Em meio à tempestade

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*

— Você me parece muito ansiosa por sangue! — Virnan falou para a irmã.

As asas de Lyla se estenderam e ela planou por alguns metros antes de batê-las novamente.

— Esta não seria você? — Respondeu.

Havia transmutado para um pássaro maior do que fazia normalmente. E, assim, permitiu que Virnan pudesse montar em suas costas.

— Creio que as duas estão — a castir declarou.

— Você está louca por vingança!

— E você não?! — Ficou de pé e deixou-se cair.

As tatuagens em seu corpo brilhavam, oferecendo uma proteção ao espírito. Coisa que, infelizmente, não teve tempo de fazer durante a luta com Lorde Axen.

Enquanto despencava dos céus, visualizou Marie e os outros, finalizando o campo neutro. Aumentou a resistência do ar para suavizar a queda e focalizou o grupo de sombras que marchava em direção à fortaleza.

Para dar mais tempo para a conclusão do ritual encabeçado por Voltruf, ela retardou o avanço das sombras convocando o auxílio de espíritos do ar. Que atraíram a força da tormenta para o local onde eles estavam, fazendo a chuva forte aumentar o volume de água do rio e impedindo que eles o atravessem por um tempo.

Contudo, foi uma solução temporária, já que as Sombras possuíam uma grande quantidade de magia e logo encontraram uma forma de ultrapassar a barreira imposta. Então, Virnan se adiantou ao plano e foi até eles.

Ela pousou bem no meio do grupo, fazendo a magia jorrar para fora de si intensamente. O impacto foi tal, que uma pequena cratera se formou no local e os seres próximos foram lançados à metros de distância. A castir correu em direção ao primeiro oponente, aproveitando o breve momento de surpresa. Não teve escrúpulos de lhe cravar a adaga no peito, enquanto ele ainda estava no chão.

Era um inimigo a menos, só isso.

**

Algumas centenas de metros atrás, Marie obrigou-se a se concentrar na tarefa que desempenhava. O medo revolvia suas entranhas, agora que Virnan estava lutando contra as Sombras e ansiou encerrar o ritual logo.

— Ela ficará bem — Voltruf afirmou, como se lesse seus pensamentos. — Apenas dedique-se ao que estamos fazendo. Quanto mais cedo terminarmos, mais rápido poderemos ajudá-la.

A mestra lhe dirigiu um inclinar de cabeça e retornou a atenção o que fazia, moldando o solo sob seus pés com a ajuda e orientação de Bórian.

***

— O que exatamente um campo neutro deve fazer? — Emya indagou.

Entre a agitação de traçar os planos para a investida e a pressa de realizá-lo, limitou-se a apenas observar e não atrapalhar.

Ela observava a silhueta da irmã, ao longe, executando movimentos ritmados com as mãos, onde fios dourados adornavam os pulsos. A magia que ela e o resto do grupo manipulava, criava círculos luminosos no chão onde, a cada novo movimento ou palavra proferida, símbolos estranhos se formavam e desapareciam.

O mago Anton, que estava um passo atrás do comandante Guil, que a ladeava, respondeu:

— Não é algo comum nos dias de hoje, onde a magia começa a se tornar escassa. Mas em tempos antigos, costumava-se criar esse tipo de local para "igualar" o poder de exércitos. Resumindo, todo mago que nele pisasse seria privado da magia, enquanto ali permanecesse. Esse tipo de campo também bloqueia investidas externas.

A Ordem: O Círculo das ArmasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora