17. Fase II - Akai Ito

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Notas da autora: Você encontra o significado das palavras marcadas com asterisco (*), assim como de todos os sufixos usados (ex: -dono, -sama) em Glossário & Honoríficos.

Akai Ito: A crença de que amantes são ligados por um fio vermelho do destino que, de alguma forma, sempre os colocarão no caminho do outro em algum momento.

Boa leitura!



A abolição dos domínios dos samurais gerou repercussões políticas inimagináveis ao governo Meiji.

O poderoso clã Sô, de Tsushima, eram vassalos do rei da Coréia e se responsabilizavam diretamente pelas negociações diplomáticas e econômicas entre os dois países. Sendo assim, ao descobrir sobre a remoção dos privilégios da classe guerreira, a Coréia se sentiu pessoalmente ofendida e a Corte Real protestou, se recusando a aceitar qualquer relação com o Imperador Meiji.

Takamori Saigô, nascido em uma família samurai de baixo ranking, foi um dos principais apoiadores do novo governo e um dos maiores responsáveis pela restauração Meiji, participando diretamente da retirada de terras dos samurais. Em 1873, Saigô sugere a invasão da Coréia como uma forma de punição pelo comportamento do rei, mas o Imperador estava mais preocupado em investir economicamente em seu próprio país e recusou a ideia de iniciar uma guerra.

Sentindo-se completamente desrespeitado, Saigô sai do governo e retorna à Kagoshima onde, mais tarde, arquitetaria um plano para derrubar o Imperador que ele mesmo ajudou a coroar.

Em janeiro de 1877, motivados por esse sentimento de vingança e lutando em nome de sua honra, 15 mil samurais e ronins se uniram a Saigô e iniciaram uma guerra de oito meses contra o Exército Imperial Japonês. No entanto, a tropa liderada pelo General foi vitoriosa e cada um dos quinze mil samurais foram massacrados.

Essa guerra, que foi a última tentativa da classe samurai de protestar contra o novo governo, marcou, oficialmente, o fim da Era das Espadas e ficou conhecida como Rebelião Satsuma.


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Kagoshima, Sul do Japão – 10 de fevereiro de 1877

Ano 10 da Era Meiji


Uchiha Sasuke despertou com a estranha sensação de estar sendo sufocado.

Sobressaltou e abriu os olhos em um instinto de proteger-se e, ao fazê-lo, encontrou um homem com o semblante alarmado, a cabeça lisa e uma vasta barba negra a olhá-lo. A mão pesada, cujos dedos eram inteiramente tatuados, apertaram sua boca com tanta força que sentira os ossos de sua face estalarem. Ergueu o braço direito para atacá-lo, mas o homem erguera o indicador e o colocou sobre os próprios lábios em um sinal para que o ronin fizesse silêncio.

— Não faça besteiras – pediu, sussurrando – Meu nome é Ichi, sou amigo de Sho.

"E por que diabos está me apertando, então?", quis perguntar-lhe. E por que estava ali, em seu quarto, em primeiro lugar? E onde estava Sho?

Quis levantar-se, mas o homem o empurrou de volta no futon, virando o rosto para a porta, a mão direita abrindo lentamente o haori azul-escuro, expondo ali a wakizashi que carregava, resvalando o polegar em sua extensão como se prestes a atacar alguém do outro lado. O ronin empurrou a mão sobre sua boca e sentou-se na cama, intrigado com a forma que Ichi parecia concentrado em escutar algo ao lado de fora.

Kurushimi - A Gueixa e o Samurai (SENDO TRANSFORMADA EM LIVRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora