Castir

335 60 6
                                    


*

Marie caiu de joelhos, sufocando um grito.

Não podia ser verdade! Mas era! Focalizou o corpo da amiga, completamente inerte entre os braços de Fantin. A mancha de sangue no peito dela continuava a crescer e Fantin afundou o rosto entre seus cabelos, sussurrando coisas incompreensíveis, enquanto Melina contemplava a cena em uma doloroso silêncio, regado a lágrimas.

Aquela dor cresceu no íntimo de Marie, destruindo qualquer felicidade plantada nele por ter estado com a mulher que amava. Tamar — Mestra Alina — esteve ao seu lado por mais de vinte anos, cultivando uma amizade carinhosa e assumindo para si a responsabilidade de tentar encontrar uma maneira de evitar a sua morte pelas mãos do Cavaleiro, — mesmo que lhe pedisse para deixar isso de lado — oferecendo sorrisos discretos de compreensão quando lhe falava sobre seus dissabores e o amor que tinha encontrado em Virnan.

A visão da princesa nublou, invadida por lágrimas grossas. A magia do círculo que ela conjurou, oscilou, fazendo a luz que demarcava seu limite se apagar por um segundo e este foi suficiente para que outra criatura o invadisse.

Virnan empalideceu e apressou-se até a mestra, que estava alheia ao que se passava. Obrigou-se a correr, desprezando a dor na perna ferida. Jogou-se contra Marie e as duas rolaram pelo chão até atingirem a barreira final do círculo. A guardiã se pôs de joelhos, ainda em tempo de visualizar o tentáculo suspenso no ar, no exato local em que Marie esteve.

Assustada, a mestra se pôs de pé e tomou para si a espada de um dos soldados midianos, cujo corpo jazia fora do círculo. A visão do sangue no cabo revolveu suas entranhas. Ela pertencia a Gian, cujo sorriso marcante estava sempre adornando o rosto jovem que, agora, estava desfigurado e sem vida.

— Concentre-se em manter o círculo ativo. — Virnan pediu, mas a mestra já estava a caminho da luta ea guardiã teve de segurá-la. — Preste atenção, Marie!

Virnan a puxou para o lado quando Fenris foi empurrado na direção delas. Em meio à luta contra o novo inimigo, o cavaleiro tropeçou nos próprios pés e caiu sentado no chão. Ele se ergueu, trincando os dentes pela fratura exposta no braço esquerdo, resultado de um golpe anterior. A couraça dele não foi capaz de resistir à ponta rígida dos tentáculos e exibia um buraco profundo, que vertia uma grande quantidade de sangue.

Do outro lado do círculo, Melina expandiu a aura mágica para proteger Fantin e ela, mas não escapou de sofrer um golpe nas pernas antes disso.

Verne decepou um dos tentáculos do novo demônio e recuou alguns passos para escapar de outros. O movimento o fez vítima daquele que já estava preso e viu-se com um tentáculo enroscado no pescoço. Ele tentou cortar aquele que o prendia, mas a criatura enroscou outro na mão com a espada até que os ossos estalassem e o badir soltasse a arma.

Fenris reassumiu seu lugar na luta, enquanto Távio corria em socorro do Lorde.

— Não pode encerrar a conjuração enquanto eu não disser! — Virnan insistiu, obrigando Marie a se concentrar nela. — Nem deixe que a magia fraqueje ou teremos mais dessas coisas aqui dentro!

A princesa a puxou para si, livrando-a de um golpe que seria mortal, caso tivesse lhe atingido. Virnan lhe sorriu, grata, então a empurrou em direção ao escudo de Melina, tomando-lhe a espada das mãos.

— Essa coisa é enorme e muito forte — a grã-mestra falou para elas, forçando a expansão da aura mágica para envolvê-las também.

A guardiã concordou com um balançar ligeiro de cabeça.

— E é por isso que eu odeio sugadores! — Gemeu para o vazio, preparando-se para abandonar a proteção e atacar a criatura, enquanto assistia Fenris ser atirado contra o escudo mágico.

A Ordem: O Círculo das ArmasWhere stories live. Discover now