28. Fase II - Tadaima

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Tadaima: eu retornei, estou de volta.

Não esqueçam que a linha do tempo está atualizada para consulta, sei que são muitas datas e personagens para conseguir acompanhar e ela vai facilitar a compreensão de vocês :)


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Amar era estranho.

Uma amálgama de opressão e calidez, sufocante e, ao mesmo tempo, libertador; um sentimento complexo à altura da proprietária do seu coração: criatura instável capaz de transitar entre mil emoções em menos de um minuto. A amava, mas odiava aquela estranha vulnerabilidade de importar-se com alguém além de si mesmo.

E aquilo o amedrontou.

De fato, essa era uma constatação absurda a se fazer sobre Uchiha Sasuke, mas uma absoluta verdade em seu atual estado. Quiçá, aterrorizado. A consciência, inquieta, ampliando um estranho senso de responsabilidade por corresponder aos sentimentos dela, recordando-o dos deveres inerentes àquele vínculo recém-estabelecido.

Encarou as próprias mãos, espalmadas nas costas delicadas, comprimindo aquele corpo feminino em si para retardar o doloroso processo de separação que inevitavelmente viria. Não parecia correto estarem ali, duas ferramentas letais usadas para assassinar e machucar, atrevendo-se a tocá-la com esmero como se acaso fosse seu lugar de direito.

Não era. Nunca seria.

Inclinou o queixo para baixo, olhando a mulher aninhada em seus braços, tão tranquila que parecia quase adormecida. A cabeça apoiada em seu ombro, os olhos cerrados, os longos cabelos arrastando no chão abaixo deles e o fino kimono pendendo frouxo, revelando a ossatura delicada de sua clavícula. Ela se moveu minimamente, aproximando o rosto do pescoço do ronin, inebriando seus sentidos com o perfume dulcificado de suas madeixas.

Escuso de seu olhar, pôde admirá-la à sua própria maneira. Distanciando-se da mulher impecável que encontrara de manhã, aquela Sakura tinha uma tez ruborizada de suor, cabelos desalinhados e a postura vulnerável. Essa era a Sakura que fora beijada, que havia clamado por seu nome, gozado em seu colo, a que conhecera com as próprias mãos; a verdadeira, ocultada sob a deusa imaculada que fora forjada unicamente para ser a esposa de um general.

Sua Sakura.

O pensamento egoísta o pegou de surpresa e sentiu os ombros pesarem uma tonelada. Como poderia arrastá-la em sua jornada de autodestruição, quando não haveria nada além da miséria, violência e a inevitabilidade de abandono? Arrancá-la de seu mundo pacífico apenas para suprir suas vontades era sequestrar o resto de sua inocência.

Como se pudesse sentir o peso de seu olhar, Sakura abriu os olhos cor de oliva, inclinando o queixo em sua direção, seus lábios próximos aos dele, desejando se unirem outra vez como se dotados de vida própria. Inclinou o corpo para trás, endireitando-se em seu colo, os cabelos cor-de-rosa balançaram abaixo da cintura, encobrindo as mãos do ronin.

Ante o interesse que o Uchiha lhe dedicava, encolheu os ombros e desviou os olhos. Aquela reação peculiar o fizera franzir as sobrancelhas, intrigado. Suas bochechas queimavam em uma coloração escarlate e a boca se apertou em uma linha reta para velar um possível nervosismo.

Estaria envergonhada?

Em sua cabeça não fazia sentido que estivesse, especialmente após... Tudo. Não seria a intimidade entre duas pessoas uma forma natural de quebrar essas barreiras inconvenientes? Oh, mas sua compreensão sobre o comportamento feminino era somente comparável ao dela em combates: quase nula.

Kurushimi - A Gueixa e o Samurai (SENDO TRANSFORMADA EM LIVRO)Where stories live. Discover now