouco do tédio. Eu praticamente só estudava e ainda tinha as meninas. Elas eram uma boa distração na minha vida tediosa e chata.

Edwin e a tia Rose foram embora no final do fim de semana. Foi realmente ótimo tê-los aqui mas eles tiveram que voltar por causa do trabalho da tia Rose. Edi afirmou para mim que voltaria logo para me visitar outra vez, e que ficaria mais tempo. Não evitei um sorriso e disse que estarei esperando. Estamos nos falando constantemente por mensagens desde então.

Meus pais continuaram na sua rotina de trabalho excessivo e sendo praticamente ausentes. Nós mal conversamos, mesmo que não seja uma novidade. Somente não me sinto tão solitária porque tenho Mary. Ela me faz muita companhia, mesmo que agora, ela esteja cursando um curso de moda pela tarde, o que me faz ficar solitária, com tardes tediosas.

Ela pelo menos está fazendo algo de útil diferentemente de mim. Realmente estou pensando em arranjar algo para me tirar dessa bolha tediosa que se tornou a minha vida, quer dizer, sempre foi. Ou talvez eu já deva me inscrever na faculdade e esperar ser chamada para a entrevista. Já posso fazer isso se eu quiser mas ainda não fiz, e sei que é porque estou um tanto receosa de fazer isso agora.

Quero esperar mais algum tempo, apenas para pôr as ideias na minha cabeça em ordem. Acho justo e espero que minha mãe não reclame disso.

Harry está trabalhando excessivamente, mas no entanto, ele me disse que está fazendo isso porque quer juntar dinheiro, para fazer algo que ainda não sei. Nossa convivência diminuiu e isso não me deixa feliz. Sinto falta de quando ele passava as tardes comigo, jogando videogame, assistindo filmes e séries, ou apenas me atormentando com suas provocações e beijos. Era a melhor parte do meu dia, e gostaria que isso voltasse.

Hoje é uma das tardes que eu estou solitária, lendo um livro do Edgar Allan Poe porque estou tão deprimente quanto seus contos de terror. Estou lendo o conto do gato preto, um dos meus favoritos. Eu não costumo ler livros de terror mas no momento, me encontro gostando.

Não tenho falado com Harry desde ontem a noite e agora, ele provavelmente está trabalhando usando o seu avental branco e sorrindo gentilmente para os clientes da forma que mais os cativa. Ele realmente tem muito carisma e é impossível não se apegar a ele. Tenho certeza que esse é um dos motivos por ele ter conseguido o trabalho.

Me pego pensando no que ele acharia se eu aparecesse lá de surpresa. A Sra. Berkeley é gentil o suficiente para me deixar ficar lá sem problemas mas não quero realmente atrapalha-lo.

Só estou com saudades e querendo sair um pouco.

Comparando com o que estou fazendo, acho realmente que ir até lá agora, pode ser melhor do que ficar aqui, sozinha e deprimida. Assim aproveito para caminhar um pouco.

Então fecho o livro e levanto, decidida a ir ao seu trabalho e fazer companhia a ele, ou melhor dizendo, tendo sua companhia e de mais alguns estranhos.

Porém batidas na porta me impedem. Caminho até ela, abrindo-a para encontrar uma Anne aflita, com olhos inchados e levemente vermelhos.

- Oi...- cumprimento, não conseguindo esconder a estranheza na minha voz.

- Oi querida. Desculpa se estou atrapalhando. Eu só preciso que você me faça um favor. É importante.

Parecia mesmo.

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