📍𝑭𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂 𝒅𝒂 𝑹𝒐𝒄𝒊𝒏𝒉𝒂 - 𝑹𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑱𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒐
Entre tiros trocados e vidas em risco, entre choros de inocentes e mortes de culpados, e escolhas desumanas, perdas e ganhas, amigos de verdade e lobos em pele de cordeiro eu nasci.
No...
16 anos antes, dia 11 de Março. Narrado por Layla.
— Qual e vamos logo, já pegamos todo mundo tão aí ainda porque? — Escuto o tenente Borges entrar no galpão e logo os passos ficando mais próximo — Gente esse lugar cheira mal, como vocês conseguiram... — Para de falar assim que fica do meu lado.
E eu desmorono caindo ajoelhada no chão, colocando as mãos no rosto e começando a chorar.
— Essa não é.....
— A minha irmã — Digo entre soluços, e ele se abaixa me abraçando e me mantendo de pé, enquanto o Rezende vai até lá, mais no meio do caminho para e sai correndo em outra direção, apenas me abaixo encostando os meus cutuvelos no chão e deixando as lágrimas tomarem o meu rosto.
— Pare de chorar major, tua irmã e loira? — Rezende pergunta e eu olho pra ele que vinha com ela no colo totalmente desacordada.
— Vamos sair daqui, não é seguro, vocês dois vem comigo vamos levar ela pro hospital — Borges diz, me levanto um pouco mais calma e Encaro ela, que estava nos braços do Rezende.
Porque eu fiquei tão emotiva assim só de pensar que ela estava morta? Eu nem a conheço direito.
Entramos no carro e eu fui atrás com a cabeça dela no meu colo enquanto o Rezende e o Tenente iam na frente o mais rápido possível.
Ela estava horrível nem queria imaginar o que ela passou, seus cabelos estavam curtos até o ombro praticamente, ela tinha feridas aberta por todo o seu corpo.
Marcas de faca, canivete e tudo que fosse cortante, o tanto que ela estava sangrando era assustador.
Assim que param o carro e tiram ela do meu colo eu me desespero.
— A CABEÇA DELA — Rezende me olha sem entender — Tá saindo muito sangue — Digo e ele olha pro meu colo e o banco do carro e respira fundo, andando o mais rápido possível para o pronto socorro.
Entro desesperada com ela, acho que por estarmos os três de farda, nos atenderam muito rápido.
Tento ir com ela mais a enfermeira me para.
— Não pode passar daqui moça, eu venho dar notícias — Eu queria rebater o que ela disse, eu queria dizer que eu iria acompanhar minha irmã, eu tinha que estar com ela, mais apenas confirmei com a cabeça e me sentei em uma cadeira qualquer que se encontrava ali.
O Tenente voltou pro batalhão ele tinha muita coisa pra resolver com os caras que ele pegou hoje, e o Rezende ficou aqui comigo me dando uma força, enquanto eu preenchia a fixa dela, que aliás eu não sabia quase nada a não ser o primeiro nome.
14 horas depois
—
Parentes de Mirian? — A doutora chama e eu me levanto rápido ela me encara, fazia horas que eu estava aqui, e não conseguia sair nem comer eu comi.
Perguntei se o Rezende poderia pegar o Theo na escolinha levar pro meu apartamento, onde a babá dele estaria esperando e o Rezende disse que iria.
— Sim eu.
— Ela precisou passar por alguns procedimentos cirúrgicos devido aos cortes profundos, costelas e o braço esquerdo estava quebrado — Assinto sentindo uma dor no peito e um nó se formar na minha garganta.
— Posso vê-la? — A médica me encara estranho e eu não consigo entender.
— Ela ainda está desacordada, e pra ser exata não sabemos se ela irá acordar — Naquele momento eu perco o meu chão minha respiração falha, e eu sinto meu coração bater desesperadamente no meu peito, acho que se ele fosse só mais rápido um pouquinho era capaz de eu ter um enfarte.
— Mais há chances?
— Ela bateu muito forte com a cabeça, ou bateram — Ela diz desconfiada e eu respiro fundo — Ela teve um traumatismo craniano, e sinceramente, ela pode sim acordar, a esperança é a última que morre né? — Assinto e ela me leva em um corredor até o quarto dela.
Seis anos depois
—Mandou me chamar? — Encaro a doutora Lorena Lemos, que em todo esses anos me ajudou muito com a minha irmã. Principalmente depois do segundo ano quando eles queriam, ELES QUERIAM REALMENTE QUE EU DESLIGA-SE AS MÁQUINAS.
Fiz maior barraco, e a Lorena me ajudou falando que ainda tinha esperanças e que aquilo era uma decisão minha, nenhum trabalhador da área da saúde poderia me forçar a nada, e aqui estamos nós indo pro sétimo ano.
Digamos que nós últimos três meses a Mirian tem se mostrado forte, já piscou algumas vezes e mexeu o dedo indicador, dizendo a Lorena isso é muito bom, mais hoje eu acordei com a chamada urgente dela me pedindo pra vir pro hospital.
— Você não vai acreditar — Ela me entrega uma papelada, e eu olho vendo um gráfico enorme cheio de linhas, verdes azuis e vermelhas.
— Que isso? Estatística de quem vai ganhar a presidência? — Ela revira os olhos e pega a folha da minha mão.
— Deixa de ser besta Layla, aqui o — Aponta para a linha vermelha — É os movimentos cerebrais dela nos últimos quatro anos — Ela me mostra e a linha não estava alta igual as outras era a mais baixa que tinha — Ela não tinha quase nada de movimentos cerebrais, essa aqui é do início do ano — Aponta pra verde da que já tinha subido bruscamente, estava bastante alta — Os movimentos cerebrais dela já tinha voltado ao normal, mais ainda não era suficiente para ela acordar — Assinto e ela aponta pra última linha que era azul — E dos últimos três meses, estava melhorando estava praticamente na média — Ela dá pulinhos e eu estranho essa atitude dela.
— Não era pra mim tá desse jeito aí, não é da minha irmã que a gente tá falando — ela revira os olhos e coloca a folha na mesa e puxa outra da máquina lá.
—É essa é a última que eu tirei hoje de manhã...
— Na hora que você me acordou, depois de um plantão noturno?
— Aí Layla para de ser chata cara, só me escuta — reviro os olhos e cruzo os braços e ela me mostra o papel, com uma linha azul bem claro — Já passou da média Layla...
— Isso significa?
— Que ela está praticamente dormindo pode acordar a qualquer momento — Areagalo os olhos encarando ela — EU SEI MINHA PRIMEIRA PACIENTE QUE ACORDA DE UM UM COMA DE SEIS ANOS.
— É.. Eu posso ficar com ela? — Ela assente.
— Claro que pode maluca, e tua irmã.
Continua
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