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LIEVE OLIVARAS sempre se considerou uma garota de dezoito anos que lidava muito bem com multitarefas, porém carregar a gaiola de sua coruja e quatro livros de astronomia com apenas dois braços parecia ter se tornado uma tarefa muito complicada no momento.
Na estação nove três quartos não poderia enxergar nada além de um mar de cabeças e fumaça esbranquiçada saindo pelas chaminés do trem vermelho, preto e dourado que jazia repleto de passageiros.
O patriarca da família Olivaras segurava a filha pelos ombros enquanto caminhavam pela multidão, como a primeira vez já que nunca acreditou que sua garotinha havia crescido tanto. Sua esposa o seguia com uma rapidez inimaginável.
— Pegou o casaco e as suas canetas novas de penas? — Questionou a mulher loira, empurrando sua bagagem pesada com o famoso brasão de Hogwarts. — Ah, e espero que não tenha esquecido seu cachecol que fizemos na semana passada.
— Tudo está aí mãe. — Resmungou a garota, tentando se concentrar em não derrubar seus livros e sua coruja no chão. — Não se preocupe, eu já conferi duas vezes.
Desviou de um garoto do primeiro ano que chorava abraçado á sua mãe em uma despedida calorosa, o sapo gosmento e esverdeado em sua mão esquerda quase despencando.
Pararam na porta de entrada para o trem aonde diversas crianças e jovens se espremiam para passar, tudo parecia estar uma bagunça. Lieve se odiou imensamente por sua sede de conhecimento (e seu amor por bebidas alcoólicas) tê-la obrigado a pegar livros para ler durante o percurso.
— Eu preciso ir agora, acho que estou um pouco atrasada. — Advertiu para sua família, quase derrubando a gaiola da coruja no chão. — Tentem tirar o vovô daquela loja um pouco. Podem fazer uma viagem quem sabe.
— Duvido que ele queira sair, mas nunca é tarde para convencê-lo. — William Olivaras alisou o seu bigode perfeito no queixo, pensando se iria conseguir tal feito ainda naquela semana.
— Nos envie uma coruja assim que chegar, entendeu? — Exigiu a mãe, colocando as mãos em cada lado do cabelo escuro como trevas. A filha balançou a cabeça em concordância. — E não se transforme em outra pessoa ou destrua a sala de alguém.
— ... — Ela resmungou. — Eu juro que não quis fazer aquilo na sala da professora McGonagall, estava tentando acertar a do Filch.
— Então tente acertar desta vez. — Sussurrou o pai, murmurando algo quando recebeu um tapa na nuca por parte de sua esposa. — Tudo bem, apenas faça o que a sua mãe mandou.
— Ótimo. — A loira deixou um sorriso escapar, se inclinando para abraçar a filha com cuidado já que a menor continha diversos objetos em seus braços. — Tome as suas vitaminas e se sentir alguma coisa, qualquer coisa, vá até a enfermaria ou até o professor Dumbledore.
