10. Fase I - Yabai

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Notas da autora: Olá, tudo bem? Gostaria muito de agradecer quem está apoiando minha repostagem e o carinho que tenho recebido de alguns leitores. Está sendo extremamente dificil para o meu psicológico precisar começar do zero e reescrever essa história que já estava na metade e apenas não desisti por esse suporte. Então, para os que estão aqui relendo e apoiando: obrigada mesmo, do fundo do coração.

Yabai: perigoso

Boa leitura :)

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Kagoshima, Sul do Japão – 20 de março de 1872

Ano 5 da Era Meiji


Um trovão irrompeu os céus de Kagoshima.

Quando as primeiras gotas de chuva caíram, ambos erguerem o rosto e apertaram as sobrancelhas. O mais velho deu um pigarro de desaprovação, cobrindo o topo da cabeça com um manto verde-musgo, resmungando ao encolher-se mais no banco. O mais novo, por sua vez, não pareceu se incomodar com a tempestade repentina, retirando a capa para deixar com que a água refrescasse o suor causado pela quentura de minutos antes.

Sentavam-se ao lado de fora de um pequeno restaurante – se podiam chamar aquele barraco dessa forma –, bebendo um bancha com um sabor mais amargo que o usual, os olhos atentos à movimentação das pessoas na rua, sobretudo o mais jovem que parecia não ter interesse algum na bebida, as orbes verdes perscrutando a agitação de pessoas que foram surpreendidas pela mudança climática.

E como se algo repentinamente houvesse capturado sua atenção, o rapaz deixou o copo de chá no banco e levantou-se, andando alguns metros para frente e mirando o chão enlameado, mexendo o pé em uma poça d'água, ascendendo o olhar até o horizonte. O mais velho franziu a testa, curioso com a reação do jovem e inclinou-se para frente a fim de ver melhor, sendo atingido no rosto quando o rapaz atreveu-se a bater o pé na lama.

— Que merda está fazendo, garoto?! – Limpou a face com as costas da mão esquerda.

Não houve resposta.

O rapaz sequer pestanejou em continuar seu caminho rumo à oeste da cidade, o rosto erguido para frente, como se propositalmente ignorasse a pergunta e a existência do companheiro que ainda não terminara de aproveitar o descanso. Contrariado, o outro deu um gole único e apressado antes de segui-lo, sentindo o chá quentíssimo queimar sua traqueia, sorvendo o ar com a boca aberta em uma vã esperança de aliviar a sensação dolorosa.

Acompanhando o garoto, olhou na mesma direção e não viu absolutamente nada que o pudesse ter alarmado daquela forma. Mães puxavam suas crianças pequenas para dentro de casa, comerciantes protegiam os telhadinhos de suas barracas com tendas feitas de tecido grosso para absorver a chuva e marinheiros se recolhiam nos navios para um cochilo, mas não havia sinais do homem que procuravam por ali.

— O que foi que você...?

Metros depois, o rapaz voltou a bater o pé na lama, dessa vez acertando o mais velho em cheio nas calças orgulhosamente limpas. Aquilo fizera seu sangue ferver a ponto de puxar o garoto pelo colarinho da roupa.

— Juro pelos deuses, Gaara – rosnou – Se não me disser que porra está fazendo, vou matar você.

O rapaz ergueu os olhos verdes e indicou a cabeça para a esquerda.

— Não deveria estar prestando atenção?

Yoki abriu a boca para responder "é claro que estou prestando atenção", mas não queria se complicar. Então afrouxou o aperto e limpou a garganta queimada, fingindo saber precisamente o que estava acontecendo por ali.

Kurushimi - A Gueixa e o Samurai (SENDO TRANSFORMADA EM LIVRO)Where stories live. Discover now