• Capítulo Oito •

7.1K 570 167
                                    

Imperatriz na voz...

Estávamos todos observando a Baronesa treinar os vapores, quando do nada o Águia aparece sobrevoando o morro.

— Tira o povo da rua, tira o povo da rua, TOQUE DE RECOLHER NESSE CARALHO AGORAA! — Tizil grita no radinho dele.

— Já é patrão — alguém responde do outro lado do rádinho.

Pitbull levanta rápido assim como o Tizil descendo o morro eu e baronesa faz o mesmo chegando na boca e dando de cara com a pequena.

Coloco um lenço preto no rosto, não posso correr o risco de me reconhecerem, em questão de segundos os fogos foram lançados dando início a invasão do BOPE.

Desci os becos com a Baronesa de um lado e a pequena do outro e o Pitbull mais o Tizil foram na frente.

Fui descendo o morro até dar de cara com três caveira me escorei na parede do beco na tentativa de me esconder e não ser atingida por alguma bala.

Começo a atirar contra, o meu maior medo aqui agora é acertar um inocente, esses filha da puta não respeita o povo não, tudo bem e o trabalho deles acabar com o tráfico ou pelo menos tentar.

Mais porque não fazem isso as uma duas horas da madrugada, tem que ser realmente as três da tarde, horário que as ruas estão lotadas, tem crianças na rua, as mercearias estão todas abertas?

Isso é a maior covardia do mundo, e quem acaba pagando o preço é sempre os moradores pessoas que muitas das vezes não tem nada haver com isso, e que sempre sofrem com essas decisões hipócritas do estado.

Eles tem dinheiro pra continuar com essa guerra burra no morro, mais quem disse que eles podem acabar com a fome? O Brasil é um país imundo mesmo.

Atiro contra um grupo de bota que estava de aproximando e eles se escondem atrás de um beco, continuo atirando e vejo que acertei um.

Sinto uma mão no meu ombro e viro de uma vez colocando o braço no pescoço da pessoa e encostando ela na parede.

— Calma aí tio sou eu — diz e eu reviro os olhos soltando ele é voltando minha atenção na frente.

Começo a atira em outro grupo de bota que começou a subir, acertei um tiro no estômago de um, e na cabeça do outro, e comecei a descer.

Horas depois.....

Os pau no cu começaram a recuar, e eu voltei pra boca aonde eles estavam fazendo a lista dos vapores que infelizmente não resistiram, e uma coisa muito triste de se ver, uma coisa totalmente desumana.

Olho pro lado e vejo o Doidoi chorando, me aproximo e dou um abraço nele.

— Atiraram no meu irmão cara, no meu irmão — diz chorando e eu levo ele até a laje onde não tinha ninguém — ele só tinha 11 anos imperatriz, tinha ido comprar refrigerante pra janta — diz e abraço ele mais uma vez, eu não sei o que dizer,sei que nessas horas as ações pode dizer bem mais que palavras.

Já ouviram favela vive 4? E exatamente o que ocorre aqui, mais tem gente que não acredita, dizem que é vitimismo. Na parte do cabelinho conta realmente o que ocorre toda vez que o estado "tenta" acabar com o crime.

Eu ouço tiros em doze por um, sirenes e latidos de cachorro, Deus, nunca vi finalidade dessa guerra burra que rola no morro.

A nossa revolta você só vai entender, quando uma bala perdida simplesmente achar você, me perguntaram um dia o quê que eu acho da UPP
A maior covardia que o governo foi fazer.

Só me diz pra quê? Melhorou o quê?
Mudou o quê? Quero saber, tem alguém pra me responder? Será que ninguém vê? Pelo amor de Deus, mais quantos vão morrer?

Playboy não sabe o quê que é um tiro de fuzil na hora da troca, atravessando a janela do seu quarto.

O povo aqui em cima pede socorro, indignado quando a bala come, eles têm grana pra guerra no morro, mas nunca consegue acabar com a fome, não

Eu luto por justiça até o final, por todos inocentes atingidos, depois perguntam na cara de pau, por quê que o menorzin virou bandido

Enquanto essa porra não mudar, O Estado vai ser recebido assim, com balas de AK, o Águia vai cair, Blindado vai enguiçar, O estado vai cair.

Pequena subiu a laje acho que com um copo de água com açúcar e entregou pro Doidoi, e logo depois o pitbull mais a Baronesa subiu também, e eu desci a laje.

Ia saindo da boca quando esbarro com o Tizil, fingo que nem vi e subo na minha moto subindo o morro o mais rápido que eu consegui.

Subo até o topo do morro, onde normalmente é um lugar vazio onde não se encontra ninguém, me encostei na grade enferrujada que tinha ali, acho que na tentativa de ninguém acabar escorregando e caindo lá em baixo.

O que não adiantaria muita coisa se alguém me empurra-se aqui cairinha fácil.

Deixo uma lágrima escorrer pelo meu rosto, normalmente invasões não me fazem chorar até porque eu já me acostumei mais hoje ver o Doidoi daquela forma me lembrou o dia da invasão em que a mamãe morreu, e todas aquelas lembranças, não me fizeram bem.

— Imperatriz?

Continua

Imperatriz |Trilogia Família Do Poder Vol1Onde histórias criam vida. Descubra agora