• Capitulo um •

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Rio de Janeiro, 40 graus, 16 de outubro de 2020, 01:30 da tarde, Morro da Rocinha.

Tizil na voz...

— Col foi mete fundo, tá deixando a desejar em caralho, vou logo dar meu papo, tem segunda chance não dessa vez passa, mais deixa chegar no meu ouvido que tu tá fazendo isso de novo pra tu ver, te pago quatro a quatrocentos todo mês pra tu agir na vacilação não filhão, ou tu abraça ou tu é abraçado, meu papo tá dado, agora some da minha frente porra — digo já irritado, odeio quando chega no meu ouvido que tem vapor meu mexendo com as mina, po ainda mais quando eu sei que é mina direita, que nunca andou arranjando problema, e eles sabem que o bagulho comigo e mais embaixo, comigo vacilão não tem vez, tá no erro? E cobrado pra ficar de exemplo.

Bagulho é louco, vida de bandido não é fácil não, o crime não e um pote de maionese po, isso aqui é pior que labirinto tu entra e tu se perde se não souber entrar na linha, já vi muitos caindo aí por olho gordo tá ligado.

Sempre disse que é necessário a pessoa ter ambição, sem ambição você não sai do lugar, você corre atrás daquilo que você quer, agora olho gordo não, olho gordo e tu não ter e invejar o que o outro tem, se tu tem tempo pra invejar o do outro então tu não tem ambição suficiente pra correr atrás do que tu quer.

Vai buscar o que é teu menor, sem essa de olho gordo, isso só te leva pro fundo do poço.

Enrolo a ceda olhando pra baixo da laje vendo o morro todo daqui, boto pra subir , quando do nada o idiota do pitbull sobe na laje.

Tudo começou depois que eu levantei o seu vestido no paredão do baile, a bunda dela e a verdadeira obra de arte... — ele cantarola chegando perto e puta merda ele sabe que eu odeio isso, ninguém e cantor nesse caralho não po, estragando a porra da música — Ae patrão os verme mandaram outro sinal falando que vai invadir po, já é a quarta vez que eles ameaça, só essa semana — diz se sentando no caixote ao meu lado.

— Que nada não, tu sabe que cão que ladra não morde, e deixa eles vim po, tão sendo homem pra ameaçar, quero ver se vão ser homem pra bater de frente, eles tem e muita lábia, mais na hora do vamo ver corre tudinho — digo jogando a bituca do cigarro no chão pisando em cima — E o Ratatouille já deu sinal — ele balança a cabeça em negação, e vejo me chamarem no radinho.

Pó patrão, o Dinegro tá aqui querendo soltar o verbo contigo, deixo subir? — Esses filha da puta acha que tem passe livre no morro. Sobe não, verme comigo não tem vez, sem simpatia, não e bala que eles dão? E bala que eles recebem pô.

Deixa não dói dói, tô descendo, quero porra de bota no meu morro não — digo colocando o rádio na cintura e encarando o Pitbull que balança a cabeça em negação.

— Isso ainda vai dar uma merda do caralho — Respiro fundo, claro que vai sempre dá.

— Tu ainda dúvida?

Dinegro é o Tenente da BOPE, já tão ameaçando subir essa merda, que que esse filha da puta quer aqui? Vou entender legal não, se vier de gracinha vai ficar Pegado lá na contenção mermo, e foda-se quem tiver naquela porra.

Pego meu fuzil descendo da Lage trepando na minha moto descendo pro pé do morro, tava movimentado hoje po, todo mundo descendo pro trampo, comprimento alguns e dou um salve pra Patrícia que ia descendo o morro provavelmente indo pro salão.

Chego na barreira e encontro o arrombado encostado no carro mexendo no celular, chego perto dele, que me olha e guarda aquela merda.

— Fala tu, e é melhor ser rápido porque minha paciência já foi pra casa do caralho.

Seguinte, milícia tá em cima de tu, fizeram um tipo de trato com o PVLI, tão atrás da sua cabeça, conseguiram um informante no FPD, e parece que fizeram a cabeça do Lúcifer lá e vai sobrar pra tu — disse tudo de uma vez só, quase não entendi essa merda.

Sei que ele tava certo mais também não podia bombear não, mês passado matei um dos patente alta lá do PVLI, desde então tão no meu pé com sangue nos olhos. Só não entendi o porquê do Dinegro tenente da BOPE tá aqui falando comigo.

— Tá e o que tu tem a ver com isso? Porque tu veio me avisar? — pergunto e ela dá um sorriso forçado de lado coçando a nuca.

Lúcifer que a minha cabeça cara, fiz um trato com ele, agora sou informante, vou ter que sair da milícia po, já perdi minha filha caçula posso perder mais nada não, esse era minha última parte do trato com o Lúcifer vim te falar isso, e dizer que ele tá mandando três pessoas de confiança pra te ajudar, porque o que tá vindo é Bagulho sério — diz e volta pro carro — Falou aí Tizil, fé pra tu — entrou no carro e foi embora.

Fiquei palmeando até perder ele de vista, trepei na minha moto e subi pra boca de novo, se o Lúcifer vai mandar reforço e porque o negócio e sério mesmo, e melhor eu ficar preparado também po, tô ligado que ele vai da um esporro feião.

Tô nessa vida mais não é por querer não, entrei pra ajudar minha coroa com os remédios do meu pai.

Mais nem tudo é como a gente pensa, como a gente planeja tá ligado, comecei como aviãozinho, vendia de esquina em esquina, e daí só fui subindo de cargo, até meu pai morrer, depois disso tentei sair, passar mais tempo com minha coroa que já estava com nível avançado de câncer, mais ceis acha que eu consegui? Consegui não po.

Você entra no crime pensando que vai ser só por um tempo, até tudo se acertar, quando você vai ver já tá envolvido até o pescoço, nessa vida você só tem uma certeza, que vai acabar com uma bala na testa, ou espalhado em pedaços por ai.

Cheguei na boca e entrei pra umas das salinhas onde o pitbull tava mexendo nos Bagulho da contabilidade.

— É aí patrão qual é o BO — disse ainda sem tirar os olhos dos papéis na mesa, aonde ele anota quem tá devendo os Bagulho.

— PVLI parceiro, se prepara e avisa o dói dói, Lúcifer vai mandar três homens de confiança pra ajudar nois aqui, porque o Bagulho vai ficar louco.

Digo e saio da sala subindo pra Lage e sentando em um dos caixotes e enrolando a ceda olhando pra baixo, e pude ver o dóidói chegando na moto dele e entrando.

Depois de uns 20 minutos ele chegou aqui na Lage e sentou do meu lado, olhando pra baixo.

Dói Dói: Que que a gente faz agora em patrão — ele diz bolando um baseado pra ele.

— Agora a gente espera né porra, esse caralho já fudeu a gente de tudo quanto é jeito, e andar na linha pra não aborrecer o Lúcifer e ficar na espera da milícia ou do PVLI — digo e ele balança a cabeça em confirmação, quando do nada vejo três motos chegando no pé do morro e subindo sem minha permissão — que porra que tá acontecendo ali dóidói.

Pego o rádinho pra falar com os vapor da entrada do morro, mais vejo as três motos parando em frente a boca e já entrando com tudo, só dá tempo de descer da Lage e ver o que tá acontecendo.

— Que porra é essa aqui?

Continua...

Imperatriz |Trilogia Família Do Poder Vol1Onde histórias criam vida. Descubra agora