• Capitulo quarenta e cinco •

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Imperatriz narrando....

Dizem que, a uma certa idade, nós as mulheres nos fazemos invisíveis.

Que nossa atuação na cena da vida diminui e que nos tornamos inexistentes para um mundo onde só cabe o impulso dos anos jovens.

Eu não sei se me tornei invisível para o mundo, mas pode ser. Porém nunca fui tão consciente da minha existência como agora, nunca me senti tão protagonista da minha vida, e nunca desfrutei tanto cada momento da minha existência.

Descobri que não sou uma princesa de contos de fadas, descobri o ser humano sensível que sou e também muito forte.

Com suas misérias e suas grandezas. Descobri que posso me permitir o luxo de não ser perfeita, de estar cheia de defeitos, de ter fraquezas, de me enganar, de fazer coisas indevidas e de não corresponder às expectativas dos outros.

E apesar disso… gostar de mim
Quando me olho no espelho e procuro quem fui… sorrio àquela que sou…

Me alegro do caminho andado, assumo minhas contradições. Sinto que devo saudar a jovem que fui com carinho, mas deixá-la de lado porque agora me atrapalha.

Seu mundo de ilusões e fantasias, já não me interessa. É bom viver sem ter tantas obrigações.

Que bom não sentir um desassossego permanente causado por correr atrás de tantos sonhos.

A verdade e que toda mulher carrega a síndrome de Walt Disney em si.

E eu estava ligada que a partir daquele momento,  que minha vida ia mudar pra sempre que partir dali eu tinha que tomar uma decisão.

Caralho, não e só eu que tô fudida não — A pequena diz e da dois tapinhas no meu ombro, e eu reviro os olhos — Vai fazer o que agora mana?

— Me afastar — Ela arregala os olhos me encarando.

Como assim imperatriz? Que papo torto e esse?

— Não sei, só não comenta com ninguém.

Trepo na moto, já era noite, parti pra boca e encontrei meu pai e um montão de vapor ao redor.

— Pai o que tá acontecendo? — Todos me encaram e meu pai vem até mim.

— Vamo trocar uma ideia ali rapidinho — Subimos a lage e eu viro e frente pra ele cruzando os braços.

— Diz aí

— Encontramos a localização onde sua mãe possa estar — Ele diz e eu encaro ele por um tempo.

— Encontraram agora? Eu já sabia a muito tempo — Encaro ele — Minha mãe morreu naquela invasão, acho bom o senhor aceitar isso pai.

Não fala isso filha, sua mãe tá viva...

— Pai por favor, senhor não acha que se ela estivesse mesmo viva, ela já não teria procurado a gente a muito tempo?

— Imperatriz, você...

— Não vem com esse papo de você, o senhor já me escondeu muita coisa, eu não quero participar disso, não me de esperanças sem ter a certeza — Desço as escadas da lage, e vejo geral afobado — Tá rolando o que tio?

— Patrão imperatriz, tem herdeiro chegando — Rubinhp diz animado e segue uns menor lá, então e verdade a Patrícia tá grávida.

Vejo o tio grego passando e vou atrás dele.

— Tio — Ele para me encarando — Quem tá tomando conta da sede do CV?

— Perigo e Terror porque?

— Tô indo pra lá — Ele assente me encarando e respira fundo.

— Vamo eu te levo lá — ele sai da boca e eu sigo ele até o carro.

Entro e visto o sinto e ele faz o mesmo, e da partida no carro, o caminho estava sendo silencioso, mais toda hora eu sentia o meu tio me encarando.

— Fala aí o que o senhor que falar — Ele da uma risada nasal, e balança a cabeça em negação.

— Tá saindo do morro por qual dos dois motivos?— Encaro ele que faz uma curva brusca — Te conheço muito bem, alias conheço as três muito bem pra saber quando tem algo incomodando.

Fico quieta abrindo e fechando a mão vagamente.

— Sabe, quando sua tia, mãe da Baronesa, resolveu ir embora eu não a julguei, seria bem melhor pra ela, ela não servia pra viver nesse mundo Mirian, no nosso mundo, vida de bandido não e morango não, uma hora ou outra você sempre comete um deslize, eu cometi com minha própria filha, fui um idiota e não quis aceitar a gravidez dela, mais você tava lá, assim como a baronesa, não importa o que acontece comigo ou com seu pai e o van, mais vocês dão a vida pra tentar tirar a gente de alguma roubada.

— Família e a base de tudo, do que adianta ter dinheiro, esbanjar e não ter ninguém pra te apoiar — Ele ri.

Esse e o erro imperatriz, família e a base de tudo, mais nem todos vão te apoiar, nem todos vão concordar com o que você decidir e na maioria das vezes vão te julgar

— Tio não tô entendendo o aonde o senhor quer chegar?

— Você ta triste por causa do caso do Tizil lá, e tá ainda mais triste porque todas as vezes que você coloca esperança em uma coisa, eles sempre jogam um balde de água fria em você e mostra como e o mundo real de verdade...

— Eu não sou assim..

— E sim, e uma das qualidades que só nos dois temos, você acha que eu sempre fui esse grosso que todo mundo fala? Que o seu tio van sempre foi uma lenda, o famoso torturador, ou que seu pai sempre foi o chefão? A gente foi igual você e as meninas, só quero que você entenda algumas coisas acontecem com a gente as vezes machuca? Machuca, mais e pro bem e pra mostra que talvez esse seja a realidade e que tá na hora da gente deixar de viver esse conto de fadas.

— Ta isso tá muito estranho — Ele ri e diminui a velocidade me encarando.

— Vamos ao fato então — Bate os dedos no volante do carro lentamente enquanto a gente para em um semáforo — Você colocou esperança em reencontrar sua irmã, falei pra você desistir, mais você não me ouviu, colocou esperança, e foi expulsa da casa da mesma com uma arma apontada pro seu peito, confiou no teu pai e ele mentiu, o que foi pro seu bem — Reviro os olhos e cruzo os braços — Colocou esperança em ter algo com o Tizil — ele ri de lado — Eu sei que tu gosta dele, adianta nem esconder teu pai e seu tio podem ser burros pra essas coisas mais eu não, e agora uma das meninas que ele pegava aparece grávida e você não sabe o que fazer porque também tá grávida dele — Arregalei os olhos encarando ele que ri e acelera o carro quando o semáforo fica verde.

— Foi a pequena que te falou né? — Ele balança a cabeça em negação — Então como o senhor sabe?

— Cuido da segurança sua e das meninas desde que me entendo por gente, acho que só porque tava ajudando um morro que eu ia parar? Tô de óculos não Mirian, tô ligado de tudo que acontece com você e com as meninas, eu só não soube que a pequena estava grávida antes porque a desgraçada foi mais esperta que eu — Ele ri — Fazer o que e minha filha — Dou uma risada com ele e ele entra no morro onde ficava a cede — Relaxa eu não vou contar pra ninguém, mais um conselho de um pai que quase matou a filha, e bom você falar nem que seja só pro seu pai, não pode guardar isso só pra você, porque o tempo passa e a barriga cresce — Ele para em frente a casa do meu pai e eu Assinto dando um beijo na bochecha dele.

— Vai voltar pro morro? — Ele assente e eu saio do carro me despedindo e entro em casa.

Continua

Imperatriz |Trilogia Família Do Poder Vol1Where stories live. Discover now