52. Fase III - Ichigo-Ichie

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Ichigo-Ichie: "Um momento, um encontro".
Como o carpe diem, essa expressão refere-se a aproveitar cada instante como se fosse o último de sua vida, algo como: "apenas desta vez e nunca mais".

Nota inicial: 

● Uma dedicação especial para a Verônica Lopes que está esperando esse capítulo há exatos 7 anos, obrigada por nunca desistir.

Música tema: Naked, Sabrina Claudio

● Aconselho vocês a lerem quando tiverem tempo e silêncio para aproveitar tudo sem distrações, porque sei que algumas pessoas leem parcelado, mas esse é um capítulo especial que não deve ser interrompido no meio.

● Ah, prevendo algumas perguntas que vocês me farão sobre como eles estão ai e como isso tudo aconteceu, peço apenas para que embarquem na narrativa desses dois adolescentes imprudentes (lembrando que ele tem 19 e ela 17) e se deixem levar por isso. Eu não queria estragar o clima com um monte de explicações, então vou explicar tudo depois, combinado?

● Na linguagem das flores, Gardênia significa "amor secreto" e lírio branco significa "castidade".

Como sempre: referência no pinterest na pastinha dos figurinos da sakura e em cenário.

Boa leitura!


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Kyoto, 17 de dezembro de 1877

Ano 10 da Era Meiji


Gardênias e lírios brancos.

Era uma hora da manhã quando pousou os olhos no delicado arranjo de flores brancas acima da penteadeira. Através da grande janela moldada por cortinas afastadas, era possível notar como a tempestade de neve havia se intensificado a ponto do vento uivar na pequena fresta e roubar o protagonismo que, até então, residia em absoluto no crepitar das chamas da lareira acesa no elegante quarto.

Era uma hora da manhã quando sentou-se na cadeira macia e tocou na pétala aveludada, querendo distrair o coração irrequieto que incitava sua insônia, temendo cair em sono profundo e despertar em outro lugar, em outra cidade, longe dali.

"E se for um sonho?", o pensamento pairava em sua mente desde o instante que partiu da estação de Kyoto e no momento fazia-se ainda mais intenso, sendo tão custoso acreditar que ambos estavam mesmo ali, sem impedimentos, obstáculos ou tragédias para separá-los dessa vez, uma efêmera liberdade que em breve cessaria de existir, sabia bem.

Encarou a si mesma no espelho e respirou fundo, lembrando-se do sorriso tímido da criada enquanto penteava seus cabelos após o reconfortante banho, vertendo os olhos para a aliança de pedras preciosas em sua mão esquerda para elogiar: "é um lindo anel, senhora Uchiha", inocentemente relacionando as informações que recebera do senhor Ueno àquela joia magnifica que reluzia ininterruptamente, agora jogada ao lado do vasinho de porcelana cheia de flores.

Um sorriso melancólico brincou no canto dos lábios vermelhos, querendo que aquele fragmento de realidade simulada permanecesse para sempre, o coração ainda tão pesado ao imaginar-se descendo as escadarias, transpassando a porta da frente e retornando para Tóquio, ao mundo real que tão desesperadamente tentava separá-los e machucá-los a qualquer custo.

— Senhora Uchiha — ecoou, baixinho — Uchiha Sakura.

Ainda desconhecia os detalhes do porquê retornaram para a casa do alfaiate, do porquê foram recepcionados pelos criados como se pertencessem àquele lar desde sempre, apenas aguardando para que eles retornassem, chamados de "senhor e senhora Uchiha" e acompanhado de um "bem-vindos!" com um grau de cortesia, prestatividade e respeito que deveria ser dedicado somente ao senhor Ueno e mais ninguém.

Kurushimi - A Gueixa e o Samurai (SENDO TRANSFORMADA EM LIVRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora