• Capitulo Dois •

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Rio de Janeiro, 40 graus, 14 de outubro de 2020, 02:45 da tarde, Nova Holanda.

Imperatriz na voz...

— Paizinho lindo do meu coração — digo e vejo meu pai reclamar algo inaudível, como sempre, ela já percebeu que eu quero algo.

— Manda o papo logo Mirian, sem enrolação  — ele diz sério com aquele jeito grosseiro dele que nunca muda.

—  Credo pai — me sentei a cadeira na frente dele, e juntei as mãos enquanto ele me encarava serio — só queria saber quando que as meninas vão chegar? — pergunto e ele revira os olhos e me encara com deboche —  Tá! Eu queria dinheiro para poder comprar roupas, meu guarda-roupa está podre — ele me olha como se falasse "eu sabia".

Lúcifer: As meninas vão chegar amanhã de manhã — diz se levantando é mexendo no bolso da bermuda — e toma não enche o saco — diz jogando um bolo de notas de cem em mim, saindo é me dando um beijo na minha testa.

Bipolar do caralho, nunca vi desse jeito, na rua e mil vezes pior.

Reviro os olhos pegando a chave do carro dele, escondido porque ele odeia quando eu saio com as coisas dele, e saio na ponta do pé pro shopping.

Minha relação com meu pai sempre foi boa, até porque eu perdi minha mãe com cinco anos, para o PVLI, que tentou de alguma forma atingir meu pai, e todo o comando.

Naquela noite eles queriam me levar mas a mamãe foi mais esperta e me escondeu no guarda-roupa no quarto dela, eu vi quando a pegaram e levaram com eles, essa cena nunca saiu da minha cabeça.

Apenas uma vida agitada por ser a filha do comandante do FPD, não é mesmo?

Quem comanda é sempre da nossa família, como muitos falam "e sempre o sangue Rocha" e como se isso fosse passado de geração pra geração, aliás é isso que acontece.

Hoje quem comanda é o meu pai (Marcos), o tio Marcelo e o tio Maicon, é aí está mais um costume esquisito da minha família, todos nós a partir da geração do meu avô só tem nome que começa com a letra "M".

Meu pai e o tio Marcelo não teve outro filho ou filha, ou seja, eu e a Maria somos filhas únicas, por isso tem muito preconceito no comando e todas as vezes que eu ou ela resolve dar as caras nas reuniões e sempre as mesmas piadinhas "Mais ela é menina" "tem certeza, tipo uma mulher?" "Será que ela vai conseguir comandar bem igual ao pai?".

E isso é muito chato, tentamos não levar tudo pro coração, sabe entender e levar na esportiva, mas as vezes é horrível e difícil ver toda essa descriminalização com a mulher.

O irmão da Mirella o Rodrigo virou dono de morro, já que não quis se envolver com coisa mais pesadas, faz oito anos que não vejo ele, deixei de ver todos, na verdade, foi quando meu pai começou a pegar no meu pé por causa do comando, então cada um seguiu seu rumo.

Esse ano o papai e o tio Maicon com o tio Marcelo, vão se aposentar deixando o comando nas mãos da Mirella, Maria e pra mim.

Cada uma tem seu cargo, e uma responsabilidade muito enorme porque vamos pegar os cargos mais importantes, por isso nós últimos oito anos tiveram que me separar das meninas, para cada uma ter seu treinamento sem nenhuma distração.

A Maria foi para a Alemanha, onde recebeu um treinamento específico, desde pequena a Maria sempre foi muito boa em lutas e com armas. Então seu treinamento já foi mais pesado para esse lado, claro que cada uma tem que saber fazer de tudo um pouco, mas também tem que se "estabilizar" em uma área.

A Mirella tem a mão leve e consegue facilmente mudar a tua cabeça fazendo você acreditar no que ela quer, ou seja, ela é ótima em lábia, e sem falar que a filha da puta é ótima em computação, racker de primeira mão como o pai dela costuma dizer.

Já eu, bom, não tenho muito o que falar, só que sou ótima quando o assunto é veículos, uma ótima piloto de fuga, e tenho um tal de sexto sentido igual meu pai, consigo ver o se a pessoa está mentindo ou falando a verdade só de olhar nos olhos dela, e quando eu sismo com algo é difícil de tirar da minha cabeça viu, memória fotográfica, consigo lembrar de tudo que eu já li, fiz, ouvi ou vi, pequena também e assim, outra coisa que eu posso dizer ser de família, muito louco esse lance da hereditariedade.

Antes do meu pai e meus tios se aposentarem vão dar um baile funk anunciando que eu e as meninas vamos ser as "Herdeiras" onde todos vão saber quem somos.

Os únicos que sabem que eu e as meninas somos as herdeiras são apenas os mais íntimos e de segurança, depois do que rolou com a minha mãe, segurança sempre é muito bem-vinda.

[...]

Chego em casa depois de passar a tarde toda no shopping e encontro o meu pai e meus tios na sala conversando sobre algo, que eu julgo ser importante já que meu pai está com a cabeça baixa com a duas mãos juntas em forma de arma encostada na testa.

Assim que fecho a porta eles me olham é eu pude perceber que a coisa não estava bonita não.

sobe pro teu quarto, junta tuas coisas e vai dormir, preciso de tu aqui amanhã as seis da manhã — Lúcifer meu pai diz, e quieta eu estava quieta eu fiquei, ele está de mau humor desde quando acordou, sou filha dele bato de frente com ele em diversos assuntos mais ainda sim, não tenho a minima coragem de dizer algo quando ele está assim.

 Apenas fiz um aceno de cabeça para cumprimentar meus tios que devolveram o aceno, e subi pro meu quarto e fiz as malas assim como ele mandou tomei um banho e me deitei na cama só de lingerie mesmo. Quando escuto meu pai gritas.

— Arruma uma mochila só com os mais importantes, tu vai sair de moto — Me levanto mais uma vez é arrumo uma mochila pequena com o essencial.

O que será que tá acontecendo de tão importante que meu pai quer falar comigo amanhã tão cedo.

E em meios a tantos pensamentos eu acabei pegando no sono.

Continua

Imperatriz |Trilogia Família Do Poder Vol1Where stories live. Discover now