47°- capítulo.

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Sinto-me um pouquinho inconsciente quando acordo.

A claridade parece me deixar cega por alguns segundos e minha cabeça começa a latejar. As pálpebras são lentas enquanto eu pisco, tentando me acostumar com a claridade.

Imagens de pôsteres grudados na parede cinzenta, me fazem franzir o cenho enquanto continuo lutando para deixar meus olhos abertos. Quando tento me mexer, sou impedida por um grande e firme braço, envolta da minha cintura, me prendendo contra ele. De alguma forma, não preciso olhar para saber de quem é. Eu rapidamente entendo que esse não é o meu quarto, nem minha cama e que dormi com Harry esta noite.

Fico terrivelmente perdida, porque eu não faço a menor ideia de como vim parar aqui. Não consigo me lembrar muito bem sobre a noite passada. As coisas estão vagas agora.

Sua respiração calma bate contra a pele do meu pescoço e consigo sentir a pele quente do seu peito contra minhas costas, o que rapidamente me faz enteder que ele provavelmente deve estar sem camiseta e me faz imediatamente olhar para baixo, para o meu corpo. Continuo vestindo o meu vestido de ontem a noite, e agora ele deve estar provavelmente amarrotado, mas não posso deixar de soltar um suspiro aliviado por isso. Eu não sei o que faria se eu acordasse com outra roupa ou pior ainda, sem nenhuma. Eu teria um troço, e ficaria eternamente corada.

Os problemas caiem como uma enxurrada na minha cabeça. Estou aqui sem nem ao menos lembrar de ter aceitado. Não sei que horas são, e a ideia dos meus pais sentirem minha falta hoje no café da manhã me deixa preocupada. Não sei onde Mary está e se está bem. Com tudo isso, descobri que estou basicamente, ferrada.

Eu não consigo acreditar que não me lembro de quase nada da noite passada e eu nem bebi tanto. Estava exausta sim, e foi a primeira vez que bebi uma quantidade relevante de vodka que se não me engano, é conhecida pelo seu alto valor alcoólico.

Não entendo se é porque recém acordei e minha cabeça está latejando, ou se eu sou mesmo muito fraca com bebidas. Eu me lembro quase bem sobre a festa, e sobre os acontecimentos, o que só aumenta minha dor de cabeça, mas as lembranças são vagas em questão de como vim parar na cama dele.

Depois de longos segundos pensando em como devo sair daqui, se devo acorda-lo ou não, decido tentar sair sem acorda-lo.

Me movo lentamente, torcendo que o seu aperto frouxe e que seu sono seja pesado como o de Mary mas a única coisa que acontece quando tento, é sentir seu aperto mais firme, me mantendo no lugar, enquanto ouço-o murmurar alguma coisa. Solto um suspiro frustado. Levo minha mão para o seu braço e tento retira-lo devagar, mas sua voz me assusta.

- Onde vai?

Ela soa profundamente rouca. Eu estremeço.

- Respirar? - ele suspira suavemente, frouxando o aperto, e se afastando de mim.

Não posso negar do quanto estava gostando de tê-lo tão perto assim, mas também não posso negar o fato que eu precisava de ar e ele estava praticamente me espremendo contra o seu corpo. Não é ruim, mas estou perdida demais para conseguir aproveitar esse tipo de coisa, e acho que ainda não me acostumei a esse tipo de situação. Nunca imaginei estar na cama com algum menino, e muito menos com Harry. É novo pra mim, posso dizer. Novo e indecente.

Me sento na cama. Passo as mãos no rosto e suspiro, enquanto me mantenho acordada de um sono maravilhoso, apesar de tudo. Quando viro minha cabeça para olha-lo, ele está me encarando com os olhos sonolentos, as pálpebras quase fechadas. Seus cabelos estão bagunçados e esparramados no travesseiro. O edredom branco está tapando metade do seu tronco exposto, deixando as andorinhas tatuadas no seu peito a mostra. Tenho vontade de sorrir por vê-lo o jeito extremamente fofo em que ele está, mas quando ele sorri, certamente por me pegar admirando-o, a única coisa que consigo fazer é corar e desviar o olhar.

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